O desmatamento na Amazônia brasileira totalizou 430 quilômetros quadrados no mês passado, 5 vezes maior do que janeiro de 2021, mostraram dados preliminares de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
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Pesquisadores ambientais disseram que não ficaram surpresos ao ver a destruição ainda aumentando, dado o enfraquecimento das proteções ambientais no governo do presidente Jair Bolsonaro.
Com pouco medo de punição, os especuladores estão cada vez mais desmatando a floresta para fazendas em apropriações ilegais de terras, disse Britaldo Soares Filho, pesquisador de modelagem de sistemas ambientais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os altos preços da carne bovina, soja e outras commodities também estão aumentando a demanda por terras baratas.
“A gente poderia ficar surpreendido por não ter aumentado ainda mais”, disse Soares Filho. “O governo atual está promovendo o desmonte da proteção ambiental do Brasil, das leis ambientais e da fiscalização ambiental, como comando e controle, então isto é uma corrida, está tendo uma corrida para desmatar sobretudo a Amazônia.”
A preservação da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, é vital para conter as mudanças climáticas devido à grande quantidade de gases de efeito estufa absorvidos por suas árvores.
Bolsonaro há muito defende mais agricultura comercial e mineração na Amazônia para ajudar a tirar a região da pobreza.
Sob pressão internacional dos Estados Unidos e da Europa, o Brasil se comprometeu no ano passado a acabar com o desmatamento ilegal até 2028 e assinou um pacto global para acabar com toda a destruição florestal até 2030.
Ana Karine Pereira, cientista política da Universidade de Brasília (UnB), disse que, embora Bolsonaro e seu governo tenham mudado de tom no ano passado, suas políticas permanecem as mesmas.
Soares Filho e Ana Karine afirmaram que o desmatamento só vai parar de aumentar se Bolsonaro perder a eleição presidencial em outubro.
“A mudança do perfil político do presidente e da liderança do governo federal será crucial nesse momento para a gente ter uma ruptura nesse padrão, essa tendência de altas taxas de desmatamento”, declarou a cientista política da UnB.
Um pesquisador de monitoramento de desmatamento do Inpe disse à Reuters que o aumento no mês passado pode ser parcialmente devido aos níveis mais altos de cobertura de nuvens em novembro e dezembro do que no ano anterior.
Essas nuvens podem ter ocultado dos satélites a destruição naqueles meses que foi posteriormente revelada em janeiro, disse a pessoa, que não estava autorizada a falar publicamente.
Ainda assim, a cobertura de nuvens permaneceu relativamente alta em janeiro, caindo para 43%, ante 54% em dezembro.