Para esses 5 artistas, a IA se tornou uma aliada criativa

20 de outubro de 2023
Divulgação/Ceren Arslan

A fundadora do EXIT, projeto de arte que cria espaços arquitetônicos semi-fictícios, usa IA para criar cenários inovadores.

Juntas, as palavras ‘inteligência e artificial’ evocam sentimentos complexos. Para alguns, elas marcam o fim da criatividade humana, como a conhecemos. Para outros, é uma ferramenta para desbloquear um potencial criativo ilimitado. Em um mundo onde a tecnologia e a criatividade são frequentemente vistas como estranhas companheiras, uma nova vanguarda está surgindo. Alguns artistas estão abraçando a IA como colaboradora e parceira, atuando como um canal entre os reinos desconhecidos de sua imaginação e o mundo tangível.

Esta não é uma história de robôs roubando empregos – embora isso certamente seja interessante. Em vez disso, esta é a história daqueles que decidiram que a IA não é algo a temer; é uma parceira de pesquisa e motor de inspiração. Esses indivíduos estão se adaptando a uma nova realidade não com apreensão, mas de mente aberta, convidando a IA para participar de seus empreendimentos artísticos.

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A seguir, conheça cinco artistas que deram um salto após levantarem um questionamento importante: Como a IA pode apoiar o processo criativo?

Charlie Engman, artista

Divulgação/Charlie Engman

O artista já atraiu gigantes comerciais como Prada, Hermès e Nike.

Como fotógrafo, diretor de arte ou, como ele mesmo diz, “simplesmente artista”, o trabalho de Charlie Engman ultrapassa os limites da criação de imagens tradicionais. Afinal, ele está na vanguarda do movimento de arte com IA. A visão única de Engman é profundamente influenciada por seu background acadêmico em estudos japoneses e coreanos e sua formação em dança moderna. O artista continua a desafiar fronteiras, seu trabalho já apareceu nas páginas de publicações como AnOther, Dazed, Garage e atraiu gigantes comerciais como Prada, Hermès e Nike.

“Os geradores de imagens com IA são treinados por conjuntos de dados de milhões de imagens preexistentes, o que os tornam ferramentas fascinantes para explorar algumas das questões centrais da minha prática criativa. Esses modelos me ajudam a responder questões, por exemplo: Como as imagens se relacionam umas com as outras? Que expectativas trazemos para as imagens e como essas expectativas são estabelecidas e reforçadas? Que propósito essas expectativas servem e como podemos interagir com essas expectativas?”, conta Engman. Embora a IA use imagens feitas pela cultura visual humana, elas não estão limitadas pela lógica ou códigos culturais humanos – afinal, a IA não é humana! Ela expõe e desafia as convenções e as possibilidades presumidas da cultura de maneiras que estão expandindo minha pesquisa e produção.”

Marie Laffont, designer de calçados

Divulgação/Marie Laffont

“A IA me permitiu criar e projetar mundos que existiam apenas na minha mente”, diz a designer.

Para sua última coleção, intitulada “UCRONIA”, a designer de calçados Marie Laffont usou IA para criar uma sessão de fotos virtual inspirada nas maravilhas arquitetônicas da antiga Nova York. Ambientada em meio a um cenário de tempestade de inverno distópica, “UCRONIA” se desenrola como uma narrativa em um reino atemporal semelhante a uma utopia. Para dar vida à sua visão, Laffont pediu para IA se inspirar em elementos de ficção científica e no filme “12 Macacos”, a adaptação de Terry Gilliam de “La Jetée”. Todos os modelos são feitos pela tecnologia, e os sapatos de Laffont foram posteriormente adicionados às modelos por meio de Photoshop.

“A IA me permitiu criar e projetar mundos que existiam apenas na minha mente. 100% do meu último catálogo foi feito com IA. Foi uma nova forma de trabalho para mim. Eu pesquisei, criei painéis de inspiração e vi isso ganhar vida apenas a partir de uma descrição. Em uma sessão de fotos física, há limites para o que você pode fazer — seja custo, logística ou ambiente. Com a ferramenta, pude superar algumas das barreiras que normalmente enfrentaria como uma marca jovem. Eu não acredito que a IA substituirá editoriais, mas ela servirá como mais uma saída criativa”, compartilha Laffont.

