“O mais interessante é que conseguimos adequar a produção, tanto do tomate quanto do morango, na mesma estrutura em que produzimos o alface, sem precisarmos nos reestruturar”, conta Diego Gomes, CEO e sócio-fundador da 100% Livre. “Esse foi o pulo do gato. A única diferença para as outras hortaliças são os nutrientes, temperatura, mas conseguimos dar o equilíbrio perfeito para elas.” Hoje, em duas fazendas verticais, a 100% Livre tem capacidade para produzir até 40 toneladas de alimentos por mês.
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Na produção de morango, o país é o 17º no mundo, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação), com 165 mil toneladas da fruta, por safra, longe dos norte-americanos com 1 milhão de toneladas e anos luz atrás da China, com 3 milhões de toneladas.
O potencial de mercado é gigante para as fazendas em ambiente fechado, as chamadas fazendas indoor. A agricultura vertical movimentou US$ 3,6 bilhões em volume de negócios no mundo, segundo estimativa da Fortune Business Insights. O relatório da revista norte-americana avalia que para 2028 o mercado global anual deve chegar a US$ 17,6 bilhões. Não por acaso, no mês passado, a agtech anunciou um aporte de valor não divulgado, realizado pela BMPI Venture, braço de Venture Capital da BMPI Infra, para acelerar a presença da startup no mercado brasileiro e também visando a exportação de cultivos.
De mãos dadas com a Embrapa
A pesquisa da Embrapa, iniciada em julho do ano passado, buscou melhorias para essas duas características: produção e produtividade. No tomate, as pesquisas envolveram cerca de 30 linhas de grape. De morango foram 12 linhas pesquisadas. O cultivo ocorreu em cerca de 10 ambientes, com iluminação e formas nutritivas diferentes. Para o tomate, o desafio era dominar o crescimento indeterminado da planta, que pode ultrapassar os 5 metros de altura, o que inviabiliza o cultivo nas atuais fazendas verticais da empresa.
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As pesquisas realizadas no centro da Embrapa Hortaliças foram coordenadas pelo engenheiro agrônomo Leonardo Boiteux, doutor em melhoramento e genética de plantas pela Universidade de Wisconsin, EUA. Para o morango, por enquanto, as mudas comerciais e melhoradas foram importadas do Chile, mas o objetivo é que a Embrapa também faça o mesmo trabalho já realizado com o tomate.
“Vamos produzir mudas comerciais, mas continuamos o estudo para termos uma espécie desenvolvida em nosso laboratório”, afirma Diego. O material genético do morango plantado pela startup atualmente tem grau Brix de 17,7, raro de encontrar no varejo. Explicando: brix significa maior teor de açúcares e sacarose produzidos pela planta. Quanto mais alto o grau, mais doce é o morango. Um grau Brix é igual a um grama de açúcar por 100 gramas da fruta. De acordo com a escala de doçura do morango, utilizada pela Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), terceiro maior centro atacadista de alimentos do mundo, grau 6 de sólido significa uma fruta pobre, enquanto graus a partir de 16 são classificados como frutas excelentes.