No final de junho, durante um evento do setor de eletrificação em Las Vegas, Stu Crow, presidente da Lake Resources, alertou para um descompasso entre a demanda global por carros elétricos e a atual capacidade de produção de lítio. O metal, atualmente um dos mais usados do planeta na fabricação de componentes eletrônicos, é matéria-prima importante para as baterias de carros movidos por esse tipo de energia — não por acaso, o lítio também conhecido como “ouro branco” ou o “petróleo do século 21” devido a sua versatilidade.
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De acordo com a Tupinambá Energia, as baterias de íons lítio são as mais comuns, principalmente porque possuem maior ciclo de vida e não demandam manutenções. Em parte, isso explica o movimento de empresas chinesas rumo à América do Sul, em especial a países como Brasil e Chile. O país andino é o maior produtor de lítio do mundo, responsável por 37,9% do volume, e junto com Argentina e Bolívia forma o chamado “Triângulo do Lítio”. Mas, no ranking de países, a Austrália vem em segundo lugar, com 36,5%, seguida por China, com 11,3%.
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O Brasil, de acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia, tem 1,2% da produção global e vem ampliando esse percentual desde 2012. Ao anunciar, em julho, o interesse na compra da fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia, Stella Li, vice-presidente da chinesa BYD, ressaltou a importância da região para a exploração do metal e ressaltou, inclusive, investimentos direcionados a esse fim. “Neste momento, temos uma equipe de engenharia na região, em especial no Chile, para estudos de viabilidade e seleção do local”, disse Stella. A BYD pretende investir quase US$ 300 milhões nesse projeto.
Lítio brasileiro
Mas e o Brasil? Em entrevista a Forbes Brasil, nesta terça-feira (15), na sede da companhia, em Shenzhen, na China, Stella também destacou o potencial do país em relação à matéria-prima. “Já identificamos, por exemplo, a capacidade de Minas Gerais em produzir o minério e também estamos considerando a viabilidade de contar com o Brasil neste sentido. Não só baseado em nossos esforços, mas também considerando parcerias locais”, disse a executiva.
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Em maio deste ano, o Governo de Minas Gerais lançou o projeto Vale do Lítio. Direto de Nova York, especificamente na Nasdaq, Romeu Zema, governador do estado, apresentou o projeto econômico cujo objetivo é desenvolver cidades do Nordeste e Norte do estado em torno da cadeira produtiva do lítio. O Vale do Lítio reúne 14 municípios: Araçuaí, Capelinha, Coronel Murta, Itaobim, Itinga, Malacacheta, Medina, Minas Novas, Pedra Azul, Virgem da Lapa, Teófilo Otoni e Turmalina, no Nordeste de Minas, e Rubelita e Salinas, no Norte mineiro.
“O Vale do Lítio tem condições de ser um dos principais polos mundiais de fabricação e de desenvolvimento de tecnologias nesse setor. Estamos prontos para auxiliar os investidores com todas as informações disponíveis para que tragam seus projetos para Minas Gerais e aproveitem essa oportunidade de negócio”, disse o diretor-presidente da Invest Minas, João Paulo Braga, à Agência Minas na época do lançamento do projeto.
Elon Musk e o lítio sul-americano
A América do Sul, e não somente o Chile, mas outros países como Bolívia, já estiveram na mira de empresas como Tesla e Elon Musk. Em julho de 2022, quando visitou o Brasil, apesar de ter direcionado o foco para investimentos na Amazônia, o bilionário chamou a atenção pelo interesse da Tesla em reservas de lítio na região. Além disso, no passado, Musk já havia feito declarações polêmicas sobre a região.
Os Estados Unidos, em seu documento de estratégia de materiais críticos do Departamento de Energia, apontaram o lítio como a primeira dentre as 16 matérias-primas consideradas fundamentais para a transição energética.
*De Shenzhen, na China