Fundada em São Paulo em 1987, a Stefanini é uma das maiores companhias brasileiras de tecnologia da informação (TI), com uma oferta que inclui serviços de consultoria, suporte e terceirização de processos corporativos (BPO). Presente em 41 países, a empresa teve um faturamento de cerca de R$ 4 bilhões em 2020 e emprega mais de 27 mil colaboradores, dos quais quase 60% estão baseados no Brasil.
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“Já tínhamos uma agenda pré-definida e a pandemia somente acelerou este planejamento, que não mudou nos últimos 18 meses”, diz o CEO global da companhia, que pretende investir R$ 500 milhões em aquisições até 2024. Cerca de 50 oportunidades de possíveis aquisições chegam mensalmente à mesa do executivo, cuja companhia comprou mais de 20 empresas nos últimos cinco anos. A empresa romena de segurança Cyber Smart Defense e a N1, consultoria brasileira de TI especializada em serviços na nuvem, estão entre as sete aquisições de 2020.
Neste ano, a atividade de M&As da Stefanini, que começou há mais de uma década, não parou. Segundo o fundador da empresa, o objetivo é fechar pelo menos três aquisições até o fim de 2021, em sua maioria fora do Brasil. Conversas estão acontecendo com empresas atuantes no espaço de serviços digitais em áreas como cibersegurança, analytics, marketing digital e varejo.
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A empresa adquirida, que tem 30 anos de atuação no mercado, acumula mais de 100 clientes no Brasil e América Latina, com sistemas em áreas como renda fixa, derivativos, fundos de investimento, controladoria e pagamentos. Segundo Stefanini, a nova integrante do grupo acrescenta à Topaz “tanto em termos de portfólio como em robustez”.
“Cada vez mais, somos uma venture builder, nós construímos empresas digitais, como a Topaz. A CRK vem para complementar essa estratégia”, pontua. O braço de serviços financeiros do grupo já tinha sido fortalecido no ano passado, com a aquisição da ServCore, de automatização de atendimento a clientes. À época, a Stefanini descreveu a compra como uma de suas maiores e mais importantes aquisições dos últimos anos, e um elemento instrumental dos planos da companhia de aumentar o faturamento da unidade de serviços financeiros entre 40% a 50% até 2024.
A companhia faz suas aquisições sob uma lógica de “crescer junto” e compra participações majoritárias, com sócios-fundadores permanecendo na liderança dos negócios, que se tornam células do grupo.
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Além dos planos de sua empresa, o executivo também está na fase de formalização e definição de um sócio para um fundo de venture capital. O veículo, que será uma entidade apartada da Stefanini e deve investir até R$ 300 milhões em startups aproveitando a experiência da companhia em aquisições de empresas de tecnologia, tem lançamento previsto para agosto.
“Recebemos muitas [abordagens] de empresas que querem ser investidas, e que tem grande potencial, mas não têm um fit com a estratégia da Stefanini. Com um fundo, abriremos mais o leque de opções de investimento”, diz o CEO.
CENÁRIO COMPETITIVO
O espaço que a Stefanini opera se tornou extremamente fragmentado nos últimos anos, segundo o fundador da empresa. “Há muitos anos, em todas as regiões, a IBM era muito maior [em serviços de TI] e hoje eles perderam muito espaço, não são mais a IBM do passado”, avalia.
Mesmo com a competitividade acirrada na indústria de serviços de TI, ainda há espaço de sobra em certos países, diz Stefanini. “A força econômica dos Estados Unidos é brutal, o mercado é muito amplo, os orçamentos lá estão em outro patamar”, diz o CEO. A presença da multinacional brasileira naquele país reflete a demanda regional: 5.000 funcionários da companhia atendem somente a região da América do Norte, sendo que a metade deles é baseada nos Estados Unidos e o restante em territórios offshore.
O mercado global de terceirização de serviços de TI, que é dominado por países como a Índia, está passando por mudanças, segundo o CEO. “No mundo digital, é preciso de talentos mais proativos, que conheçam mais o negócio, que sejam mais interativos com um fuso horário que ajude”, pontua.
Apesar de acreditar que existe uma chance para que o Brasil ocupe parte do espaço da Índia no setor de serviços de tecnologia, Stefanini acha improvável que isso aconteça. “Nem este, nem outros governos aproveitaram esta chance: o país tem uma tradição de perder oportunidades. É preciso que sejam criadas políticas públicas para o desenvolvimento de talentos para a economia digital, investimento em idiomas; mas isso o Brasil não tem e nunca teve”, pontua.
Para além do cenário dinâmico da indústria global em que atua, Stefanini diz que o diferencial de sua companhia passa pela oferta de um vasto portfólio de soluções digitais, sejam elas orgânicas ou de empresas adquiridas. O executivo também destaca um posicionamento como empresa global, com capacidade de sustentar grandes operações, mas que também tem as características necessárias para responder às atuais demandas de transformação digital do mercado.
Angelica Mari é jornalista especializada em inovação e comentarista com duas décadas de atuação em redações nacionais e internacionais. Colabora para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC e outros. Escreve para a Forbes Tech às quintas-feiras
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