Representantes da indústria ouvidos pela Reuters afirmam que o volume de recursos para financiamento de máquinas e equipamentos pela linha Moderfrota se esgotaram no fim do ano passado. Mesmo assim, produtores mais capitalizados pela alta das commodities seguem com avidez nas compras.
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Ele afirmou que “qualquer brasileiro já sentiu que existe um tremendo déficit fiscal no governo”, em função dos gastos decorrentes da pandemia da Covid-19, por isso o setor agrícola já está atento a outras formas de arcar com os investimentos.
“Acho que vão procurar enfatizar alternativas de financiamento, isso está absolutamente claro”, acrescentou.
O momento é de incertezas para o Plano Safra, uma vez que o Congresso Nacional aprovou a Lei Orçamentária Anual (LOA) com cancelamentos de recursos que totalizam R$ 2,5 bilhões. A medida resultou em diretriz do Ministério da Economia para a suspensão, pelos bancos, de novas contratações de financiamentos subvencionados do programa 2020/21, além de atrapalhar as discussões do programa 2021/22.
O presidente da AGCO América do Sul, Luis Felli, disse à Reuters que além do alto nível de capitalização do agricultor, muitos negócios têm sido fechados com o auxílio da linha de crédito rural do BNDES.
“Estamos sem Moderfrota desde o ano passado e acho que isso (Plano Safra) não deve impactar a demanda”, afirmou o executivo da companhia dona das montadoras Valtra e Massey Ferguson.
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“Se houver oferta suficiente, o mercado de máquinas agrícolas pode crescer até 30% no Brasil em 2021”, estimou, lembrando que a falta de peças durante a pandemia ainda tem limitado a entrega dos equipamentos.
Felli contou que a empresa tem todas as vendas fechadas com programação de entrega até outubro e precisou fechar a carteira de pedidos temporariamente, para poder atender a demanda.
Agora, a expectativa é que novos pedidos possam ser feitos somente a partir de julho, para entrega entre novembro e janeiro de 2022.
“A tendência é que o próximo Plano Safra cubra ainda menos do que o atual cobriu… Estimamos um mercado maior (em vendas), mas se o recurso que vier para 2021/22 for similar (ao de 20/21), ele pode acabar em outubro, durar menos tempo.”
Ainda assim, segundo Miotto, a companhia deve crescer entre 10% e 15% em volume de vendas neste ano, em linha com o avanço esperado para o mercado.
Ele alertou, porém, que o setor precisa estar preparado para um Plano Safra sem aumento no volume de recursos ou com juros mais elevados, e mesmo que o cenário seja promissor para a venda de tratores e colheitadeiras, em alguma medida, há preocupação com o tamanho do próximo Moderfrota devido à importância da linha para o financiamento dos produtores.
Ele acrescentou que existem bases fortes para o mercado se manter aquecido, mas o financiamento sempre é um fator muito importante para a definição do cliente no mercado de máquinas.
A John Deere não divulga projeções específicas para o Brasil mas espera que, na América do Sul, as vendas da indústria de tratores e colheitadeiras subam cerca de 20% em 2021 –acima da expectativa para vendas mundiais de equipamentos agrícolas, que devem aumentar de 10% a 15%.
Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostram que as vendas de máquinas agrícolas já subiram 22,26% no Brasil no primeiro trimestre, impulsionada pelo desempenho favorável das commodities no país. (Com Reuters)
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