Digite na sua plataforma de buscas: Itaú e inteligência artificial e verá a quantidade de declarações, análises e conteúdo que relacionam o banco com a tecnologia. Ainda que o tema esteja em alta, popularizado principalmente pelo ChatGPT, o uso de IA sem parcimônia nas falas de lideranças da empresa vai além do discurso: é estratégia.
Desde que assumiu a presidência do Itaú, em fevereiro de 2021, Milton Maluhy priorizou o processo de digitalização do banco em sua agenda, e isso passa por incorporar cada vez mais esse tipo de tecnologia. Agora, com IA generativa ganhando cada vez mais força, o tema extrapolou o campo técnico.
Leia também:
Em entrevista à Forbes Brasil, Moisés Nascimento, Chief Data and Analytics Officer do Itaú, responsável pela tecnologia e área de dados, explica que IA virou tema transversal a toda empresa que vem sendo capacitada para ter compreensão dos impactos e usos das ferramentas relacionadas. “Nessa nova fase da transformação digital do banco, seguida de um período em que fizemos a migração total da plataforma de dados para a nuvem, em 2022, estamos capacitando todos nossos colaboradores, incluindo os C-Levels, em IA e dados, com o objetivo de acelerar ainda mais essa agenda”, destaca Moisés.
5 profissões que serão criadas pela Inteligência Artificial:
-
Getty Images Engenheiros de machine learning
Algumas profissões surgiram do zero, baseadas em cargos tradicionais em tecnologia que temos hoje. Para que os computadores consigam operar com base em dados e algoritmos, os engenheiros de machine learning (aprendizado de máquina), serão cruciais. Responsáveis pela programação, esses profissionais criam e treinam os modelos computacionais para execução de tarefas específicas.
-
picture alliance/Getty Images Designers de prompts para IA
Os designers de prompts para IA são especializados na interação entre humanos e tecnologia. Os prompts são perguntas, instruções e demandas comuns, presentes na comunicação entre o usuário e sistemas como o ChatGPT, por exemplo. O objetivo dessa função é identificar as principais necessidades dos usuários ao interagir com uma inteligência artificial e criar a melhor conversa possível entre máquinas e seres humanos.
-
Ser automotivado
Uma das qualidades críticas de um empreendedor de sucesso é ser automotivado. Nesta linha de trabalho, ninguém mais pode responsabilizá-lo por suas tarefas além de você mesmo. Portanto, você deve entender claramente por que deseja se tornar um empreendedor e estar disposto a fazer o trabalho para atingir seus objetivos.
Quem consegue se manter motivado para trabalhar de forma consistente em meio a dúvidas, tentações e críticas alheias, tem mais chances de sucesso nos negócios do que quem só trabalha quando a motivação ou inspiração vem de fontes externas.
-
Especialista em ética da IA
Mas as mudanças provocadas pela IA não se restringem ao mercado de trabalho. A discussão sobre regulação, segurança e governança precisa acompanhar o desenvolvimento. Por trás de toda tecnologia, existe uma programação realizada por humanos, com ideais e julgamentos particulares. O profissional de ética em IA será responsável por fazer essa análise, bem como se certificar de que os processos lógicos e programados das máquinas não se sobreponham às questões humanitárias. Advogados vão passar a se especializar em questões jurídicas relacionadas à IA. “Em algum momento, as empresas irão precisar de governança ligada à IA para pensar esses limites”, diz a economista Dora Kaufman, professora da PUC-SP e pesquisadora dos impactos éticos da Inteligência Artificial.
-
Anúncio publicitário -
Curadoria de informações para IA
A curadoria para desenvolvimento da IA também está entre as funções importantes nesse mercado que se abre. É a pessoa que vai pesquisar, analisar e selecionar as informações que a IA terá acesso – inclusive tem implicações sobre discussões sobre ética, inclusão e diversidade nos resultados das buscas. “Esse profissional é responsável pela melhoria contínua das interações dos usuários com as interfaces conversacionais. O trabalho é feito por meio da análise das interações, mapeamento e criação de novos exemplos para o modelo de inteligência artificial, e do acompanhamento dos objetivos de negócio”, diz Bonora.
