É isso que vivencia todos os dias o engenheiro químico José Augusto Tomé, 37 anos, que em 2019 levou a Agtech Garage para o PTP. Hoje, ela reúne cerca de 800 startups na sua comunidade virtual e 50 empresas parceiras. “A gente tinha 20 corporate partners no final de 2019. Fomos para 40 em 2020 e agora, só no primeiro trimestre, ganhamos dez”, diz Tomé. Entre elas estão empresas do porte da Bunge, Trimble e FMC.
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Forbes: Para esse novo momento, de busca de resultados que justifiquem investimentos, o que vale no universo das startups: mais resultados ou liberdade de ação?
José Tomé: Uma coisa não elimina outra. É necessário buscar robustez, mas a característica da startup é a liberdade. Mas uma startup sempre busca a velocidade, é natural dela. O que a Covid-19 fez foi potencializar muito isso.
F: Quais temas têm sido disruptivos nos últimos anos e que continuarão nos próximos?
F: Que demanda por automação é essa?
JT: O que mais temos visto são questões de operação de campo: preparo, plantio, etc. Acho que essa parte pega muito, mas tem coisas simples também. A gente precisa fazer amostragem e análise, como a análise da soja, que o produtor quer robotizar. E não vai demorar tanto. A Purina fez um desafio, a nós, de um braço mecânico para entrar dentro de um contêiner. Tem um conceito do “robot as a service”. Um exemplo: a pessoa, hoje, possui um drone e precisa ir ao meio do campo, soltar e operar. Aí, ela vê o israelense que usa uma caixa no meio do campo e, em vez de ter uma pessoa operando um drone, esse israelense opera oito drones de uma plataforma que está em São Paulo. Esse é um exemplo de robotização. Há, também, o conceito de “orbit as a service”, algo que depende da órbita, onde aluga-se um espaço em um satélite e isso aumenta muito a velocidade. Imagine imagens em alta resolução e de melhor qualidade, com baixo custo e rápido acesso. Vem aí a indústria da observação da Terra.
F: O que mais está por vir, de imediato, além da robótica?
F: Dados na rastreabilidade são quase um mantra no agro desde os anos 1990. O que as startups estão fazendo para acelerar os processos de rastreabilidade e que seja acessível?
JT: Acho que há um grande gargalo, ainda. Porque depende muito da coleta de dados baseada em pessoas. É uma cultura. Há toda a forma de se fazer a rastreabilidade, e o sistema onde a pessoa vai dar o input de um dado, mas muito disso não funciona. O que a startup está fazendo é automatizar a coleta de dados, o input dos dados. Aí o negócio pode ganhar escala, qualidade e repetibilidade.
F: Colocar o produtor de uma outra forma no jogo?
F: Como vai ser o funcionamento desses grupos?
JT: São grupos de 25 produtores, na média, que se inserem em todas as atividades do hub, com acesso às plataformas de startups e a todos os eventos do hub. Os encontros são mensais e começamos a discutir as dores mais simples. Daí, os gestores dos grupos conectam algumas startups que já podem ajudar com essas dores. Também haverá circuito de startups para os produtores de uma determinada região. Esses produtores podem vir sozinhos ou apadrinhados por uma empresa.
F: Qual o custo para o produtor?
F: Como tem visto o crescimento dos hubs no Brasil? É possível pensar em uma rede nacional integrada?
JT: Sem dúvidas, esse é o nosso plano. Começamos a conversar, tentando discutir uma integração. Porque o modelo de hub está ficando cada vez mais profissional. Por exemplo, temos a figura do gestor de comunidade – hoje são quase dez. E existe startup em Israel criando software para facilitar o trabalho dessa galera. Ou seja, cria-se para o “community manager” o que o salesforce (força de venda) é para o salesman (vendedor). É uma ferramenta que ajuda a monitorar o nível de conexão perfeita e o retorno sobre todo investimento. E os hubs continuam com os seus modelos de negócio e geração de valor. Não é simples fazer essa integração, por exemplo, da minha cultura com um hub que tem outra pegada, porque o meio de financiamento e o propósito são diferentes. As coisas não casam muito bem. Confesso que fizemos alguns exercícios genuínos de “como será que se integra”, sem bagunçar um modelo. Agora, isso ainda é incipiente e, justamente por isso, há muito espaço para pensar no que fazer.
F: Quais seriam os pontos mínimos de conexão?
F: Qual o ritmo de crescimento das startups no Brasil, em relação ao exterior?
JT: Não acho que seja tão diferente. Mas se compararmos setores, uma fintech cresce mais rápido. Estamos acompanhando e vendo muitas fintechs com um plano agressivo para crescer. Capital para isso tem um monte.
F: De onde esse capital está vindo?
F: Os aportes à Agetch Garage podem ser internacionalizados?
JT: De aporte, aqui, tudo é capital bootstrap. Hoje, a gente está começando a considerar uma captação, internacionalizar para poder acelerar um pouco o crescimento. Consideramos fazer uma rodada. Buscar investidor e compartilhar equity. Há pessoas interessadas. Então, por que não, né? O investidor gosta de coisas que estão dando certo e crescendo. Do ano passado para cá a gente dobrou. O mercado é tão grande que estamos pensamos: “por que não multiplicar por dez, ou até mais”.
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