Foram visitadas 27 unidades da Embrapa de todo o Brasil e nestas visitas, foram selecionadas mais de 60 tecnologias de produção e projetos de pesquisa desenvolvidos com o intuito de melhorar a produtividade, eficiência e sustentabilidade do agro. A Embrapa é uma instituição pública de pesquisa criada em 1973 com a missão de viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação. As tecnologias geradas pela instituição mudaram o panorama do setor, tropicalizando cultivares e técnicas, elevando o Brasil a líder na agricultura sustentável tropical, exportando técnicas e tecnologia para outros países do cinturão tropical.
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Paralelo às palestras, mais de 60 pesquisadores apresentaram as melhores novas soluções em uma feira onde foram demonstrados 19 aplicativos agropecuários, novas opções de forrageiras, 13 novos cultivares e 30 novas soluções biológicas para substituir produtos químicos no combate às pragas.
Outra solução revolucionária, foi o primeiro inoculante para a solubilização de fósforo, um elemento complexo, de alto valor e fundamental para o crescimento e produtividade das culturas. O inoculante desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo é formulado a base de duas bactérias que se associam a planta, produzindo ácidos orgânicos, que solubilizam o fósforo presente no solo, o deixando disponível para a planta.
Uma solução disruptiva é um sistema de classificação de defeitos em grãos de soja, um equipamento que classifica soja sem a necessidade da interpretação pessoal de um classificador. Este equipamento pode colocar fim ao atrito entre produtores e tradings (principalmente em anos chuvosos, quando tem-se maior volume de soja avariada) se for aceito por vendedores e compradores.
Ivan Cruz, da Embrapa Milho e Sorgo, apresentou 30 soluções verdes para o controle biológico de pragas, entre macrobiológicos, (insetos de vida livre, como joaninhas e besouros) e parasitóides. Ivan destaca a Trichogramma, vespa que atua no controle da Lagarta do cartucho no milho, soja ou algodão. O processo funciona colocando armadilhas contendo feromônios sexuais, quando se capturam um número predeterminado de insetos, é o momento de liberar as vespas, que é feita com a utilização de drones. Além da eficiência e do menor custo, o controle biológico evita a resistência de pragas aos defensivos, propiciando um aumento dos insetos benéficos nas lavouras.
Existem no universo da Embrapa 50 aplicativos entre agricultura e pecuária, destes, segundo o pesquisador André Minitti, 19 foram selecionados para estar na feira; são aplicativos para gado de leite, gado de corte, suínos e aves, além do Geneplus e Fazenda pantaneira sustentável, metodologia que dá um índice de sustentabilidade para fazendas do Pantanal. Na parte agrícola, adubação de soja, guia para feijão, informações agrometeorológicas, zoneamento agrícola de risco climático (ZARC embarcado dentro do app plantio certo) e PSR, programa de seguro rural do governo.
De acordo com Ricardo Arioli, presidente da comissão de fibras e oleaginosas da CNA, uma das tecnologias mais revolucionárias são os inoculantes para gramíneas, que pode levar a economia de adubação nitrogenada nas pastagens e milho e ainda ajudar o meio ambiente.
Os americanos vêm aqui buscar coisas desenvolvidas pela Embrapa, em breve 17 estados americanos estarão liberando o uso de inoculante para milho para uso nos eua.
Segundo Guy de Capdeville, diretor de pesquisa e desenvolvimento Embrapa, a pesquisa científica é a base do que o agro brasileiro é hoje, o produtor rural brasileiro adotou a ciência como ferramenta para o seu processo produtivo, este é o grande diferencial do agro nacional, foi um agro construído com base na ciência. Só para dar um exemplo, na cultura da soja, se produzíssemos os volumes que produzimos hoje com a tecnologia da década de 70, precisaríamos de 200% mais área, isto equivale 70 milhões de hectares de efeito poupa terra, 70 milhões de hectares equivalem a uma Alemanha e uma Bélgica juntos. Isto aconteceu no algodão, gado, que aumentou 80% da exportação sem aumentar um hectare de terra sequer.
*Helen Jacintho é engenheira de alimentos por formação e trabalha há mais de 15 anos na Fazenda Continental, na Fazenda Regalito e no setor de seleção genética na Brahmânia Continental. Fez Business for Entrepreneurs na Universidade do Colorado e é juíza de morfologia pela ABCZ. Também estudou marketing e carreira no agronegócio.
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