Com uma produção de 13 milhões de toneladas de frango em 2019, o setor de aves é um dos maiores representantes do mercado de proteínas no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal, o consumo per capita do país está em torno de 42 quilos por habitante. Foi de olho nesse cenário que, no início do ano, a foodtech de carne plant based Fazenda Futuro decidiu investir no seu primeiro frango de origem vegetal.
O lançamento que começa a ser distribuído pelas redes de supermercado amanhã (9), foi desenvolvido com uma tecnologia capaz de recriar a mesma textura fibrosa do frango de origem animal. Marcos Leta, fundador da Fazenda Futuro, conta que a opção ainda não estava no cardápio por conta da produção diferenciada que exige, já que a carne bovina apresenta uma estrutura mais simples de replicar. “Quando você compara uma carne bovina com uma de aves, o primeiro grande desafio é que a estrutura muscular do frango tem fibras mais longas. É isso que faz a textura da proteína, então nossa tecnologia focou nesse ponto. Estamos entregando um produto que chega a desfiar, assim como um frango comum.”
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Com uma produção industrial sigilosa, Leta apenas revela que um dos responsáveis pelo sucesso do produto é o processo de extrusão, capaz de extrair o formato desejado a partir de matérias-primas colocadas em moldes no maquinário. “A tecnologia não é estática e nós temos captado todos os novos processos industriais para trabalhar”, diz o fundador.
Esse aproveitamento tecnológico também foi utilizado em outras etapas da criação. Leta explica que, embora a textura fosse o foco principal, o lançamento dependia de muitos outros fatores. “Eu dividiria os atributos desse produto em cinco etapas: textura, sabor, nutrição, custo e sustentabilidade.” Em todas elas, o avanço da informatização foi essencial.
Composta por proteínas de ervilha e soja não transgênicas e extratos naturais, o produto oferece o sabor do frango animal com uma estrutura completamente balanceada nutricionalmente. São 18 gramas de proteína por porção, zero colesterol e zero gordura saturada. “Não adianta produzir algo que não seja saudável. Do ponto de vista nutricional, o nosso produto é muito mais completo do que um feito da proteína animal. Conseguimos atualizar o frango”, brinca.
Do ponto de vista financeiro, o lançamento também conseguiu atingir a sua meta. Protagonizando a opção mais barata da foodtech até agora, um pacote com 200 gramas de tiras de frango custará em torno de R$ 14. “Ele é vendido em pequenos pedaços semelhantes ao peito de frango. O preparo segue a mesma lógica das proteínas animais: ao ir para a grelha, adquire uma cor dourada, e ao ser cozido, pode ser desfiado e temperado para servir em recheios das mais diversas receitas.”
No entanto, para a Fazenda Futuro, não é apenas o alimento que conta para a qualidade do lançamento. A apresentação do produto e seu impacto no meio ambiente também tem muito valor, o que fez com que a foodtech se empenhasse na criação de uma nova embalagem sustentável. Completamente plant based, feita com cana-de-açúcar, ela recebeu o selo “I’m green”, que identifica os produtos que utilizam o Plástico Verde em sua composição. “Essa embalagem é um teste. Se ela realmente funcionar, vamos nos atualizar.”
Essa preocupação de Leta não é em vão. Ele explica que mercado de carnes vegetais tem passado por transformações constantes, o que faz com que os consumidores levem em conta outros fatores além do sabor e da textura. “Estamos entregando um produto que diminui o impacto da produção de carne no desmatamento e no sacrifício animal, mas como resolvemos essa questão ambiental da embalagem? Temos que entregar isso ao nosso cliente”, revela o fundador. “O principal objetivo da Fazenda é sempre perguntar: como tornamos o plant based em algo cada vez mais irresistível?”. Com os últimos esforços, a foodtech acredita estar perto da resposta.
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