Segundo CEOs brasileiros, falta de qualificação é a principal barreira da digitalização

29 de setembro de 2023

Ariel Grunkraut, CEO da Zamp: investimento de R$ 60 milhões por ano que também envolve qualificação para a tecnologia

O que motiva o CEO brasileiro a investir mais, ou menos, em transformação digital? Ou qual o desafio de um CTO ao colocar em prática um plano de digitalização? Essas foram algumas das perguntas que o estudo “Transformação Digital e Líderes de Negócios” buscou responder ao ouvir 373 C-Levels das mais diversas áreas e indústrias do Brasil. A pesquisa foi realizada pelo instituto Data-Makers e a agência de relações públicas CDN. Quando questionados sobre os principais desafios para a digitalização, 46% dos líderes apontam falta de profissionais qualificados como desafio e 37% atribuem ao baixo conhecimento sobre os assuntos relacionados.

O estudo mostra que 73% dos CEOs e C-Levels consideram a pauta da digitalização como de extrema importância para o futuro dos negócios. Do ponto de vista de familiaridade com o assunto, um terço dos líderes afirma ter total conhecimento sobre o tema. “A pesquisa mostra que as lideranças estão mais envolvidas com digitalização em comparação com ESG e Diversidade, por exemplo. Os executivos foram cirúrgicos em apontar a capacitação de profissionais e a falta de cultura como principais barreiras, mostrando um entendimento de que não bastam somente ferramentas e tecnologia”, avalia Fabrício Fudissaku, CEO da Data-Makers.

Transformação digital em pauta

Sobre a atenção que a transformação digital recebe dentro das empresas, as opiniões se dividem em dois grandes grupos: 41% acreditam que o tema merece um olhar mais dedicado e 49% acham a atenção que ele ganha já satisfatória. Na comparação sobre o estágio de maturidade digital de suas companhias com o mercado, os líderes adotaram uma postura de cautela: metade dos entrevistados indicaram que suas organizações estão na média, enquanto 29% colocaram suas empresas como inferiores.

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Ao assumir como CEO da Zamp, holding do Burger King e Popeyes, em janeiro deste ano, Ariel Grunkraut reforçou à Forbes Brasil a importância que ele, como C-Level, vinha dando ao tema nos últimos anos quando, inclusive, cuidava das áreas de marketing e tecnologia. O executivo anunciou, por exemplo, a manutenção dos investimentos de R$ 60 milhões por ano em tecnologia, compondo na pesquisa o grupo que considera digitalização como uma disciplina que ganha cada vez mais atenção. Esse processo de digitalização também envolveu a contratação de profissionais especializados e novos perfis. “O time de tecnologia da Zamp já chega a 250 pessoas dentro de um universo de 800 profissionais que atuam no corporativo. Sem dúvida foi alta a aposta que fizemos em tecnologia nos últimos três anos. Investimos entre R$ 50 e R$ 60 milhões anuais neste período e vamos manter esse ritmo”, destacou Ariel.

“Pela primeira vez na história, com o aumento de soluções de inteligência artificial, temos uma tecnologia com alto poder de transformação acessível para empresas de todos os tamanhos e profissionais de todas as áreas. As soluções prontas de inteligência artificial como o ChatGPT e MidJourney diminuem drasticamente a curva de aprendizado e podem trazer ganhos imediatos na automação de tarefas, análises avançadas e melhorar a tomada de decisões. No entanto, para aproveitar ao máximo esses benefícios, as empresas precisam focar seus esforços em promover uma mentalidade de experimentação e aprendizado contínuo. Uma cultura que abraça a mudança constante e celebra a experimentação deve ser o ponto de partida de projetos de inovação bem-sucedidos. A transformação digital sempre começa com uma mudança de mentalidade, não apenas com tecnologia”, diz Jader Crivelaro, Chief Strategy Officer da DM9.

