Com a negociação, a Tentei Voar vai fazer parte de um negócio que vai muito além das indenizações do setor aéreo, mas que contempla o mesmo modelo de atuação em outras áreas – como trabalhista, cível, consumerista e precatórios, responsabilizando-se por todo o processo e assumindo os riscos. Os valores, nestes casos, tendem a ser bem maiores. “A ideia é simplificar a vida de quem tem direitos, mas não sabe nem por onde começar a pleiteá-los, ou daqueles que, por qualquer motivo, não podem esperar a resolução judicial.”
“Em 2014, o mercado ficou muito ruim, com falta de investimentos de empresas estrangeiras e uma queda brusca nos financiamentos imobiliários. Por sorte, eu já tinha vendido quase tudo que tinha construído e estava capitalizado”, diz. “Essa situação me permitiu arriscar.” E foi isso que ele fez, desta vez com vistas ao setor de tecnologia. “Quebrei três startups”, lembra, rindo. “Perdi dinheiro, tive que devolver recursos captados aos investidores, desisti de uma ideia pela qual era apaixonado. Mas aprendi muito sobre negócios e evolui como pessoa.”
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Esse MBA da vida levou Khawali a se sentir pronto para lançar no Brasil uma ideia que tinha conhecido em Portugal. “Eu estudei o modelo de negócio e falei com alguns consultores e advogados para saber se ele se adaptaria ao mercado brasileiro.” Assim surgiu, em 2019, a Tentei Voar, que antecipa uma indenização para passageiros prejudicados por atrasos ou cancelamentos de voos e extravios de bagagem. “Muita gente não procura seus direitos por falta de tempo ou de vontade de recorrer às vias legais. O que fazemos é adiantar um valor que consideramos justo, e que varia dependendo do problema, em troca da cessão dos direitos. “Todos os custos envolvidos são nossos, assim como os valores das indenizações quando os processos chegarem ao fim.”
A partir daí, Khawali passou a investir em marketing de influência para aumentar a escala do negócio. “O Instagram foi fundamental para o negócio”, revela. Da porta para dentro, o processo foi automatizado, mas o contato com os clientes continuou sendo humanizado. “Nem todo mundo tem a facilidade de usar uma plataforma”, conta. “Esse atendimento personalizado acabou formando uma legião de promotores que, espontaneamente, nos promovem nas redes sociais.”
Desde sua criação, a Tentei Voar atendeu 1.700 clientes. No ano passado, faturou R$ 2 milhões, com margens que giram em torno de 70%. Sobre o futuro, Khawali diz que, ao final de um ano, terá a chance de decidir entre continuar e ser sócio do fundo ou sair. “Neste momento, o negócio está muito alinhado com o meu propósito. Mas também tenho uma veia empreendedora muito forte”, diz.
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