Após cinco safras recordes, onda de calor ameaça produção de trigo da Índia

2 de maio de 2022
Danish Siddiqui/Reuters

Colheita de trigo no Estado de Madhya Pradesh, Índia

A produção de trigo da Índia deve cair em 2022, após cinco anos consecutivos de colheitas recordes, já que um aumento acentuado e repentino nas temperaturas em meados de março reduziu os rendimentos das safras do segundo maior produtor mundial do grão.

A queda pode conter as exportações indianas do produto. Aproveitando a alta nos preços globais do trigo depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, a Índia exportou um recorde de 7,85 milhões de toneladas no ano fiscal até março – um aumento de 275% em relação ao ano anterior.

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Esperando outra safra recorde, comerciantes e funcionários do governo viram uma oportunidade de exportar 12 milhões de toneladas de trigo no atual ano fiscal de 2022-23.

Em meados de fevereiro, quase um mês antes da recente onda de calor, o governo disse que a Índia estava a caminho de colher uma safra histórica de 111,32 milhões de toneladas do grão, acima das 109,59 milhões de toneladas do ano anterior.

O governo ainda não revisou formalmente suas estimativas de produção, mas uma nota oficial, vista pela Reuters, disse que a produção pode cair para 105 milhões de toneladas este ano.

“A perda de produção de trigo fica mais ou menos em torno de 6%, por conta do encolhimento dos grãos de trigo em torno de 20% devido ao calor extremo e às ondas de calor”, disse a nota.

Em 2022, a Índia registrou seu março mais quente em 122 anos, com a temperatura máxima em todo o país subindo para 33,1 graus Celsius, quase 1,86 grau acima do normal, segundo dados compilados pelo Departamento Meteorológico da Índia.

“Temos uma ideia inicial, mas é um pouco cedo para entender completamente a extensão da perda de safra”, disse um alto funcionário do governo que acompanha o plantio e as colheitas.

Neste estágio, ninguém tem uma ideia clara sobre o tamanho da safra, disse Rajesh Paharia Jain, trader de Nova Délhi. “É uma situação dinâmica, então teremos que esperar um pouco para ver uma imagem mais clara”, disse Jain.