Martechs brasileiras recebem US$ 200 milhões em investimentos em 2020

10 de fevereiro de 2021
kemalbas/Getty Images

Estudo dividiu as martechs em quatro categorias: advertising and promotion, commerce and sales, social and relationships e content and experience

As agências e os veículos de comunicação, que já vinham sofrendo para se adaptar depois do advento dos canais digitais, foram ainda mais impactados no último ano com a pandemia do novo coronavírus. A urgência de soluções prontas que atendessem a uma demanda totalmente digital influenciou a forma de pensar de todos os executivos que precisavam alcançar seus consumidores.

Segundo um recente relatório da empresa de inovação abertaDistrito, esse novo ritmo de transformação está sendo absorvido de forma mais orgânica por empreendedores de startups que precisam se renovar a todo momento. Outra consequência do cenário atual é a abertura de executivos de empresas grandes para incorporar esse comportamento mais líquido.

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O “Martech Report” levantou 727 startups de marketing selecionadas a partir da base da Distrito, além de consultas a bancos abertos e informações públicas do governo. Para fazer parte do estudo, elas precisavam ter a inovação no centro do negócio, estar em atividade, desempenhar atividades diretamente relacionadas ao setor e ter nacionalidade e operação brasileiras.

O relatório dividiu as empresas em quatro categorias, com proporções bem equilibradas entre elas: advertising and promotion, com 27,65% das empresas (ou 201 representantes); commerce and sales, com 25,86% (188); social and relationships, com 25,72% (187) e content and experience, com 20,77% (151). Das 727 startups analisadas, a grande maioria, 48,97%, está em São Paulo, estado seguido por Minas Gerais (11,83%) e Santa Catarina (8,53%).

Em 2020, cerca de US$ 200 milhões foram investidos em startups do setor em 30 rodadas, volume semelhante ao de 2019. Apenas uma empresa foi responsável por metade desse montante: em outubro, a Take anunciou o recebimento de US$ 100 milhões, na maior Series A da história do mercado brasileiro. Das três dezenas de operações, 27 envolveram startups ainda em estágio inicial (anjo, pré-seed, seed e series).

O documento também constatou que, ao longo do ano, 22 fusões e aquisições de martechs foram realizadas – 83% mais do que em 2019. Segundo o documento, esse volume evidencia a necessidade que grandes players têm de contar com soluções capazes de entender e alcançar seus clientes de maneiras diferentes e mais eficazes. Entre os exemplos, estão a compra da InLoco Mediapelo Magalu, em agosto, por valor não divulgado, e da Etus pela Locaweb, por R$ 18,9 milhões, em setembro. No mesmo mês, a Locaweb comprou também a Social Miner por R$ 22,2 milhões.

“O tão falado processo de transformação do mercado de mídia trouxe a reboque desafios do tamanho dessas mudanças”, diz Eduardo Schaeffer, diretor de negócios integrados em publicidade da Rede Globo. “Entre eles, um se destaca: a busca por modelos de atribuição precisos, capazes de compreender como os esforços de comunicação multiplataforma impactam e levam o consumidor à conversão”, diz o executivo, que acompanha de perto a jornada vivida na emissora onde trabalha. “É, obviamente, uma trajetória desafiadora, mas que tem nos trazido valiosas oportunidades de fortalecermos laços e descobrimos novos parceiros de negócios, principalmente empresas e startups de tecnologia voltadas para o marketing digital.”

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David Lalum, Chief Strategy Officer da Distrito, arrisca três tendências do setor, que emprega 18.500 pessoas no país, para os próximos anos. Uma delas é o Social+. “O social potencializa tudo: crescimento exponencial, engajamento, lealdade/ retenção e proteção dos concorrentes. Veremos cada vez mais social commerce nos próximos meses e anos”, diz.

O executivo aponta, ainda, tecnologias como inteligência artificial, automação e linguagem natural como responsáveis por grande impacto na produção de conteúdo, pesquisa e mídia. “Estão chegando soluções de IA mais simples, incluindo IA non code, que vão democratizar o uso dessa tecnologia no dia a dia das empresas, assim como nos times de marketing.”

Por fim, Lalum cita uma evolução grande no domínio da Internet das Coisas (IoT) pelas pessoas físicas devido à chegada do 5G, gerando novos usos cotidianos.

O levantamento da empresa de inovação aberta ainda apontou os prováveis unicórnios brasileiros no segmento nos próximos anos: Take, avaliada atualmente em US$ 667 milhões, Olist (US$ 288 milhões), Zenvia (US$ 270 milhões), RD Station (US$ 250 milhões), Pipefy (US$ 225 milhões), Neoway (US$ 225 milhões), Cortex (US$ 150 milhões) e Escale (US$ 111 milhões). As estimativas de valuations foram feitas a partir de informações do valor das últimas rodadas e as faixas estimadas de participação cedida por série do aporte.

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