Embora o momento para a construção civil não seja o melhor já registrado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o setor tem passado por grandes transformações nos últimos anos no que diz respeito à inovação e modelo de negócios. Enquanto o setor registrou, no ano passado, uma retração de 7%, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), as startups que atuam nesse mercado têm sido alvos constantes de investimentos.
Segundo o relatório “Inside Venture Capital”, desenvolvido pela empresa de inovação aberta Distrito, as startups que atuam no mercado imobiliário – as “proptechs” – já receberam US$ 851,4 milhões em 14 aportes só este ano. Loft, QuintoAndar, EmCasa e Yuca, por exemplo, são algumas das empresas que embolsaram cheques de fundos nacionais e estrangeiros em 2021. O segmento é o segundo mais aquecido do ecossistema de inovação brasileiro, perdendo apenas para as companhias de tecnologia do mercado financeiro, que captaram US$ 2,6 bilhões em 93 rodadas.
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De acordo com o “Mapa das Construtechs & Proptechs 2021”, desenvolvido pela Terracotta Ventures, o número de startups que atuam no setor da construção civil e no mercado imobiliário saiu de 250 em 2017 para 839 neste ano. O crescimento de 235%, segundo o sócio-gestor do fundo Marcus Anselmo, ocorreu por conta dos altos e baixos econômicos dessa indústria. “Depois de 2015, a construção civil sofreu provavelmente sua maior inflexão. Isso deu uma mexida na forma de pensar, fazendo com que o setor absorvesse mais tecnologia”, afirma.
Apesar de grande parte das empresas de base tecnológica do setor se concentrarem em São Paulo – segundo a Terracotta, cerca de 42% delas estão no estado -, Pernambuco vem ganhando destaque no Nordeste, com 3% do total de construtechs e proptechs do país – a maior porcentagem da região – e o sétimo lugar no ranking nacional.
A informação é corroborada pelo levantamento “Startup Scanner”, realizado pela Liga Ventures com a consultoria PwC Brasil, que mostra a capital pernambucana no top 10 tanto do segmento de construtechs (6º lugar), quanto no de proptechs (8º lugar) em número de startups. A cidade é a única representante do Nordeste nas dez primeiras posições de ambas as listas. O estudo utilizou uma base de 16 mil empresas em operação no Brasil para gerar um ranking por categorias de atuação.
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Para Artur Petrus, CEO da PensouEmObra.com – startup que conecta prestadores de serviços a empresas da construção civil e pessoas físicas -, o grande potencializador da inovação recifense é o Porto Digital, parque tecnológico que abriga empresas de tecnologia, oferecendo suporte com mentorias e treinamentos. “[O Porto Digital] é o grande responsável pelo estímulo às startups do Recife”, afirma. “O espaço vem fomentando vários eventos e conexões, convocando empresas a investirem em soluções mais tecnológicas. Essa infraestrutura faz toda a diferença na cidade.”
Na mesma linha de raciocínio, o CEO da startup Marta Inteligência Imobiliária, Sandrelly Coutinho, também enaltece o polo tecnológico construído na capital pernambucana. “Tudo começou na UFPE (Universidade Federal do Pernambuco), que é referência em tecnologia no Brasil”, afirma. “Com a construção do Porto Digital e o surgimento do CESAR Labs e de outros agentes do ecossistema, esse movimento ficou ainda mais forte.” Segundo ele, esse incentivo à inovação, associado a um mercado imobiliário forte no Nordeste, tornou Recife um local propício para o surgimento de construtechs e proptechs. “Tem empresas muito interessantes surgindo por aqui”, diz.
Veja, na galeria de fotos a seguir, uma seleção de seis startups localizadas no Recife que estão mudando o cenário da construção civil no estado:
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Leo Caldas/Divulgacao EXPOIMÓVEL
Ano de fundação: 1999
Setor: Imobiliário
Financiamento obtido até o momento: não revelado
CEO: Thiago Donato
Número de funcionários: 10A Expoimóvel nasceu como um portal imobiliário, mas a sua reinvenção começou nos últimos dois anos. Em 2019, a startup deu uma guinada para a inovação e tecnologia, transformando-se em um marketplace de compra e venda de imóveis. Focada em atender aos nove estados do Nordeste, a proptech quer impulsionar as vendas de empreendimentos na região. Hoje, sua base de clientes conta com mais de 150 construtoras, incorporadoras e agentes do mercado imobiliário. Em breve, a companhia deve captar uma rodada de investimento, conforme revelou o CEO, Thiago Donato. “[Com esse aporte], queremos estimular o desenvolvimento da nossa plataforma, trazendo novas ferramentas de busca e melhorando a experiência do usuário”, afirma.
