Controvérsias na ABStartups, IBM nomeia gerente geral, aportes, aquisições e mais

8 de janeiro de 2021

ABStartups inicia investigação após acusação de prestação de contas irregular

A Associação Brasileira de Startups (ABStartups) iniciou uma investigação interna depois de acusações de irregularidades na prestação de contas relativas à edição de 2018 do CASE, conferência anual organizada pela ABStartups.

Em um artigo publicado no Medium, Guto Ferreira, à época presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) relatou as inconsistências em relação ao patrocínio de R$ 550 mil ao evento, apontando uma “grave inconsistência na apresentação de comprovação de gastos” com a agência de marketing para o evento, bem como a locação de espaço da conferência.

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“Em uma fraude absolutamente grotesca e juvenil, a ABStartups alterou os valores das cópias dos cheques e nota fiscal anexados para a prestação de contas”, Ferreira ressaltou. Segundo Ferreira, as imagens dos cheques que ABDI tinha não batiam com os valores dos cheques reais e a discrepância nos valores chegou a “centenas de milhares de reais”.

A ABDI, em nota à imprensa, informou que a inconsistência foi encontrada em 2019 e um procedimento interno foi instaurado para verificação dos fatos. A irregularidade foi constatada, e o ressarcimento do patrocínio da agência ao CASE foi feito em janeiro de 2020, acrescido de juros, correção monetária e multa. A ABDI também aplicou à entidade, à época liderada por Amure Pinho, a penalidade de impedimento, pelo prazo de dois anos, de formalização de novos convênios de patrocínio com a agência.

No texto, Ferreira questiona se os gastos da ABStartups daquele ano, patrocinados por entidades como o SEBRAE, foram auditados, e que os responsáveis pelas irregularidades não foram punidos ou processados. Além disso, questiona o posicionamento das cerca de 17 empresas mantenedoras da ABStartups sobre tais procedimentos. Empresas que mantêm a entidade incluem a Ambev, Amazon Web Services e Distrito, que foram procuradas pela Forbes e não quiseram se posicionar até o momento da publicação. Também procuradas pela reportagem, outras mantenedoras, como a Salesforce e a Bossa Nova Investimentos, comunicaram que pediram esclarecimentos à entidade sobre o ocorrido.

Em nota à imprensa, a ABStartups, cuja nova direção tomou posse em 1 de janeiro, diz que “entende que se faz absolutamente necessária uma avaliação interna do caso”, e que “se compromete publicamente a prestar esclarecimentos tão logo esse procedimento seja concluído”. Em um post na rede social LinkedIn, Felipe Matos, atual presidente da entidade, publicou um post de teor similar: “Nos comprometemos a prestar os devidos esclarecimentos aos associados, parceiros e ao ecossistema tão logo esse procedimento seja concluído. Reforço aqui meu compromisso com a ética e a transparência, valores fundamentais que sempre pautaram minha história profissional,” ressaltou Matos.

Após a publicação da carta de Ferreira, demandas por respostas começaram a surgir por parte dos ecossistemas regionais. Um deles é o ErreJota, grupo que reúne as comunidades de startups, empreendedorismo e inovação do estado do Rio de Janeiro. O ErreJota publicou no site Avaaz um abaixo-assinado expressando descontentamento com a situação exposta pelo ex-presidente da ABDI e pedindo um retorno imediato da entidade.

“É inconcebível que uma entidade que preza pelo desenvolvimento de todo o setor da economia de um país, se veja envolvida em acusações tão graves, prestando-se ao desserviço de manchar a credibilidade do setor cuja reputação deveria defender e promover”, diz a carta aberta.

A ErreJota quer saber, entre outras coisas, os nomes dos envolvidos no caso, se todos os envolvidos foram desligados de suas funções, e se haverá uma reparação aos “inocentes prejudicados” no processo. Em sua publicação, Ferreira faz referência a Tânia Gomes, vice-presidente da ABStartups em 2019 e que, segundo ele, foi “punida e pressionada” por exigir uma investigação interna.

Em nota publicada no LinkedIn, Gomes diz que tentou auxiliar “da melhor forma possível na solução do caso”, e que ao renunciar ao cargo em dezembro de 2019, deixou evidente seu posicionamento diante do resultado da investigação da ABDI, que, segundo ela, “não teve nenhum desdobramento de responsabilização dentro da ABStartups.”

