Seca no Sul: Mapa cria comitê de monitoramento para apoiar agricultores

13 de janeiro de 2022
Guilherme Martimon/Mapa

Acompanhada por um corpo técnico, a ministra Tereza Cristina visitou agricultores afetados pela seca no sul

Com uma estiagem afetando centenas de áreas de cultivo de soja e milho nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) criou um comitê de monitoramento para apoiar os agricultores afetados pela estiagem.

Acompanhada de uma equipe técnica composta por membros da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e representantes do Banco Central, Banco do Brasil e do ministério da Economia, a ministra da agricultura Tereza Cristina visitou ontem (12) os municípios de Santo Ângelo (RS) e Chapecó (SC).

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“Viemos ver de perto, conversar com os produtores e lideranças dos estados para realizar o levantamento in loco e levar para Brasília as informações necessárias que nos ajudarão a definir ações de curto, médio e longo prazo”, disse a ministra. “É preciso pensarmos também na safra de inverno, saber sua viabilidade e avaliar a possibilidade de outras culturas mais seguras como alternativa.”

Segundo dados da Emater (Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural), até ontem (12), 200 dos 497 municípios gaúchos declararam situação de emergência. “Nós temos um desafio grande. O produtor rural necessita contratar mitigadores de risco climático, como o seguro rural, visto que as adversidades climáticas, como seca, chuvas excessivas, geadas e granizos são cíclicas e ocorrem em diferentes regiões e culturas todos os anos, inclusive em anos com safras recordes”, afirma Guilherme Bastos, secretario de política agrícola no Mapa.

De acordo com levantamento realizado pela pasta junto às principais instituições financeiras do crédito rural, apenas 41% da área de soja no Rio Grande do Sul é assegurada. Em Santa Catarina, a proteção cai para 31%.  Por conta da adesão, o ministério afirma que deve ampliar recursos de subvenção do seguro rural no próximo Plano Safra. “Se você faz um seguro atingindo mais gente, colocando mais gente nesse guarda-chuva, é melhor para o produtor, que paga sua dívida e começa novamente, e para o governo, que não tem que carregar a dívida por anos”, afirma Tereza Cristina.

Celso Moretti, presidente da Embrapa e um dos membros do comitê de monitoramento, afirmou que a seca no sul também está reverberando na produção de milho e até na pecuária.  “O cenário que encontramos no Rio Grande do Sul é bastante preocupante: 60% da produção de milho sequeiro e de pastagens cultivadas estão perdidas, segundo levantamentos da Emater, o que tem reduzido a produção de leite em 1,6 milhão de litros por dia.” 

Além do seguro rural, outras alternativas para ajudar na recuperação dos estragos trazidos pela seca já são propostas.  Entre elas está a construção de barraginhas para reserva e conservação de água nas propriedades rurais. Para a dieta animal, as unidades da Embrapa Trigo e a de  Suínos e Aves possuem pesquisas que apontam que o milho da alimentação dos animais pode ser substituído por trigo e pelo triticale “sem afetar a qualidade nutricional na composição de ração”.

“Esses cereais podem ser plantados a partir de março e ser uma boa alternativa para recuperar um pouco a renda perdida com outras culturas”, explica Moretti. “Tanto no Rio Grande do Sul quanto em Santa Catarina, a Embrapa evidenciou as possibilidades que a tecnologia tem para ajudar os produtores neste momento.”