“Na época, a gente viu a internet, ainda 4G, e a fibra óptica se expandindo e percebeu que a tecnologia não seria mais um gargalo para as transmissões. A ideia era conectar os fãs aos artistas por meio de shows pay-per-view”, conta Daniel Arcoverde. “Na nossa cabeça isso fazia muito sentido, mas a verdade é que nem os próprios artistas entendiam muito essa proposta. Para eles, transmitir um show era se apresentar no palco, diante do público, e captar aquelas imagens. Mas a gente queria algo mais intimista.”
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Na época investida pela Wayra, hub de inovação da Telefónica no mundo e da Vivo no Brasil, a Netshow.me encontrou o ambiente ideal para testes de novos formatos. “Testamos crowdfunding recorrentes, live streaming também recorrentes e fomos experimentando modelos. Em 4 de janeiro de 2016 pivotamos e passamos a atender o mercado corporativo”, relembra o empreendedor. Naquela época, as empresas tinham muitos problemas técnicos para conduzir transmissões de kick offs de vendas, workshops, encontros remotos com o presidente e todo tipo de evento.
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Para aprimorar a oferta, a empresa estruturou uma área em parceria com as produtoras, de maneira a disponibilizar não apenas a tecnologia, mas também o trabalho de captação, entregando o pacote completo. “No último trimestre de 2016, quando passamos a atuar dessa forma, fizemos 90% do faturamento do ano todo. Em 2017, crescemos cinco vezes e, no ano seguinte, dobramos de tamanho”, conta Arcoverde.
O NETFLIX DO MUNDO CORPORATIVO
Em busca de alternativas, os sócios se depararam com a SignUp, startup de Natal (RN) que, ao detectar a mesma necessidade, havia criado um software para oferecer a solução em larga escala – os chamados OTTs (da sigla over the top, em inglês), ou seja, conteúdos transmitidos pela internet, ao vivo ou gravados, de forma personalizada, de acordo com a identidade visual e as necessidades da contratante. Uma espécie de Netflix ou Amazon Prime do mundo corporativo sem os custos das grandes empresas de mídia.
Em vez de desenvolver sua própria ferramenta, a Netshow.me então comprou, em março de 2019, a SignUp, integrou as plataformas e passou a oferecer a nova solução, no modelo software as a service, utilizada atualmente por empresas dos mais variados setores para os mais diversos fins. Um dos clientes, a B3, por exemplo, usa a ferramenta para customizar cursos gratuitos de educação financeira abertos a qualquer pessoa. Já o Santander usa a plataforma para disponibilizar materiais internos integrados à sua intranet, ou seja, com acesso restrito aos colaboradores. E há, ainda, as transmissões que funcionam via assinaturas, como a Copa do Nordeste.
A empresa registrou crescimento de 425% durante o isolamento social, fazendo com que a meta esperada para este ano passe de 100% para 200% e trazendo de volta até os shows com artistas, que podem, por conta própria, gerenciar toda a transmissão. “Outra demanda que aumentou muito foi a retransmissão de videoconferências”, conta, explicando que as soluções gratuitas disponíveis no mercado não contemplam um número muito grande de pessoas e, quando o fazem, cobram muito por isso.
O próximo movimento esperado pelos jovens empreendedores é a redução do tamanho dos eventos físicos, ou seja, com menos gente, no curto e médio prazo, inclusive para obedecer protocolos de segurança, e a continuidade das versões online com força no longo prazo. “A diferença de custos é absurda”, diz Arcoverde, lembrando que encontros presenciais maiores demandam, muitas vezes, despesas imensas com passagens e hospedagem dos participantes. “O modelo híbrido veio para ficar. De agora em diante, todo mundo que fizer um evento presencial, vai fazer transmissões ao vivo para atingir um número maior de pessoas. A experiência tem mostrado que os dois formatos podem – e vão – conviver lado a lado.”
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