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LIDERANÇA

IBM anuncia nova gerente geral

A IBM Brasil anunciou Katia Vaskys como sua nova gerente geral, após uma série de mudanças em nível sênior na empresa envolvendo diversos executivos brasileiros. A executiva é a primeira mulher a liderar as operações da IBM no Brasil.

Vaskys substitui Tonny Martins, que foi nomeado gerente geral da IBM América Latina em outubro de 2020, função anteriormente ocupada por Ana Paula Assis. Assis foi a primeira mulher a administrar a empresa na região e passou a liderar a transição de clientes na “NewCo”, a spin-off da Big Blue de serviços de infraestrutura de negócios.

LEIA MAIS: Ana Paula Assis, da IBM, fala sobre novo cargo global e foco na nuvem

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Pegasystems investe em diversidade de gênero na liderança

A empresa de software Pegasystems reportou avanços em diversidade de gênero na composição de sua equipe de liderança. A companhia, liderada pelo ex-Oracle Maurício Prado Silva e com operações próprias no Brasil desde 2019, contratou 20 novos executivos em 2020. Várias executivas foram contratadas como heads: Anna Cotta assumiu recursos humanos; Juliana Moreira está à frente do marketing regional, Daniela Fontolan lidera a área de Alianças e Elenita Betiol lidera relacionamento com os clientes.

“Uma das minhas prioridades ao formar a equipe da Pega na América Latina é garantir a diversidade em nosso time e fico muito orgulhoso em dizer que 50% da liderança regional e do escritório Brasil é formado por mulheres”, afirma Prado Silva. “Pensamos nas pessoas como ativos a longo prazo e queremos criar uma cultura inovadora e inclusiva, para melhor atender aos nossos clientes aqui na região”, complementa.

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Criador da Netshoes lança nova startup

O fundador da Netshoes, Marcio Kumruian, lançou sua nova startup. O novo empreendimento é a ZiYou, plataforma de assinatura de equipamentos de academia e conteúdos esportivos. Segundo o empreendedor digital, o projeto foi idealizado em 4 meses, a partir do dia que deixou a posição de CEO da Netshoes, que vendeu para o Magazine Luiza.

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Cofundador do VivaReal prepara lançamento de livro

O cofundador do portal imobiliário VivaReal, Brian Requarth, lança em fevereiro seu livro “Viva the Entrepreneur”. Na obra, o empreendedor e investidor norte-americano detalha as lições aprendidas em como fazer negócios na América Latina. O contexto é a trajetória de Requarth ao longo da fundação, crescimento e eventual fusão com o ZAP Imóveis no final de 2017. O M&A criou um grupo vendido por R$ 2,9 bilhões para a OLX em março de 2020. Requarth permaneceu no Grupo ZAP como chairman até novembro de 2020, quando a compra pela OLX foi concluída. A nova empresa de Requarth, Latitud, tem a proposta de oferecer uma plataforma para empreendedores latino-americanos para desenvolver empresas e levantar recursos.

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APORTES e AQUISIÇÕES

MadeiraMadeira é primeiro unicórnio com cofundador negro

A startup MadeiraMadeira anunciou ontem (7) que recebeu um aporte de US$ 190 milhões liderado por SoftBank e Dynamo, tornando-se um unicórnio, startup avaliada em US$ 1 bilhão ou mais. Com isso, a empresa curitibana formada em 2009 torna-se a primeira startup do Brasil cofundada por um empreendedor negro (Robson Privado, COO da companhia) a alcançar este status. Os outros cofundadores são Daniel Scandian, CEO, e Marcelo Scandian, CFO, que convidaram Privado a se juntar à liderança em 2013.

O anúncio ocorre 16 meses após sua venda online ter recebido outro aporte de US$ 110 milhões, e foi adiantado pela aceleração do negócio em 2020, com o confinamento devido à pandemia do coronavírus impulsionando o comércio eletrônico no país. Leia mais sobre a operação.

