EXCLUSIVO: Pixeon compra BoaConsulta para expandir operação

25 de setembro de 2020
Divulgação

Armando Buchina, CEO da Pixeon: acompanhamento da jornada do paciente de ponta a ponta

A Pixeon, empresa especializada em tecnologia para o setor da saúde, anunciou a aquisição do BoaConsulta, plataforma de agendamento de consultas, sistema de gestão clínica e telemedicina. A operação – cujo valor não foi revelado – tem como objetivo levar a atuação da companhia para além das clínicas, hospitais, laboratórios e centros de diagnóstico de imagens que atende atualmente com a oferta de soluções de gestão, incluindo o front end. A partir da integração das duas empresas, a Pixeon dará um passo no sentido de contemplar toda a jornada de atendimento do cliente.

“Esse movimento já estava previsto antes mesmo da Covid-19”, conta Armando Buchina, CEO da Pixeon. “Sempre achamos que haveria uma transformação grande no segmento da saúde, com o holofote nos pacientes. Isso acabou sendo acelerado com a pandemia.”

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Na prática, significa que além de controlar toda a operação a partir da chegada dos pacientes aos estabelecimentos de saúde, a Pixeon passará a ter acesso também a um passo antes disso, ou seja, assim que eles agendam suas consultas – o BoaConsulta registra cerca de 2 milhões de acessos por mês. “Com essas informações em mãos, poderemos entender como eles encontram as clínicas, como escolhem os hospitais e por que vão até determinado laboratório”, explica o executivo, que gerencia atualmente cerca de 42 milhões de pacientes e mais de 150 milhões de exames e consultas ao ano para 6 mil clientes, como a rede de clínicas Fares, em São Paulo, o Hospital Cárdio Pulmonar, de Salvador, o Grupo Alliar, dono dos laboratórios CDB, e a Hapvida.

Esse movimento marca a continuidade da estratégia de expansão dos negócios da companhia – que passa do B2B para o B2B2C – com um nível de controle sobre os processos que permite melhorar a eficiência operacional dos estabelecimentos de saúde ao mesmo tempo em que incrementa a qualidade do atendimento aos pacientes. “Quanto mais afinados os procedimentos, mais eficientes e mais baratos. Uma máquina de ressonância magnética parada custa caro, assim como a ausência de um paciente com hora marcada”, detalha Buchina.

Outra vantagem é a redução de fraudes, que já diminuiu muito ao longo dos últimos anos no que diz respeito à autenticação graças à tecnologia, mas que ainda existe em outras fases da cadeia, principalmente nos atestados médicos. O Conselho Federal de Medicina estima que, atualmente, 30% de todos os atestados médicos emitidos no país sejam falsificados – algo que poderia ser evitado com assinaturas digitais. Além disso, há um outro aspecto fundamental: a diminuição de erros de prescrição em função da má interpretação de receitas feitas à mão. Um dado assustador aponta que 74% desses documentos correm o risco de serem analisados de forma errônea pelo farmacêutico ou pelo próprio paciente.

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Essa visão integrada também permite ações preditivas que, no longo prazo, acabam custando bem menos aos sistemas de saúde do que as medidas de reparação. Por fim, o executivo aponta, ainda, como benefício, a possibilidade de ranquear os profissionais de saúde – que serão 250 mil após a consolidação dos sistemas. “Teremos uma visão 360º do negócio, com ângulos que contemplam as empresas prestadoras de serviços, os pacientes e os profissionais de saúde, com benefícios para todos eles.”

Uma vez concluída a integração – prevista para este ano ainda – o sistema poderá captar, no momento do agendamento da consulta, dados como a foto do paciente, imagem da carteirinha do plano de saúde e pedido médico, adiantando procedimentos que seriam feitos na recepção. “Além disso, toda a jornada online, possibilitada hoje pela telemedicina, também será parte do processo, incluindo prontuário eletrônico e prescrição virtual”, explica o executivo, vislumbrando a criação de um grande marketplace de saúde, onde os atritos serão diminuídos de maneira expressiva.

Para Adriano Fontana, Octavio Domit e Victório Braccialli, fundadores do BoaConsulta, este movimento está totalmente alinhado com os objetivos da empresa. “Essa transação permite acelerar a utilização e o alcance de tudo o que desenvolvemos continuamente junto à equipe. Juntas, Pixeon e BoaConsulta se completam em diversos aspectos, tanto estratégicos como operacionais”, afirmam os executivos, que continuam fazendo parte da operação do dia a dia.

O próximo passo, segundo Buchina – que não descarta aquisições futuras –, é usar esse grande banco de dados para fazer comparações com os outros players de mercado e, assim, ganhar níveis cada vez maiores de eficiência. “Esta é a primeira iniciativa de uma série de ações de um plano estratégico maior para posicionar a Pixeon como protagonista no processo da transformação digital da saúde no país”, diz o CEO da companhia, que, no ano passado, anunciou um plano de investimento de R$ 83 milhões em pesquisa e desenvolvimento no segmento até 2024.

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