Um estudo de cinco anos sobre uma galáxia que misteriosamente se iluminou em 2019 observou mudanças inéditas, pois acredita-se que a luz é resultado de um buraco negro massivo em seu núcleo, que está devorando o gás em seus arredores e, consequentemente, limpando o sistema de corpos celestes.
Núcleo galáctico ativo
Buracos negros massivos existem no centro da maioria das galáxias, incluindo a Via Láctea, mas geralmente estão “adormecidos” e não são visíveis. A galáxia, chamada SDSS1335+0728, agora é classificada como um núcleo galáctico ativo, ou seja, com uma região brilhante e compacta alimentada por um buraco negro.
Outras causas para o repentino aumento de luminosidade das galáxias — como uma supernova (estrela em explosão) — foram descartadas porque o sistema permaneceu brilhante por muito tempo, quase cinco anos depois de se iluminar pela primeira vez em dezembro de 2019, conforme observado pelo telescópio Zwicky Transient Facility na Califórnia.
Tempo real
A oportunidade de observar em tempo real a ativação repentina de um núcleo galáctico é uma novidade para os astrônomos. “Imagine que você está observando uma galáxia distante há anos, e ela sempre esteve calma e inativa”, disse Paula Sánchez Sáez, astrônoma do Observatório Europeu do Sul da Alemanha e principal autora do estudo que será publicado na Astronomy & Astrophysics. “De repente, seu núcleo começa a mostrar mudanças dramáticas no brilho, diferentes de qualquer evento típico que já vimos antes.”
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Evento único
Além de ficar mais brilhante nos comprimentos de onda ópticos da luz, a galáxia agora está irradiando muito mais luminosidade nos comprimentos de onda ultravioleta, óptico e infravermelho, dizem os pesquisadores.
Em fevereiro, ela também começou a emitir raios X. Os astrônomos nunca viram nada parecido. “A opção mais tangível para explicar esse fenômeno é que estamos vendo como o núcleo da galáxia está acendendo”, disse a coautora Lorena Hernández García, do Instituto de Astrofísica do Milênio e da Universidade de Valparaíso. “Se for assim, esta seria a primeira vez que vemos a ativação de um buraco negro massivo em tempo real.”
Via Láctea
O que está acontecendo com a SDSS1335+0728 sugere que o mesmo é possível na Via Láctea, onde seu buraco negro massivo, Sgr A*, poderia despertar.
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A galáxia, que está a 300 milhões de anos-luz de distância na constelação de Virgem, tem sido estudada desde 2019 usando o Very Large Telescope do ESO e o Telescópio de Pesquisa Astrofísica do Sul (SOAR) no Deserto do Atacama no Chile, o Observatório W. M. Keck no Havaí, e dois telescópios espaciais da NASA, o Observatório Neil Gehrels Swift e o Observatório de Raios X Chandra.