Açaí em fábrica flutuante, a nova saga amazônica pronta para navegar

30 de abril de 2021

Conhecido como "ouro roxo", o açaí é muito importante para a economia de populações ribeirinhas

Divulgação

Balsa-fábrica processará 20 toneladas de açaí e 12 toneladas de polpa congelada de açaí

Chamado de “epopeia maluca”, o filme dos anos 1980 – Fitzcarraldo – tornou-se um ícone da história do cinema alemão, mostrando barcos singrando nuvens nos rios amazônicos, com o impagável ator Klaus Kinski no papel do real visionário irlandês Brian Sweeney Fitzgerald. No filme, um barco gigante tenta encontrar uma nova rota para transportar a borracha, o “ouro branco” da Amazônia. Quatro décadas depois, e agora não mais como ficção, uma enorme balsa deve ganhar as águas do rio Amazonas neste mês de maio, mas destinado a fazer história com outro tipo de ouro: o “ouro roxo” da Amazônia, como é chamado o açaí.

Com investimento da ordem de R$ 20 milhões para o projeto sair do campo das ideias e chegar às águas dos rios amazônicos, os grupos Valmont – empresa do setor de agricultura de precisão – e Transportes Bertolini, construíram uma balsa-fábrica para o processamento diário de 20 toneladas de frutos e 12 toneladas de polpa congelada de açaí. A estrutura de 2 mil metros quadrados utiliza uma série de painéis solares para ter o seu funcionamento garantido – além de geradores a diesel e baterias B-box para armazenamento de energia para uso posterior.

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“O projeto é extremamente complexo. É uma indústria inteiramente construída sobre uma balsa, totalmente off-grid, ou seja, sem ligação à rede elétrica, baseada na energia solar gerada em painéis e no seu armazenamento em baterias. É um projeto pioneiro no país”, afirma Fábio Yanagui, presidente da Valmont Solar Solutions.

A navegação da balsa-fábrica ocorrerá nas calhas dos rios Solimões, Japurá, Juruá, Purus e Madeira. Além do uso de energia solar no projeto, sua sustentabilidade também é marcada pela inclusão de uma ETE (Estação de Tratamento de Efluentes) própria. A unidade possui a capacidade de tratar cerca de 15 mil litros de rejeito por hora. Conforme nota da assessoria, a qualidade da água retornada ao rio é maior do que quando é captada para o uso na fábrica.

O açaí utilizado no processamento da fábrica será comprado diretamente de fornecedores que atuam nas comunidades dos rios em que a balsa/fábrica navegará. Estima-se que 50 empregos diretos serão gerados. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a região norte responde por 92,1% da produção total do fruto no país. O mesmo levantamento aponta que a indústria do açaí produziu 1,6 milhão de toneladas avaliadas em torno de R$ 3,03 bilhões.

O “ouro roxo” representa uma das principais fontes de renda para a população ribeirinha. Com a balsa-fábrica, de acordo com a Valmont e Bertolini, espera-se aumentar a renda dessas comunidades ribeirinhas em até 300%, alcançando R$ 5 milhões anuais.

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