Por causa da pandemia, que fechou escolas e berçários, a logística imaginada pela executiva – e adotada com a primeira filha – mostrou-se inviável. Por outro lado, ela conta, agora, com uma ajuda extra de peso: a sogra que, por viver em Santos, no litoral sul de São Paulo, está quarentenada na casa da família. “Foi o que me salvou, porque ela fica com a Bella a maior parte do dia”, diz.
Mas as diferenças não são ocasionadas apenas pela pandemia. Muitas delas estão diretamente relacionadas ao momento da empresa. Quando Cristina engravidou da primeira vez, o Nubank era um recém-nascido. “Eu e 30 homens estávamos alocados numa casinha, com apenas dois banheiros. Eu pegava o carro e ia até minha casa quando precisava usar o toalete”, ri, dizendo que não era justo dividir os banheiros entre feminino e masculino já que ela era a única mulher da empresa.
“Aos nove meses, eu trabalhava sentada num banquinho de plástico com o computador plugado na tomada do microondas, na cozinha, porque os lugares melhores eram para os desenvolvedores, que corriam contra o tempo pra lançar a plataforma. Agora, na gravidez da Bella, até secretária eu tinha. É outra estrutura.”
A executiva reconhece, também, que ela era uma pessoa diferente, menos experiente no assunto, claro, e totalmente envolvida numa empresa que estava começando. “Eu praticamente fingi que não estava grávida. Agora, mais vivida e com o banco em outro momento, eu colocava o pé pra cima se fosse necessário”, conta. “Além disso, eu não tive licença da primeira vez. Dei à luz numa quarta-feira e, no segunda-feira seguinte, estava trabalhando. Dessa vez, eu fiquei seis semanas totalmente focada na família, até que a pandemia chegou”, lembra.
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Cristina lembra, no entanto, que nem tudo foi tão simples como parece. No início da pandemia, por exemplo, foi necessário entender o impacto que a crise poderia ter sobre os clientes do Nubank e como apoiá-los. “Esse foi o processo mais difícil. Tivemos que agir como no avião: colocar a máscara primeiro em nós para depois colocá-la nos demais passageiros. Precisávamos cuidar da saúde do nosso time para, só então, poder ajudar os clientes. Por isso colocamos todo mundo em home office praticamente de um dia pro outro. Foram mais de 1.300 cadeiras para a casa dos colaboradores.”
Depois foi a vez de entender qual era a real situação financeira do banco. Segundo Cristina, a captação feita em 2019 – US$ 400 milhões, em julho, do fundo norte-americano TCV, além de Tencent, Sequoia Capital, Dragoneer, Ribbit, Thrive Capital e DST Global, – estava intacta. “Além disso, já estávamos gerando caixa operacional há mais de dois anos”, diz.
Cristina diz, no entanto, de que não tem dúvidas de que a empresa vai sair dessa crise muito mais forte. Segundo ela, a operação, no geral, ganhou mais foco, mais eficiência e a certeza de que pode operar de forma remota, o que significa, entre outras coisas, poder contar com talentos onde quer que eles estejam. “Também desenvolvemos, muito rapidamente, um sistema de monitoramento diário de métricas, coisa que, até então, fazíamos em intervalos maiores. Isso vai nos ajudar a identificar problemas e oportunidades com muito mais velocidade e, consequentemente, tomar decisões de maneira mais ágil. Tudo isso, aliado à aceleração da transformação digital que estamos presenciando, só nos beneficia”, diz.
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A cofundadora do Nubank conta, ainda, que aproveitou a distância da operação do dia a dia para analisar alguns aspectos da companhia de uma maneira mais macro e que está, neste momento, promovendo alterações nos times para cumprir três principais objetivos até o final do ano. Um deles é sobreviver à tempestade, ou seja, garantir liquidez e capital, ter a inadimplência no foco e controlar os principais fatores que envolvem uma instituição do mercado financeiro.
Por fim, a executiva menciona a aceleração da retomada e o foco nas oportunidades que tendem a surgir nos próximos meses. “Está todo mundo empenhado em definir maneiras de voltar para um negócio que tinha uma trajetória grande de crescimento”, diz.
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