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Creditas adquire Bcredi

A startup de crédito consignado Creditas comprou a Bcredi, startup que fornece empréstimo mediante garantia. A compra da empresa fundada por Maria Teresa Fornea Caron, que entrega um serviço similar ao da Creditas – porém para empresas que não possuem meios próprios para oferecer financiamentos, um modelo conhecido como lending-as-a-service – não teve o valor divulgado. A transação envolve uma saída do Banco Bari, e a permanência de outro investidor, o fundo Igah Ventures, que se tornou acionista da Creditas.

Em dezembro de 2020, a Creditas se tornou unicórnio ao fechar uma nova rodada de investimento, que confere à empresa um valor de mercado de US$ 1,75 bilhão. Em entrevista à Forbes, o fundador Sergio Furio falou sobre os planos da empresa e oportunidades em relação ao avanço do arranjo de serviços financeiros no Brasil.

LEIA MAIS: Em menos de três meses, Creditas capta novo investimento e vira unicórnio

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Digisystem compra colombiana Tec Mobile

A Digisystem, empresa brasileira focada em transformação digital, comprou a colombiana Tec Mobile para expandir no mercado latino-americano. A empresa estima um faturamento de R$ 10 milhões no primeiro ano de atuação na Colômbia, pretende atingir R$ 50 milhões de faturamento na região e deve fazer outras aquisições na região. A Digisystem fechou 2020 com uma receita superior a R$ 100 milhões e a expectativa de crescimento é de 30% para 2021.

BitcoinTrade é comprada pela Ripio

A plataforma de ativos digitais argentina Ripio adquiriu a BitcoinTrade, corretora brasileira de criptomoedas, com o objetivo de acelerar sua expansão na América Latina. O valor da operação não foi divulgado. Criada em 2017 por Carlos André Montenegro e Daniel Coquieri, a empresa possibilita o investimento por pessoas físicas e jurídicas em Bitcoin, Litecoin, Ethereum, Bitcoin Cash e Ripple.

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HerMoney levanta segunda captação

A assistente financeira com foco em mulheres empreendedoras HerMoney levantou R$ 600 mil em segunda captação feita pela Wishe, inciativa que apoia o financiamento de negócios criados por mulheres.

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TENDÊNCIAS E MOVIMENTAÇÕES NACIONAIS

Startups brasileiras batem recorde em 2020 e captam mais de US$ 3,5 bilhões

Novas empresas de base tecnológica levantaram mais de US$ 3,5 bilhões entre janeiro e dezembro de 2020 — volume 17% superior aos US$ 2,97 bilhões aportados em 2019, segundo levantamento mensal realizado pelo Distrito Dataminer, braço de inteligência de mercado da empresa de inovação aberta Distrito.

Segundo o relatório, este é o melhor desempenho da história no que diz respeito à captação de investimentos. O número de rodadas também bateu um recorde histórico. No ano passado, foram 469 aportes realizados, ante 408 efetivados em 2019, até então o ano com volume mais expressivo. Somente em dezembro deste ano, foram US$ 580 milhões, distribuídos em 33 rodadas de investimento.

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Empresas nacionais avançam no setor de tecnologia

Companhias brasileiras estão ganhando maior competitividade no mercado de tecnologia no Brasil, segundo um estudo da TGT Consult. O estudo feito com base em relatórios da SG Provider Lens dos últimos 3 anos, sugere que empresas do país estão em pé de igualdade com as multinacionais. Segundo o relatório, 42% das empresas líderes em serviços e produtos de TI são brasileiras, enquanto 58% são estrangeiras com matriz ou operação local.

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Brasil lidera em ataques de engenharia social

O Brasil é o segundo país da América Latina com mais detecções de ataques de engenharia social, segundo análise da empresa de segurança ESET. Os ataques são tentativas de ataque em que agentes mal-intencionados usam o nome de uma marca ou organização para tentar fazer o usuário acreditar que se trata de um e-mail ou mensagem real para, por exemplo, conseguir credenciais de acesso. Em 2020, o Peru foi o país que registrou o maior percentual destes ataques, com pouco mais de 31% das ocorrências na região, seguido pelo Brasil com mais de 18% e México com quase 17% das detecções na região, segundo o estudo.

