Ao justificar sua decisão, a Uber Eats afirmou que passa a concentrar o foco em entrega de compras de supermercado e pacotes. Em especial, no caso de supermercado, a empresa conta com a Cornershop. Desde 2020, a Uber mantinha participação de 53% na startup chilena especializada em compras. Em 2021, adquiriu os 47% restantes e passou a ser dona integral do aplicativo. Nos últimos dois anos, e em especial em função do impacto da pandemia no segmento de last-mile, a categoria supermercado tornou-se cada vez mais estratégica. Ela foi, inclusive, o motivo de crescimento de concorrentes como Rappi e iFood, por exemplo.
Esse movimento foi marcado por uma série de aquisições. Em setembro de 2020, o iFood comprou o SiteMercado. E o Rappi potencializou o que já era uma vertical importante com a aquisição da startup Avocado, no mesmo ano. Em agosto de 2021, uma das principais concorrentes do Rappi na Colômbia, a Merqueo, chegou ao Brasil com investimentos de US$ 20 milhões operando, inicialmente, na Grande São Paulo.
“O Uber Eats vai se concentrar no segmento onde eles têm menor participação, que é a entrega de supermercados. Além disso, o ticket médio da compra em restaurante e de supermercado é bem diferente, sendo o segundo mais alto. O ticket médio da Uber Eats durante a pandemia não mudou, enquanto as concorrentes do mesmo segmento cresceram, fato que pode ter sido importante para a decisão, além da aquisição da Cornershop. O setor de supermercado é o maior do comércio varejista e isso justifica a movimentação”, explica Miguel Huertas, professor de Economia da Universidade São Judas.
Novos players e o surgimento de unicórnios
Vale lembrar que, ainda que iFood, Rappi e Uber Eats concentrem volume desta modalidade de compras, existem várias outras plataformas que atuam no segmento. Supermercado Now, Pão de Açúcar Mais, James Delivery e Carrefour são apenas algumas delas. Além disso, essa modalidade também vem atraindo investimentos.
No início de dezembro, a Daki, plataforma de mercado e entrega ultrarrápida, anunciou, junto à JOKR, sua segunda rodada de investimentos no valor de US$ 260 milhões passando a valer US$ 1,2 bilhão e a ser classificada como um unicórnio. A rodada foi apoiada por Activant Capital, Balderton, Greycroft, G-Squared, HV Capital, Kaszek, Mirae Asset, Monashees, Moving Capital, Tiger Global e outros.
Além da Daki, outros players especializados estão no radar dos investidores. Em dezembro, a Shopper, supermercado on-line, recebeu um novo aporte, desta vez, no valor de R$ 170 milhões. Em outubro, a Favo recebeu aporte de R$ 141 milhões, criada em 2019, a startup opera na região metropolitana de São Paulo e em Lima, no Peru, um modelo de “comunidade de compras”, usando um website e apoio logístico para interligar consumidores a pequenos empreendedores, especialmente em regiões periféricas de grandes cidades.