Engenheiros de machine learning
Algumas profissões surgiram do zero, baseadas em cargos tradicionais em tecnologia que temos hoje. Para que os computadores consigam operar com base em dados e algoritmos, os engenheiros de machine learning (aprendizado de máquina), serão cruciais. Responsáveis pela programação, esses profissionais criam e treinam os modelos computacionais para execução de tarefas específicas.
Além de IA, o Itaú também investe em computação quântica. Em junho, o banco anunciou uma parceria com a IBM para acelerar estudos e testes. “No caso de derivativos, para te dar um exemplo, o que eu levaria anos para calcular, hoje a computação quântica faz de forma muito rápida. E ela não vai substituir a computação tradicional, mas sim complementar.”
Forbes Brasil – Qual o atual estágio de digitalização do Itaú?
Moisés Nascimento – Em 2022, concluímos nossa migração da plataforma de dados para a nuvem e criamos a estratégia que descentralizou nossas soluções de dados. Isso gerou mais velocidade nos trabalhos de análise e inteligência artificial. Também garantiu governança centralizada e mais segurança. Foi fundamental para acelerar ainda mais essa nova fase a capacitação de todo o banco. Os colaboradores, inclusive C-Levels, passaram por treinamento de dados e inteligência artificial.
FB – Na prática, o que significa treinar um colaborador, e mesmo um C-Level, em dados e IA, qual a camada de conhecimento necessária? Ela é técnica? Conceitual?
Moisés – Em linhas gerais, é entender a linguagem de dados. Poder criar hipóteses a partir dessas informações. Entender como evolui uma solução de inteligência artificial. Saber aplicar a tecnologia através de cases de negócios e financeiros. Compreender e tornar cada vez mais natural essa conversa. Como eu olho para o resultado e crio uma hipótese? Entender padrões de comportamento e uma série de outras possibilidades faz parte desse repertório.
Leia também:
FB – Quais outros grupos, além dos C-Levels, têm sido estratégicos nesse letramento de inteligência artificial e dados?
Moisés – Hoje, no banco, todas as comunidades usam IA e dados. Mas um grupo importante em que focamos foi o de product management. Os líderes de produtos, para que eles possam inserir a tecnologia como parte do design e áreas mais avançadas, dentro de cada produto, desenhar features e outras possibilidades. Melhorar, por exemplo, navegação dos apps. Isso melhora o que já temos e cria novas possibilidades. Isso vale para IA tradicional como também para IA generativa. Permite encontrar nichos de mercado e oportunidades para oferecer soluções.
FB – Falando especificamente dos profissionais de tecnologia, existe um desafio de demanda no Brasil, qual perfil vocês precisaram contratar mais nesses últimos anos?
Moisés – Eu diria que um profissional de tecnologia mais próximo do cliente. Que entenda o negócio na ponta. O problema e a comunidade com o qual estamos lidando. Isso é cada vez mais necessário para voltarmos com soluções de tecnologia cada vez mais assertivas. Além desse entendimento de negócios, também é necessário um profissional entenda como a IA pode potencializar seus produtos e soluções.
Leia também:
FB – Quando falamos de IA generativa, ainda que não se trate de uma tecnologia nova, já é possível dizer que se trata de uma revolução?
Moisés – De fato, quando falamos de IA generativa, é sim, importante olhar com cautela. Principalmente porque é uma tecnologia em desenvolvimento. Mas ela é muito promissora e cobri várias frentes. Neste sentido, nós temos rodado com cautela e com parceiros como Microsoft, OpenAI e AWS para aprender juntos. Agora, na minha opinião, sim, IA generativa é uma grande revolução. Vai revolucionar processos, profissões e uma série de setores. Não sei responder como será, mas posso te dizer que teremos novas indústrias e muito impacto.