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Esalqtec celebra 15 anos

A incubadora tecnológica da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) completa 15 anos de fundação em janeiro de 2021. A instituição é uma das principais organizações de fomento à inovação e ao empreendedorismo do agronegócio no Brasil e é protagonista do movimento agtech no país. A incubadora instalada na Fazenda Areão, em Piracicaba (SP), em área no campus da Esalq tem um espaço de 10 mil m² e conta com 18 empresas graduadas, seis empresas residentes, 116 empresas associadas e 11 projetos de pré-incubação. “Além de incubar e preparar dezenas de empresas para o mercado, a Esalqtec tem participado ativamente do movimento de startups do agro do Brasil e do mundo, apoiando outros ecossistemas e promovendo eventos presenciais e online para divulgar as suas ações para as agtechs, hubs, investidores, empresas e outros atores”, aponta o presidente do Conselho Deliberativo da Esalqtec, professor Felipe Pilau.

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Magazine Luiza domina categorias do iBest

A varejista Magazine Luiza ocupou a liderança em seis categorias no prêmio do universo digital iBest. A empresa venceu em E-commerce de Eletrônicos, com a marca Magalu e Eletrodomésticos e de Esportes, com a marca Netshoes, tanto no voto popular quanto pelo júri popular. Em Mobiliário e Utensílios, venceu com a marca Magalu no júri iBest e fico entre os três melhores pelo voto popular. A marca Magalu também ficou entre os três melhores marketplaces do Brasil.

Outros cinco títulos de finalistas Top 10 em Esportes e Marketplace (com Netshoes), Moda (com Zattini), Farmácia (com Época), foram conquistados pela varejista, além de Informática e Telefonia com a marca Magalu. Também conquistou outros títulos, em categorias não relacionadas a e-commerce, como o de melhor Conteúdo de Tecnologia e em Delivery com a startup Aiqfome, adquirida em 2020, e pelo júri popular e em SuperApps, com o Magalu Pay.

Segundo Marcos Wettreich, CEO do iBest, o que chamou a atenção não foi somente o número de prêmios recebidos pela empresa (17 no total), mas a habilidade da empresa de atender a uma vasta gama de segmentos. “O grupo Magazine Luiza está construindo uma posição dominante em segmentos importantes do e-commerce, como por exemplo o de eletrônicos e eletrodomésticos e o de móveis e utensílios. Além disso, as recentes aquisições – em especial a da Netshoes – contribuíram para sua revelação como o maior e melhor do Brasil em e-commerce”, destaca.

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GOVERNO

Serpro digitaliza documentos de registro e transferência de veículos

O Serviço de Processamento de Dados (Serpro) do governo federal anunciou a digitalização de todos os documentos de trânsito no Brasil. Os únicos documentos de veículos que ainda eram emitidos em papel migraram para a versão digital na segunda-feira (4). Com a mudança, o registro de veículo (CRV), licenciamento anual (CLA) e o comprovante de transferência de propriedade (DUT). O CRV e o CLA foram integrados ao Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo (CRLV-e) e o DUT se desvincula do CRV e se transforma na Autorização para Transferência de Propriedade do Veículo (ATPV-e).

Os veículos que hoje possuem o CRV (DUT) com a (ATPV) impressa no verso do CRV continuarão a utilizar esse documento nas transferência de propriedade de seus veículos. O planejamento futuro prevê a possibilidade de assinatura eletrônica da ATPV-e pelo vendedor e comprador diretamente dos sistemas do Denatran. Isso vai permitir que o vendedor de um veículo e o comprador realizem todos os passos da transação digitalmente, sem a necessidade de comparecimento físico a Detran ou cartórios.

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Portal Gov.br reforça segurança do portal de serviços

O portal de serviços digitais ao cidadão Gov.br teve sua segurança reforçada com um mecanismo duplo de segurança nas contas dos usuários para minimizar a possibilidade de furto de senhas.

Segundo a Secretaria de Governo Digital, serviços como o e-CAC (Centro Virtual de Atendimento ao Cidadão), da Receita Federal, e a Carteira Digital de Trânsito são os mais visados por cibercriminosos, por conta do tipo de informações pessoais que contém. Cerca de 85 milhões de pessoas estão cadastradas no Gov.br.

Para aumentar a segurança dos usuários, sempre que um acesso for feito na plataforma, será enviado em código adicional para complementar a senha, no modelo chamado de autenticação de dois fatores. A utilização do recurso, no entanto, é opcional: o cidadão escolhe se quer utilizar o mecanismo duplo de segurança ou se prefere dispensá-lo.

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