A startup SarDrones, de Ribeirão Preto (SP), é uma das empresas que atuam neste segmento. Fundada em 2018 pelo empreendedor Gustavo Scarpari, a companhia desenvolveu seus próprios equipamentos para dispersar cotesia e trichogramma – dois agentes biológicos registrados no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), muito utilizados no combate de pragas em plantações de cana-de-açúcar.
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COMO FUNCIONA A SOLUÇÃO
Para introduzir a cotesia e a trichogramma nas plantações de cana-de-açúcar, a SarDrones desenvolveu o seu próprio equipamento, que conta com pequenos compartimentos na parte inferior. Dentro desses contêineres, ficam copos de plástico biodegradável com os insetos que atacam as pragas das lavouras. Durante o voo, as pequenas vespas são liberadas em partes estratégicas da plantação.
A operação necessita de um piloto que comande os drones e identifique os pontos onde os agentes biológicos devem ser liberados. Hoje, a SarDrones tem uma equipe de 11 funcionários, sendo que cinco deles estão habilitados para controlar as aeronaves não tripuladas. “A utilização de cotesia, por exemplo, existe há mais de 40 anos”, diz Scarpari. “Mas o trabalho com ela sempre foi manual. Hoje, o drone viabiliza seu uso de maneira totalmente automatizada.”
Antes disso, os copos plásticos eram espalhados pela plantação pelos trabalhadores, tarefa não muito segura. “Muitas vezes, as equipes que entravam no canavial se deparavam com cobras ou enfrentavam temperaturas muito quentes e condições climáticas adversas.” Com a utilização dos drones, os colaboradores podem ser alocados para outras tarefas da produção agrícola.
MERCADO EM CRESCIMENTO
O controle biológico é uma prática que utiliza micro-organismos – como fungos, bactérias e vírus -, insetos ou compostos de origem natural para combater pragas em lavouras. Por serem naturais, esses insumos não deixam resíduos prejudiciais à saúde humana, do terreno e do alimento.
De acordo com a CropLife Brasil, associação de instituições que atuam na pesquisa e desenvolvimento do setor agrícola, o valor deste mercado no país cresceu 40% entre 2019 e 2020, chegando ao patamar de R$ 1,3 bilhão. Segundo a consultoria de inteligência Blink, a perspectiva é de que, até 2030, esse número chegue a R$ 3,6 bilhões, uma expansão de 176% em uma década.
A diretora-executiva de biológicos da CropLife Brasil, Amália Borsani, credita o sucesso desse mercado a um maior conhecimento do produtor rural acerca das defesas biológicas contra pragas. “Há três anos, fizemos uma pesquisa, que indicou que 40% dos agricultores não conheciam os agentes biológicos”, diz. “Hoje, você vai ao campo e vê que o cenário mudou drasticamente. O interesse aumentou muito.”
O POTENCIAL DOS DRONES
Outro mercado que tem grandes perspectivas de crescimento é o de drones. De acordo com uma pesquisa desenvolvida pela consultoria Pricewaterhouse Coopers (PwC), os serviços realizados por aeronaves não tripuladas têm um mercado total endereçável de US$ 127 bilhões. O setor de agricultura é o segundo gerador de maior receita para a tecnologia, com valor estimado de US$ 32,4 bilhões, atrás apenas do segmento de infraestrutura com US$ 45,2 bilhões.
Para Scarpari, o potencial das aeronaves não tripuladas no agronegócio é grande e sua utilização com agentes biológicos é apenas o começo. “O drone veio para ficar e, no agronegócio, ele já tem feito muita diferença”, diz. “É um equipamento muito versátil.” Segundo o empreendedor, a tecnologia deve, muito em breve, ser adotada também para aplicação de agentes microbiológicos, como fungos, bactérias e vírus.
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