Conheça a biotech que acaba de ser avaliada em US$ 4 bilhões

20 de abril de 2021
Reprodução/Forbes

O CEO da Benchling, Sajith Wickramasekara (à direita), fundou a empresa com seu colega do MIT, Ashu Singhal

Sajith Wickramasekara tinha apenas 24 anos quando foi selecionado para a lista Under 30 da Forbes por sua biotech de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), a Benchling. Hoje, Wickramasekara se junta ao ranking dos fundadores de unicórnios conforme a Benchling atinge uma avaliação de US$ 4 bilhões. O valuation – quase cinco vezes maior do que em maio passado – ocorre no momento em que a empresa levantou US$ 200 milhões liderados pela Sequoia Capital Global Equities.

“Os ventos a favor da indústria nunca foram tão fortes”, disse Wickramasekara, agora com 30 anos, à  Forbes. “Não está acontecendo apenas na medicina. Também está em diagnóstico, agricultura, alimentos, bens de consumo embalados. Eu vejo isso como a quarta Revolução Industrial e, realmente, acredito que vai reescrever a vida como a conhecemos. ”

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O novo investimento traz o financiamento total da Benchling para US$ 350 milhões e coloca a empresa um passo mais perto de um IPO (Oferta Pública Inicial), para o qual Wickramasekara diz que já começou a se preparar. No início deste mês, a Benchling anunciou que contratou seu primeiro diretor financeiro, Richard Wong, que antes era CFO da Houzz e vice-presidente de finanças do LinkedIn, além de conselheiro geral e diretor de segurança da informação. “Não temos um cronograma firmemente comprometido [para um IPO], mas estamos trabalhando para nos preparar. É uma aspiração para nós.”

Quando estava na faculdade do MIT, nove anos atrás, Wickramasekara começou a trabalhar em uma ideia para uma ferramenta de design Crispr (técnica de engenharia genética capaz de modificar genes humanos) baseada em nuvem para cientistas. Ele estudou ciência da computação e passou um tempo em um laboratório de biologia, e estava frustrado com a forma como a dependência de papel, e-mail e planilhas estava impedindo a pesquisa. Ele e o cofundador, Ashu Singhal, também aluno do MIT, começaram oferecendo seu software gratuitamente para pesquisadores acadêmicos. Singhal agora é presidente da empresa.

Sajith Wickramasekara, da Benchling, chama um IPO de “uma aspiração” e diz que a empresa está lançando as bases agora para isso, embora ainda não tenha definido um cronograma.

No início, não estava claro qual poderia ser o valor da empresa, e havia muito ceticismo sobre o software focado em apenas uma vertical. No entanto, a companhia, sediada em São Francisco, se tornou, no ano passado, uma das 25 a entrar na lista da Forbes “Next Billion-Dollar Startups (Próximas startups de bilhões de dólares, em tradução livre)” quando a pandemia de coronavírus colocou os holofotes na biotecnologia.

A receita ultrapassou US$ 50 milhões no ano passado, o dobro do ano anterior, e deve dobrar novamente em 2021. Conforme a empresa crescia, novos produtos foram adicionados, incluindo um painel de dados e análises que ajuda seus clientes a obterem insights científicos e operacionais. 

“Tecnologias básicas em biologia estão sendo desenvolvidas, de forma semelhante à forma como eram na tecnologia tradicional”, disse Patrick Fu da Sequoia, que liderou o investimento. “Estamos no início ainda.”

Hoje, a Benchling tem 450 empresas como clientes, incluindo Regeneron, Gilead, Sanofi e Corteva Agriscience. Elas usam a plataforma baseada em nuvem da startup para ajudá-las a rastrear, medir e prever seu trabalho científico. Os pesquisadores acadêmicos continuam a obter o produto gratuitamente, enquanto as empresas pagam de US$ 15 mil para uma pequena empresa de biotecnologia a milhões para uma grande corporação. “Não existe um único produto”, diz Steve Harr, CEO da Sana Biotechnology, cliente da Benchling. “A alternativa à Benchling é, muitas vezes, construir tudo sozinho.”

Jason Ryder, cofundador e diretor de tecnologia da Joywell Foods, que fabrica alimentos com base em proteínas naturalmente doces, já percorreu esse caminho antes. Por isso, ele ficou aliviado em assinar com a Benchling há pouco mais de um ano, embora, como ele diz, “não seja uma despesa insignificante” para uma startup. “O ponto forte da história é um grande cientista com uma grande ideia, mas para um sucesso sustentado é necessário construir sistemas para gerenciar as informações e os dados”, diz ele.

Com o novo financiamento, a Benchling está adicionando mais ferramentas para pesquisadores que trabalham com química e biologia, e estão em busca de outros produtos que possam apoiar o desenvolvimento, bem como a pesquisa. A empresa também planeja aumentar as operações internacionais, inclusive na Europa, onde já abriu uma unidade, e na Ásia.

“Lembro-me de quando demoramos 70 reuniões para juntar US$ 500 mil”, diz Wickramasekara. Desta vez, a empresa recebeu 20 ofertas durante duas semanas de arrecadação, diz ele, o que lhe permitiu construir uma reserva com os novos fundos e a maior parte das duas rodadas anteriores ainda no banco. “Nós realmente não precisávamos do dinheiro”, diz ele. “Mas estamos em um ponto de inflexão em que podemos pensar nos próximos dez anos.”

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