Claro que são apontados muitos outros de grande impacto, como crescimento e envelhecimento da população, aumento da renda per capita, desenvolvimento tecnológico, educação, saúde, paz, mobilidade, democracia, imigração, mas a sustentabilidade com sua vertente ambiental é sempre vigorosamente presente.
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Essa prevalência do tema se justifica ainda mais por ser uma preocupação prioritária entre jovens de todos os continentes, o que o coloca na agenda coletiva por algumas décadas à frente: os jovens de hoje serão os líderes de amanhã. Esta juventude idealista nem sempre sabe bem o que fazer, mas quer fazer o bem, sem jogo de palavras.
E aqui entra um componente fundamental dessa discussão: a comunicação sobre o alcance do meio ambiente, que passa com ênfase pelo saneamento básico urbano e pelo uso da terra, considerado todo o ciclo produtivo. A comunicação correta, com verdade e ciência, deve obrigatoriamente orientar ações, sem que elas sirvam de pretexto para acobertar interesses setoriais menores, como os comerciais.
Nessa acalorada conversação, surgem pontos da maior importância para o Brasil. É sabido que temos 66% do território coberto por vegetação nativa, segundo a Embrapa. Também se sabe que temos o Código Florestal mais rigoroso do mundo, promulgado em 2012, estabelecendo porcentagens de áreas florestais que devem ser mantidas nas propriedades agrícolas privadas, que variam de 80% da área total na Amazônia até 20% nas regiões Sul e Sudeste. Com isso, 25% da cobertura vegetal nativa do país está nas fazendas privadas e é mantida e preservada por seus proprietários, às suas custas.
Mas até hoje essa lei inovadora não foi regulamentada, de modo que não está funcional. E é essencial que seja para que, inclusive, a floresta em pé valha mais que derrubada. O mercado voluntário de créditos de carbono será uma importante fonte de recursos para o PSA, assim como a proteção de nascentes ou mananciais, o reflorestamento de áreas degradadas e ciliares e outras medidas de que poderão lançar mão os produtores rurais, agregando renda a sua atividade ao mesmo tempo que defendem o meio ambiente.
O PSA muda a relação do governo e do Estado com os proprietários de terras: estes finalmente serão remunerados por fazer o certo, e não apenas punidos por errar. Um avanço que interessa a toda gente.
Roberto Rodrigues é engenheiro agrônomo, agricultor, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV e embaixador especial da FAO para Cooperativas. Participa de diversos conselhos empresariais, institucionais e acadêmicos.
Artigo publicado na edição 95, de março de 2022.