Na semana passada, a Globo, em parceria com a Cesar School, lançou o programa ‘Globotech Academy’ cujas inscrições ficam abertas até 14 de janeiro. É a primeira vez que a empresa oferece um programa de formação para pessoas com foco na área de tecnologia. O objetivo é acelerar e desenvolver as competências e habilidades dos profissionais de desenvolvimento de software com nível júnior, buscando alavancar suas carreiras. Ao todo, serão oferecidas 40 bolsas.
A Globo vem investindo em outras iniciativas neste sentido. Trabalharam com a PrograMaria, negócio de impacto social de formação e engajamento de mulheres na tecnologia. Outras parcerias aconteceram com comunidades como Afropython, UX para Minas Pretas e em eventos como o Potências Negras Tec. A Resilia, com foco em pessoas de baixa renda, a TOTI, que trabalha com formação de refugiados e imigrantes e o Educatransforma, programa de formação com foco em pessoas trans, também foram iniciativas apoiadas pela empresa que vem se estruturando como uma midiatech.
Por que empresas tradicionais investem em formação para tecnologia?
Rodrigo Terron, COO da Rocketseat e Forbes 30 Under 30 2021, explica que há alguns anos, a maior parte das empresas se posicionava como sua atividade fim e não como companhias de tecnologia. Com o tempo e a evolução dos dispositivos mobile, desenvolver tecnologia se tornou mais acessível e isso colocou a figura do desenvolvedor no centro do processo. “O fato é que a formação de desenvolvedores não acompanhou esse mesmo ritmo e a grade curricular das universidades sempre esteve atrasada em relação às constantes mudanças tecnológicas, isso gerou o princípio do problema de falta de mão de obra.”
“A partir de 2014 o Brasil passou a entrar no mapa das startups e isso também impacta diretamente na questão de mão de obra. Startups nascendo e recebendo investimento geraram um efeito de transformação nas empresas tradicionais e acelerou mais uma vez a necessidade de investimento em grandes times de tecnologia dentro das empresas. Com a chegada da pandemia, um problema que já era latente foi potencializado: a evasão de profissionais para oportunidades internacionais (mesmo estando no Brasil). Todos esses fatores foram suficientes para atribuir para as empresas uma responsabilidade que originalmente não é do mercado, a de formar como estratégia para atrair e principalmente reter profissionais”, explica.
A Rocketseat, por exemplo, já auxiliou empresas como Globo, Riachuelo e Suzano na oferta de bolsa para estudos de tecnologia. “Definitivamente essa estratégia vai se potencializar, pois as empresas têm investido em ter times de educação tecnológica e usando educação como estratégia de employer branding”, conclui Terron.