A China seguiu como líder entre os compradores de carne suína do Brasil em março, mas adquiriu 41,8% menos que o volume importado um ano antes. O mercado chinês foi destino de 34,1 mil toneladas, do total de 91,4 mil que o país exportou.
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“A China em algum momento iria voltar a produzir… O governo ajudou e retomaram a produção antes do que o mundo achava que seria”, disse à Reuters o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
A China produziu 15,61 milhões de toneladas de carne suína nos primeiros três meses de 2022, um crescimento de 14% em relação ao ano anterior, e a maior produção trimestral da proteína no país em mais de três anos, segundo dados do governo.
Apesar da queda na exportação em março para a China, o presidente da ABPA – entidade que representa frigoríficos como JBS e BRF – avalia que “a pior parte do problema” já ficou para trás.
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Em paralelo, os embarques de carne suína do Brasil chegaram a 237,5 mil toneladas no primeiro trimestre deste ano, número 6,3% menor que o registrado no mesmo período de 2021, de acordo com a ABPA.
No setor, a exportação é a válvula de escape para melhorar margens comprimidas pelos custos de produção, que ficaram ainda mais apertadas pela quebra na safra de verão do Brasil e pela guerra na Ucrânia, fatores que levaram ao aumento nos preços do milho e farelo de soja usados na alimentação animal.
PRODUÇÃO GIGANTE
“O rebanho suíno da China cresceu com investimento massivo do governo e absorção de técnicas de integração usadas no Brasil”, afirmou. “Mas a produção chinesa se agigantou mais do que a demanda local poderia absorver… as importações caíram e junto com elas, o preço global.”
O departamento de estatísticas chinês informou que o rebanho de porcos caiu para 422,53 milhões de cabeças no final de março, ante 449,22 milhões de cabeças no final de dezembro.
O analista comentou que outros custos de produção, incluindo energia e transporte, também estimularam os abates. Os chineses ainda adotaram a estratégia para “driblar” eventuais novos surtos de peste suína africana.
O analista lembrou que, no ano passado, os preços da carne eram recordes no âmbito global devido ao descompasso entre oferta e demanda. Mas dados do governo brasileiro do início de abril já indicam recuo de 11,7% no preço médio da carne suína exportada ante o mesmo mês do ano passado, para 2.198 dólares a tonelada.
Apesar da queda nos embarques para a China, a ABPA não mudou suas projeções de exportações de carne suína do Brasil para todos os destinos, que seguem entre 1,15 milhão e 1,2 milhão de toneladas em 2022.
“Não vemos a estimativa mudando muito por enquanto. Temos outros mercados além da China, e PSA em outros países”, ressaltou, exemplificando com a recente abertura do Canadá para compra de carne suína do Brasil, anunciada em março.
“Houve uma mudança no patamar de consumo… A China, mesmo retomando a produção, continua importando. O apetite não é igual ao do ano passado, mas também não ficaremos na média mensal de 26 mil (do primeiro bimestre), já estamos melhorando”, estimou.
Em 2018, antes dos efeitos da PSA sobre a demanda chinesa, a média mensal de exportações do Brasil ao mercado chinês era de 12,8 mil toneladas, acrescentou Santin.