Enquanto o serviço de videoconferência Zoom passou de 10 milhões de usuários diários de chamadas em dezembro de 2019 para mais de 300 milhões em abril do ano passado, o setor de eventos foi duramente atingido. No mesmo ano em que a plataforma norte-americana bateu recorde de usuários, 90,9% das empresas do segmento de turismo de negócios e eventos amargaram drástica redução no faturamento, segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc), União Brasileira dos Promotores de Feiras (Ubrafe) e Sebrae.
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Com a alta demanda pelos seus serviços de planejamento, implementação e coordenação de eventos virtuais via Zoom, a WebSIA realizou 1.050 encontros pela plataforma nos 12 meses de 2020. Juntas, essas videoconferências contaram com a participação de 197 mil pessoas. “O nosso negócio não é vender licença de uso”, diz Santos. “O nosso negócio é estruturar eventos a quatro mãos com o cliente, utilizando a tecnologia para fazer isso acontecer de acordo com o que ele precisa.” Os hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês, a empresa de meios de pagamento Stone e a indústria farmacêutica Cristália são alguns dos clientes que contratam os serviços da empresa.
A agência de produção de eventos Mostarda foi outra empresa que viveu o aumento da demanda para a realização de conferências, palestras e encontros virtuais desde o ano passado. “Sempre utilizamos tecnologia nos nossos projetos, mas, diante da pandemia, tivemos que apontar nosso alvo totalmente para o digital, criando soluções e experiências para os clientes”, afirma o sócio-fundador Caio Barreto. Em 2020, a companhia entregou eventos totalmente virtuais para marcas como Ipiranga e Marsh que contaram com a participação de milhares de colaboradores dessas organizações. “As ações online possibilitam um alcance ainda maior às empresas, além de oferecerem opções flexíveis de orçamento”, diz o outro sócio-fundador da agência, Helvio Lima.
CONGRESSO INTERNACIONAL VIA ZOOM
Por conta da pandemia de Covid-19, a Associação Paulista de Medicina (APM) teve de adiar a realização do “Global Summit Telemedicine & Digital Health” (Conferência Global de Telemedicina e Saúde Digital, em tradução livre) duas vezes no ano passado. Na impossibilidade de promover o evento fisicamente, a entidade optou pelo modelo virtual. O desafio, como conta o médico e diretor de tecnologia da instituição, Antonio Carlos Endrigo, foi não só estruturar toda a conferência virtualmente, que contaria com palestrantes internacionais de várias regiões do mundo, mas também fazer tudo isso com rapidez.
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O congresso registrou mais de 1.500 participantes e contou com a presença de médicos de diversas regiões do mundo, principalmente da América do Sul e da América do Norte. Para 2022, o médico já enxerga um modelo híbrido. “Com a vacinação e a retomada dos eventos presenciais, faremos uma combinação, não por questão de custo, mas também para disponibilizar nosso conteúdo para todas as pessoas do mundo”, afirma. De acordo com ele, o evento online realizado no ano passado pela APM teve um valor 65% menor que o de uma conferência presencial.
Mediante as dificuldades impostas pela pandemia de Covid-19, a empresa de automóveis Jaguar também teve de se adaptar para realizar o evento de lançamento do SUV F-Pace 2021 MY. Para isso, a montadora contratou a Apple Produções, empresa de eventos corporativos, que providenciou um espaço físico interativo no qual os executivos da organização, juntamente ao embaixador da marca, o piloto Cacá Bueno, falaram diretamente com o público sobre as novidades do lançamento.
INTERATIVIDADE É O ANTÍDOTO PARA A FADIGA
Para replicar a experiência física no ambiente virtual, Santos diz que a WebSIA teve de buscar novas ferramentas e recursos para integrar ao Zoom. “A gente não inventa a roda. O que a gente faz é integrar soluções à plataforma como se fosse um Lego, construindo algo único para cada cliente.” O executivo cita, como exemplo, a criação de ambientes 360º, com modelagem 3D, no ambiente do software de videoconferência para a realização de congressos, possibilitando que os participantes andem pelos pavilhões, visitem os estandes e conversem com os expositores sem sair de casa.
Esse tipo de interatividade, diz o executivo, funciona como um antídoto para a chamada “fadiga do Zoom”, cansaço que muitos usuários do software relatam por permanecerem muitas horas engajados em videoconferências. “Quando a interação é bem-feita, você consegue fazer o usuário do outro lado se sentir incluído e participar”, afirma. “A gente quebra esse cansaço promovendo essa sensação de proximidade. A intenção não se trata apenas de fornecer uma informação, mas também de possibilitar um vínculo.” Para o executivo, as lives, que ficaram populares no início da pandemia, são um exemplo de experiência maçante, pois o espectador não tem um contato mais próximo com os artistas ou entrevistados.
Assim como Endrigo, o diretor de tecnologia da Associação Paulista de Medicina, tanto Santos, da WebSIA, quanto Barreto, da Mostarda, acreditam em um futuro pós-pandemia com eventos híbridos, nos quais experiências físicas e virtuais serão disponibilizadas para o público. “O evento híbrido veio para ficar. As empresas entenderam que as versões online possuem não só uma capilaridade local, mas a possibilidade de se abrir para o mundo inteiro”, afirma o vice-presidente de inovação da WebSIA. “Assim que liberados os eventos presenciais, certamente os modelos híbridos terão muito espaço, agregando as novas tecnologias para trazer experiências e [uma maior] adesão dos participantes”, complementa o sócio-fundador da Mostarda.
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