Fiel a seu primeiro e único emprego, Paulo Sousa, zootecnista e filho de uma família de pecuaristas de Goiás, analisa os desafios do agro brasileiro neste ano particularmente desafiador – mas ainda assim de excelentes resultados. Com faturamento de R$ 49 bilhões em 2019 (7% maior que o ano anterior) e 11 mil funcionários, a Cargill é uma das maiores indústrias de alimentos do país (onde está desde 1965), tendo seu principal foco na produção de soja e milho para exportação (75% do total). O volume total originado, processado e comercializado superou 36 milhões de toneladas em 2019 (12% de crescimento).
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Sobre o bombardeio de notícias nem sempre positivas, Sousa diz: “Existe muito desconhecimento por parte de quem está distante do campo. Outro dia viralizou um vídeo com supostos maus tratos numa criação de porcos. Eu vi e não encontrei nada que não fosse o que qualquer produtor de suínos pratica”. E as queimadas? “Eu nasci no Cerrado. Vejo queimadas desde criança. O Brasil Central é tão seco que qualquer coisa pode iniciar um incêndio. Além disso, a mudança climática é um fato. Quem planta soja e milho, por exemplo, não vai pôr fogo por nada neste mundo, seria um enorme prejuízo.” Há por trás de tudo isso um jogo de interesses geopolíticos: “Só não podemos ser ingênuos de acreditar que tudo é conspiração. Um pouco de culpa o agro tem”.
Esse fluxo de informação e contrainformação é para Sousa a maior ameaça ao agro brasileiro. “O risco é a percepção do mercado de não sustentabilidade em relação a nossas florestas. E aí não adianta um engravatado dizer que aquilo é mentira. Temos que fazer nossa parte e mostrar como trabalhamos, avançar, dar o exemplo.”
Por fim, falando em tecnologia, qual seria o sonho de consumo do presidente da Cargill? “Algo que pudesse rastrear um grão de soja do Porto de Santos até chegar à propriedade onde foi produzido. Sabendo quem produziu e como, poderíamos premiar os que fazem a coisa certa e eliminar os que agem na ilegalidade. E acabaríamos com nossos problemas ambientais.”
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