Agora, um ano depois, apesar de boa parte das incertezas continuarem, principalmente no Brasil, o executivo já consegue vislumbrar alguns acertos e aprendizados. Um deles é que a companhia, especializada em sistemas de analytics, intensificou o relacionamento com os clientes durante a crise sanitária. “Em muitos casos, nós batemos mesmo na porta de alguns deles, principalmente de indústrias mais afetadas pela pandemia, para estender licenças e flexibilizar pagamentos.”
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Grupos de trabalho foram, então, definidos internamente para atender a algumas demandas. De um deles saiu a solução de contract tracing – que, baseada em dados, mapeia quantas pessoas foram expostas ao risco por um paciente de Covid-19 – oferecida aos governos, em alguns casos até de forma gratuita. De outro, uma solução para a otimização de camas de hospitais. “Nesse processo, primeiro pensamos em iniciativas que pudessem ajudar a sociedade como um todo naquele momento. Mas, como consequência, também fomos muito beneficiados, porque disso saiu propriedade intelectual que acabou se transformando em novos produtos.”
Segundo Portela, o SAS chegou ao fim de 2020 com novos cases, proposições de valores e estratégias. “Tudo ficou mais rápido e as pessoas foram tomadas por um espírito diferente. Eu sempre preguei a progressão em vez da perfeição. Se estamos num túnel, e não sabemos onde ele termina, não adianta buscar a perfeição. Você está diante de um cenário desconhecido. Então continuar é sempre a melhor opção.”
RESULTADOS ACIMA DO PREVISTO
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O executivo credita tudo isso à agilidade da companhia em responder aos desafios. “Nós somos grandes, mas continuamos com espírito de startup. Não somos reféns da burocracia”, diz. Ele exemplifica citando os processos de concepção e implementação de boas ideias. “A melhor sempre ganha, independentemente de ter sido originada nas Filipinas, no Peru ou nos Estados Unidos. O time de marketing do Brasil, por exemplo, é considerado o melhor do mundo. Quando temos uma campanha, ela não entra numa fila para ser analisada pelo board e aprovada. É tudo muito rápido. E, se fizer sentido para outros lugares, é replicado.”
O estilo de gestão do executivo – que faz parte de um rol cada vez maior de brasileiros em posições de liderança fora do país – também contribuiu para atravessar o último ano. “Durante muito tempo eu tive um perfil ‘sangue nos olhos’. Eu segui à risca as orientações de Bernardinho [técnico de vôlei] no livro ‘Transformando Suor em Ouro’. Até que um dia, ao encontrá-lo em um evento, ele me disse que foi obrigado, ao longo da sua carreira, a trafegar da geração ‘sangue nos olhos’ para a geração ‘brilho nos olhos’. Aquilo fez muito sentido pra mim. O mundo mudou e a forma de engajar as pessoas também. Quando se tem um propósito, é muito mais fácil convencê-las a estarem ao seu lado. E quanto mais confortáveis elas estiverem, maior será a entrega e a geração de valor. Para mim, a atitude importa mais do que o conhecimento, a propriedade mais do que o controle e as soft skills mais do que habilidades técnicas. De novo eu prefiro a progressão à perfeição. Quem busca a perfeição está sempre infeliz, porque ela não existe.”
PERSPECTIVAS PARA 2021
Para dar conta das expectativas para este ano, Márvio Portela diz que orientou o time a deixar a autoconfiança de lado e zerar o jogo. “Mas a verdade é que construímos várias pontes ao longo de 2020 e muitos setores com os quais lidamos estão a todo vapor. O mercado financeiro nunca cresceu tanto, o varejo online explodiu. E esses são dois segmentos importantes para o SAS, ao lado do setor público, telecom e manufatura”, diz.
Portela menciona também do setor farmacêutico. O FDA (entidade norte-americana equivalente à Anvisa no Brasil), assim como parte da indústria de fármacos do país, usa soluções de dados do SAS para a tomada de decisão. Com a grande movimentação provocada neste mercado em função da crise sanitária e da produção de vacinas, a companhia começou a ser acionada por um número maior de empresas do setor.
No que diz respeito ao ambiente de trabalho, o executivo diz que o momento atual é de estudo. “Estamos analisando como empregar todo o aprendizado do ano passado para benefício dos funcionários. Como vamos fazer isso, ainda não sabemos. Não é uma resposta fácil”, diz ele, explicando que pesquisas internas estão sendo conduzidas nos escritórios do SAS do mundo todo para traçar os próximos passos do que será o nosso “novo normal”.
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