Desmatamento cai 4% na Amazônia Legal, mas aumenta nas áreas de proteção ambiental

6 de agosto de 2021
Ueslei Marcelino/Reuters

Área desmatada da Amazônia perto de Porto Velho, em Rondônia

O desmatamento na Amazônia Legal caiu menos de 4% entre agosto de 2020 e julho de 2021, de acordo com dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) coletados pelo Deter, e a área desmatada foi a segunda maior da série história recente, coletada com o sistema desde 2015.

Os dados coletados pelo Inpe revelam que a região perdeu 8.851 quilômetros quadrados de floresta. No mesmo período entre 2019 e 2020, foram 9.216 quilômetros quadrados – a maior área desmatada na região de acordo com os dados.

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Os números foram fechados até o dia 30 de julho, faltando ainda o último dia do mês passado, o que não deve alterar significativamente os resultados.

Os dados anuais do Deter que constam no site do Inpe começam para o período de agosto de 2015 a julho de 2016. Nesse período, o desmatamento registrado no últimos 12 meses só é menor do que o dos 12 meses anteriores.

A queda pífia nos números revela a falha nas tentativas do governo de reduzir o desmatamento depois de dois anos desastrosos usando uma operação de GLO (Garantia de Lei e da Ordem).

A GLO atuou na região amazônica de maio do ano passado até abril deste ano, em um momento em que as instituições responsáveis pela fiscalização estão sucateadas.

Na semana passada, ao apresentar a nova GLO – essa reduzida e restrita aos locais de maior desmatamento – o vice-presidente Hamilton Mourão, também presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, já havia revelado que a queda ficara abaixo do esperado por ele. A expectativa era de uma queda entre 10 e 12%.

“Fechou o ciclo, o ciclo fechou no dia 31 de julho, provavelmente não vou cumprir aquilo que eu achava que seria o nosso papel de chegar a 10% de redução. Acho que vai dar na faixa de 4% a 5%, uma redução muito pequena, muito irrisória, mas já é um caminho andado”, disse.

Os dados do Deter, que são coletados diariamente, são considerados um indicativo do nível de desmatamento, já que as imagens de satélite são mais imprecisas e mais suscetíveis a nuvens do que o sistema Prodes, usado para fechar os dados anuais oficiais de desmatamento.

Pelos dados do Prodes, os números de 2020 foram os maiores em 10 anos.

Os novos dados do Deter mostram que Pará e Amazonas concentraram os maiores índices de desmatamento – 3,5 mil km² no Pará, 1,7 mil no Amazonas -, mostrando que a ação ilegal está avançando para as áreas ainda mais preservadas da região, dentro do estado do Amazonas. Em seguida, aparecem Mato Grosso e Rondônia.

Entre os 10 municípios que mais concentram desmatamento, todos estão nesses quatro estados. Altamira (PA), área tradicional da ação de madeireiros ilegais, é o primeiro, seguido por Porto Velho, capital de Rondônia, e Labrea (AM).

O Deter ainda registrou um aumento considerável de desmatamento dentro de áreas de proteção ambiental. A principal delas é a Floresta Nacional de Jamanxim (PA), que perdeu 169,7 km² de sua cobertura florestal. Criada em 2006, a floresta é alvo constante de desmatadores e de grileiros, que já tentaram, mais de uma vez, diminuir seu território. (Com Reuters)

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