Apenas 17% dos profissionais ouvidos avaliaram o estado atual de suas empresas como avançado, onde há estratégia de digitalização sistêmica definida e modelo de negócios e cultura adaptados à transformação tecnológica. O porte da empresa é a variável mais importante nesse dado. Quanto maior ela é, mais avançado está o seu estágio de maturidade digital. “O que a gente percebe nos mais diferentes níveis, tamanhos e segmentos de empresas é a demanda cada vez mais latente pelo pensamento data-driven para embasar tomadas de decisão. Não por acaso, utilizamos muita inteligência de dados em todos os nossos processos e entregas, incluindo ferramentas como o IQEM (Índice de Qualidade de Exposição na Mídia), que se tornou um KPI importante de mensuração para comunicação, orientando rumos estratégicos e o nível de investimento das empresas”, afirma Fernanda Dantas, head de Digital e Inteligência de Dados da CDN.

O futuro da digitalização

O estudo aponta para uma boa perspectiva de futuro em termos de investimento em transformação digital. Entre os líderes ouvidos, 47% afirmam que a tendência em suas empresas é de aumento dos aportes nesse sentido, enquanto 49% pretendem pelo menos manter o nível de injeção de verba. Apenas 4% falam em diminuir o investimento. Entre as tecnologias que deverão receber mais atenção nesse movimento dentro dos próximos 12 meses, destaque para Inteligência Artificial (38%), Machine Learning (26%), Big Data (23%) e Internet das Coisas (20%). “Vemos no dia a dia o crescente interesse dos líderes de negócios de todos os setores e áreas por inteligência artificial e big data. Além de pesquisas, atuamos como agência de big data e é notório o quanto os líderes de negócios brasileiros vêm amadurecendo nestes temas. Pensando nesta demanda, o próximo estudo da série Data-Leaders será sobre IA”, pontua Fabrício.

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Outro ponto interessante é que a grande maioria dos líderes irá se envolver em iniciativas de transformação digital. Enquanto CEOs estão mais propensos a apoiar (51%) e liderar (23%) tais iniciativas, os C-Levels se destacam pela participação ativa nos projetos (37%). Nas grandes e médias empresas, vemos líderes dispostos a apoiar as iniciativas (57% e 63%, respectivamente), enquanto nas pequenas empresas, vemos a participação direta como principal forma de colaboração (48%).

5 profissões que serão criadas pela Inteligência Artificial:

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Designers de prompts para IA Mais em alta ainda devem estar os designers de prompts para IA, especializados na interação entre humanos e tecnologia. Os prompts são perguntas, instruções e demandas comuns, presentes na comunicação entre o usuário e sistemas como o ChatGPT, por exemplo. O objetivo dessa função é identificar as principais necessidades dos usuários ao interagir com uma inteligência artificial e criar a melhor conversa possível entre máquinas e seres humanos.more
Ser automotivado Uma das qualidades críticas de um empreendedor de sucesso é ser automotivado. Nesta linha de trabalho, ninguém mais pode responsabilizá-lo por suas tarefas além de você mesmo. Portanto, você deve entender claramente por que deseja se tornar um empreendedor e estar disposto a fazer o trabalho para atingir seus objetivos. Quem consegue se manter motivado para trabalhar de forma consistente em meio a dúvidas, tentações e críticas alheias, tem mais chances de sucesso nos negócios do que quem só trabalha quando a motivação ou inspiração vem de fontes externas.more
Especialista em ética da IA Mas as mudanças provocadas pela IA não se restringem ao mercado de trabalho. A discussão sobre regulação, segurança e governança precisa acompanhar o desenvolvimento. Por trás de toda tecnologia, existe uma programação realizada por humanos, com ideais e julgamentos particulares. O profissional de ética em IA será responsável por fazer essa análise, bem como se certificar de que os processos lógicos e programados das máquinas não se sobreponham às questões humanitárias. more
Curadoria de informações para IA A curadoria para desenvolvimento da IA também está entre as funções importantes nesse mercado que se abre. É a pessoa que vai pesquisar, analisar e selecionar as informações que a IA terá acesso - inclusive tem implicações sobre discussões sobre ética, inclusão e diversidade nos resultados das buscas. “Esse profissional é responsável pela melhoria contínua das interações dos usuários com as interfaces conversacionais. O trabalho é feito por meio da análise das interações, mapeamento e criação de novos exemplos para o modelo de inteligência artificial, e do acompanhamento dos objetivos de negócio”, diz Bonora. more