Agro pode reduzir a emissão de carbono em 1,1 bilhão de toneladas

9 de setembro de 2022
João Carlos Castro/CNA

Até 2030, setor da agropecuária deve reduzir sua emissão de carbono equivalente em 1,1 bilhão de toneladas

A agropecuária brasileira mitigou 170 milhões de toneladas de CO2 equivalente em uma área de 52 milhões de hectares no período de 2010 a 2020, ultrapassando em 46,5% a meta estabelecida. Reconhecemos a história, o valor e beleza do trabalho dos produtores rurais brasileiros garantindo a sustentabilidade da produção nestes últimos 10 anos e olhamos otimistas para o horizonte. A meta para 2020-2030 é ambiciosa, reduzir a emissão de carbono equivalente em 1,1 bilhão de toneladas no setor agropecuário. Ações como preservação ambiental e plantio direto são consagradas na agropecuária brasileira, falta desenvolver a confiança dos consumidores de que aquele produto no supermercado, é fruto de muito trabalho, sustentabilidade e desenvolvimento científico.

Diversos setores estão unidos na missão de reduzir as emissões de GEEs (gases do efeito estufa), visando diminuir o impacto que as mudanças climáticas podem ter no meio ambiente e na produção agropecuária. Com foco nesta missão, entrou em vigor nesta semana o ABC+ (Plano Setorial para Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária), que é a segunda etapa do plano ABC, criado para reduzir emissões de carbono neste setor por meio de fomentos a tecnologias ambientais.
A meta é sete vezes maior do que foi definido em sua primeira década, visando atingir com tecnologias de produção sustentável 72,68 milhões de hectares (pouco mais do que duas vezes o tamanho do Reino Unido).

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A portaria do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) de número 471 publicada em 10 de agosto de 2022 institui o plano ABC+, cujas novidades são novas tecnologias como bioinsumos, sistemas irrigados e a terminação intensiva de bovinos, oferecendo mais opções ao produtor para aumentar sua resiliência, eficiência produtiva e ganhos econômicos, ambientais e sociais.

As metas até 2030 são ampliar em 30 milhões de hectares as áreas com adoção de PRPD (Práticas para Recuperação de Pastagens Degradadas), ampliar em 12,58 milhões de hectares a área com adoção de Sistema de Plantio Direto; ampliar em 10,10 milhões de hectares a área com adoção de Sistemas de Integração; ampliar em 4 milhões de hectares a área com adoção de Florestas Plantadas; ampliar em 13 milhões de hectares a área com adoção de bioinsumos; ampliar em 3 milhões de hectares a área com adoção de sistemas irrigados; ampliar em 208,40 milhões de metros cúbicos a adoção de manejo de resíduos da produção animal e ampliar em 5 milhões os bovinos em terminação intensiva.

A inclusão dos confinamentos foi consenso, segundo o pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Eduardo Assad, pesquisas mostram que realizar a última fase de engorda do boi neste sistema reduz a emissão de metano, pois o processo de engorda do gado é mais rápido, em um confinamento curto de 90 dias, 6 meses de emissões são evitadas.

Segundo o Mapa, com o uso de irrigação na agricultura nacional potencializa-se a fertirrigação e o aproveitamento de dejetos animais. Em síntese, a manutenção da umidade do solo aumenta o estoque de carbono, pois, solos ricos em matéria orgânica retém mais nutrientes, aumentando a produtividade, ao mesmo tempo em que sequestra e armazena carbono.

Outra tecnologia, dos bioinsumos para controlar pestes, doenças e aumentar a produtividade, vem crescendo a passos largos no Brasil, que já é líder mundial na utilização de biológicos. O que surgiu como uma alternativa, hoje é realidade no campo, resultando em enorme economia no controle biológico e na fixação de nitrogênio e umidade no solo.
A adoção de práticas mais sustentáveis caminha de mãos dadas com as finanças verdes, as práticas de mitigação de emissão de carbono podem resultar em pagamentos por serviços ambientais aos produtores. Com a estruturação do mercado de carbono no Brasil, se vislumbra a possibilidade de valoração econômica dos serviços ambientais durante a produção agropecuária.

O agronegócio é responsável por pouco mais de 20% das emissões de carbono que ainda não são 100% neutralizadas, entretanto com as estratégias, preveem estímulo a importantes produtos agrícolas do país, agregando valor aos produtos, hoje já se encontram alimentos com o selo baixa emissão de carbono ou carbono neutro, produzidos por agricultores conscientes e que buscam a mitigação de CO2.

O agro Brasileiro é parte da solução dos problemas de mudança climática, é protagonista na segurança alimentar mundial, produzindo enquanto preserva, entregando aos consumidores, alimentos seguros e de baixa emissão de GEE.

*Helen Jacintho é engenheira de alimentos por formação e trabalha há mais de 15 anos na Fazenda Continental, na Fazenda Regalito e no setor de seleção genética na Brahmânia Continental. Fez Business for Entrepreneurs na Universidade do Colorado e é juíza de morfologia pela ABCZ. Também estudou marketing e carreira no agronegócio.

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