CEO da Heineken conta como usa IA e por que um C-Level não deve temer a tecnologia

18 de dezembro de 2023

Mauricio Giamellaro: “Os líderes precisam ter, em primeiro lugar, humildade para lidar com um contexto de tantas transformações onde a inteligência artificial é um elemento importante˜

Inteligência artificial foi a tecnologia mais mencionada no Google durante o ano de 2023. E essa euforia em torno do termo também chegou à mesa dos CEOs. Ainda que todo o hype no entorno da IA não ganhe a mesma proporção entre os executivos, considerando que as empresas já aplicam a tecnologia há anos, o longo prazo alterado pela inteligência artificial está na agenda das principais lideranças de negócios.

Não é diferente com Mauricio Giamellaro, CEO da Heineken no Brasil. O executivo, que falou com exclusividade sobre o tema à Forbes Brasil, na cervejaria da empresa ,em Jacareí, no interior de São Paulo, ressalta que, quando o tema é tecnologia, é necessário ter humildade. Um dia antes dessa entrevista, Giamellaro fez uma espécie de mentoria reversa com o time de tecnologia onde aprendeu vários aspectos interessantes da IA.

“Os líderes precisam ter, em primeiro lugar, humildade para lidar com um contexto de tantas transformações onde a inteligência artificial é um elemento importante. Eu aprendo muito conversando com nossos especialistas em tecnologia. Inteligência  artificial, em especial, já é uma tecnologia muito presente no dia a dia de Heineken”, destaca Giamellaro que, mencionou, em entrevista, como a empresa aplica IA generativa atualmente.

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Forbes Brasil – Como a Heineken aplica IA generativa em seus processos atualmente?
Mauricio Giamellaro – São várias as aplicações, mas eu destacaria um tripé importante que tem relação com nossa gestão de dados. Com dados de previsão e IA eu consigo, por exemplo, em uma das nossas cervejarias que mais atuam com dados, que é Ponta Grossa, no Paraná, me antecipar a cor da cerveja. Se antes utilizávamos o olhar humano, hoje a tecnologia me diz se aquele produto está padronizado ou não. Também mapeamos temperatura da água e qualidade dos ingredientes. Com isso, eu aplico IA no sistema de gestão de qualidade, redução de desperdício e manutenção de abastecimento.

FB – E do ponto de vista de gestão da empresa, onde se aplica IA?
Mauricio – Temos um sistema muito interessante hoje que consegue me indicar, a partir de uma série de dados e informações, se um funcionário está prestes a sair da empresa, por exemplo, considerando várias informações. Isso é muito importante porque a partir dessa análise eu consigo agir e reduzir o meu turnover. São uma série de possibilidades e ferramentas que a IA generativa nos permite atuar como empresa.

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FB – Quais foram os movimentos recentes da Heineken no Brasil em termos de investimento em inovação e tecnologia?
Mauricio – A Heineken investiu R$4,5 bilhões no Brasil. Naturalmente, esse investimento também vem acompanhado de uma estrutura de tecnologia muito importante. Nós temos uma vice-presidência de tecnologia, a previsão da inauguração da fábrica de Passos (MG), em 2025, que será uma das mais tecnológicas que temos. Ou seja, temos sim tecnologia de ponta nas cervejarias, mas também nos processos e na nossa gestão.

FB – Como a ajuda na relação com os consumidores?
Mauricio – Temos uma plataforma que nos ajuda a conhecer o cliente a partir dos dados, a Heishop, mais de 200 mil clientes B2B comprando através deste site. Esse é um exemplo muito importante que reforça também o potencial da IA para conhecer o consumidor.

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FB – Qual o papel de um CEO diante de tantas mudanças, inclusive de compreender as novas tecnologias?
Mauricio – O CEO precisa ter postura de humildade e aprendizado. E muito mais importante você entender como pode potencializar o uso dessas tecnologias do que apenas se preocupar sobre o que vai acontecer com o trabalho. Eu acredito que a IA vai nos trazer muitas possibilidades que ainda nem imaginamos.