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Leo Caldas/Divulgação MARTA INTELIGÊNCIA IMOBILIÁRIA
Ano de fundação: 2018
Setor: imobiliário e construção civil
Financiamento obtido até o momento: R$ 2 milhões em duas etapas, um investimento-anjo e uma rodada de venture capital
CEO: Sandrelly Coutinho
Número de funcionários: 25Fundada pelos empreendedores Sandrelly Coutinho e Leonardo Andrade, a Marta Inteligência Imobiliária atua com a captação e análise de dados para auxiliar construtoras em suas tomadas de decisão. De acordo com Coutinho, a proposta da startup é entender os desejos dos consumidores e traduzi-los para as incorporadoras, mostrando quais itens são imprescindíveis na construção de um empreendimento. Entre 2018 e 2020, a empresa gerou mais de R$ 200 milhões em vendas de imóveis que foram lapidados com a coleta de suas informações.
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Divulgação MOLEGOLAR
Ano de fundação: 2016
Setor: construção civil
Financiamento obtido até o momento: nenhum
CEO: Saulo Suassuna
Número de funcionários: 12A partir de uma proposta focada em módulos flexíveis de construção, a Molegolar tem não só auxiliado incorporadoras no desenvolvimento de projetos imobiliários, mas construído os seus próprios empreendimentos. Ao longo dos últimos cinco anos, a construtech já interagiu com mais de 600 incorporadoras de 24 países diferentes. “As construtoras nos contratam visando não apenas a modulação, mas também a eficiência dos projetos”, afirma o CEO Saulo Suassuna. “Com nossa tecnologia, conseguimos diminuir o desperdício de área no desenho, aumentando a área de venda.” Além disso, a companhia tem três prédios próprios em Recife. A pretensão é expandir seus imóveis para São Paulo, Florianópolis, Fortaleza e Rio de Janeiro até o final do ano que vem.
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Divulgação HENT
Ano de fundação: 2019
Setor: financeiro e imobiliário
Financiamento obtido até o momento: R$ 5 milhões
CEO: Leonardo Pinho
Número de funcionários: 17Com a aceleradora internacional Y Combinator e o fundo de venture capital Canary em seu quadro de investidores, a Hent é uma fintech que serve ao mercado imobiliário. Ao atender incorporadoras que procuram vender lotes de terreno, a companhia desenvolveu uma plataforma que realiza a gestão dos recebíveis desse público, que muitas vezes demora entre 10 e 30 anos para receber todo o pagamento pela venda. Além disso, realiza a concessão de crédito para os contratantes. Segundo o CEO Leonardo Pinho, sua solução movimenta R$ 20 milhões por mês.
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Divulgação PENSOUEMOBRA.COM
Ano de fundação: 2016
Setor: construção civil
Financiamento obtido até o momento: nenhum
CEO: Artur Petrus
Número de funcionários: 6É uma construtech que tem como objetivo aproximar empresas da construção civil e pessoas físicas a prestadores de serviços e especialistas do setor. Com 350 companhias pernambucanas e mais de 1.000 usuários registrados na plataforma, a startup possibilita a contratação de mão de obra específica para obras e reformas. De acordo com o CEO, Artur Petrus, a companhia cobra uma mensalidade dos especialistas cadastrados como forma de monetizar a intermediação que sua solução proporciona.
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Divulgação FACILITAT TECNOLOGIA
Ano de fundação: 2018
Setor: construção civil
Financiamento obtido até o momento: nenhum
CEO: Fábio Serrano
Número de funcionários: 9Partindo da ideia de que todo empreendimento precisa de um “manual de instrução”, a Facilitat Tecnologia desenvolveu uma plataforma para a gestão do programa de manutenção preventiva de empreendimentos. Com sua ferramenta, os mais de 120 imóveis residenciais e comerciais registrados podem acompanhar as manutenções em um calendário inteligente, garantindo a segurança das edificações. A empresa atende imóveis de todo o Nordeste, exceto o estado do Piauí, e pretende expandir sua cobertura para a região Sul e Sudeste em 2022. A receita da companhia vem da cobrança da implementação do software, assim como de mensalidades por sua utilização.
EXPOIMÓVEL
Ano de fundação: 1999
Setor: Imobiliário
Financiamento obtido até o momento: não revelado
CEO: Thiago Donato
Número de funcionários: 10
A Expoimóvel nasceu como um portal imobiliário, mas a sua reinvenção começou nos últimos dois anos. Em 2019, a startup deu uma guinada para a inovação e tecnologia, transformando-se em um marketplace de compra e venda de imóveis. Focada em atender aos nove estados do Nordeste, a proptech quer impulsionar as vendas de empreendimentos na região. Hoje, sua base de clientes conta com mais de 150 construtoras, incorporadoras e agentes do mercado imobiliário. Em breve, a companhia deve captar uma rodada de investimento, conforme revelou o CEO, Thiago Donato. “[Com esse aporte], queremos estimular o desenvolvimento da nossa plataforma, trazendo novas ferramentas de busca e melhorando a experiência do usuário”, afirma.
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