A.A. Murakami, dupla de artistas

Divulgação/A.A. Murakami, dupla de artistas

As contribuições artísticas da dupla são parte das coleções permanentes de instituições como o Museu de Arte Moderna de Nova York e o M+, em Hong Kong.

A.A. Murakami, dupla artística por trás do projeto na Web3 conhecido como Floating World, são pioneiros em ‘Tecnologia Efêmera’. Como artistas, eles habilmente aproveitam a tecnologia para evocar cenários primordiais e visões do futuro, criando ambientes sensoriais que formam uma série contínua de obras. Suas contribuições artísticas os levaram a fazer parte das coleções permanentes de instituições como o Museu de Arte Moderna de Nova York, o Centro Pompidou, em Paris, e o M+, em Hong Kong.

“Nossa recente obra digital, que está em andamento, usa código generativo para criar milhares de resultados, dos quais selecionamos nossos favoritos e usamos a IA para identificar as características daqueles selecionados para que possamos extrair pontos em comum e adaptar o código para gerar mais resultados desejados”, afirmam A.A. Murakami.

Ceren Arslan, cenógrafa e artista

Divulgação/Ceren Arslan

A fundadora do EXIT, projeto de arte que cria espaços arquitetônicos semi-fictícios, usa IA para criar cenários inovadores.

Como cenógrafa na Bureau Betak e fundadora do EXIT, um projeto de arte que cria espaços arquitetônicos semi-fictícios, Arslan não é estranha à fusão de tecnologia e artes. O trabalho da artista transporta as pessoas para lugares etéreos, provocando interpretações não convencionais de contextos familiares. Abraçando a ideia do escapismo, seu estilo distinto e estética neo-brutalista ganham vida em produções tanto digitais quanto físicas. Arslan colabora com designers, marcas e a IA para expandir os limites de seu trabalho, resultando em produtos e imagens cativantes.

“A IA é uma ferramenta incrível e uma nova camada de comunicação. Tenho aprendido significativamente sobre ela. Quando o seu principal meio de expressão são espaços, você deve considerar tudo, incluindo o cenário, a iluminação, o clima, a atitude, o ethos do design, a linguagem, a história e a estética. Quando eu imagino um espaço com a IA, cada detalhe se torna impecavelmente realizado, resultando em um profundo nível de realismo”, diz Arslan.

Marcela Ortiz-Rubio, escritora e editora

Divulgação/Marcela Ortiz-Rubio

Com uma profunda paixão pela exploração, a escritora e especialista em relações públicas já morou em sete cidades e visitou mais de 45 países.

Como colaboradora digital para a Architectural Digest México, a expertise de Ortiz-Rubio está relacionada a estilo de vida e viagens, reforçada pelo seu uso habilidoso da IA para ampliar sua escrita e pesquisa. Com uma profunda paixão pela exploração, a escritora e especialista em relações públicas já morou em sete cidades e visitou mais de 45 países. Suas palavras transportam os leitores para novos destinos, levando-os consigo enquanto ela se imerge na rica tapeçaria da arte local, moda e cultura.

“A IA desempenhou um papel fundamental no meu processo criativo como escritora. Embora alguns escritores hesitem em adotar a IA, eles muitas vezes a utilizam inconscientemente em seu trabalho. Por exemplo, confio em verificadores de gramática e ortografia com IA, como o editor de texto da Microsoft e, mais recentemente, o Grammarly. Outras vezes, tenho um ótimo artigo em mãos, e a IA me ajuda a criar títulos chamativos e otimizar o conteúdo para SEO, um aspecto crucial na publicação online. É importante mencionar que, embora eu acredite que a IA pode ser uma ferramenta valiosa para escritores (e outros artistas) quando usada da maneira correta, ela definitivamente não substitui a criatividade humana”, alega Rubio.

(Traduzido por Caroline De Tilia)