A mãe da ideia é a bióloga Juliana Feres, formada na USP (Universidade de São Paulo), sendo Ribeirão a sede de um de seus principais campi, onde trabalhava como pesquisadora. Ela saiu justamente para cuidar do filho, que sofria de dores garganta crônicas, e decidiu abrir uma microempresa. Mas não qualquer uma. “Encontrei o mel da jataí há cerca de sete anos, quando buscava, com base científica, produtos que pudessem auxiliar no tratamento de saúde do meu filho”, conta Juliana.
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Para colocar seu projeto de pé, Juliana convidou três amigas e em 2020 a Heborá se tornou uma sociedade com as farmacêuticas Elaine Cunha e Thais Guaratini, mais a irmã Mariana Feres, técnica de TI (Tecnologia da Informação). Elas já investiram R$ 300 mil em uma fábrica no Supera Parque, hub de inovação de Ribeirão Preto que reúne diversas startups. Dentre elas, 15 são agtechs, como a Decoy, que desenvolve soluções de biotecnologia e recentemente recebeu um aporte de R$ 9 milhões.
As sócias também estão em busca de financiadores, em modo coletivo. Os kits de produtos que estão sendo produzidos, e que serão entregues a partir de novembro, podem ser comprados no site da startup. Custam de R$ 160 a R$ 1.000. No pacote máximo há 14 produtos, entre bálsamo, shampoo, pomada, máscara, extrato de própolis e, claro, um pote de mel.
Dois pilares sustentam a produção dos cosméticos: a ciência e o campo. A Heborá mantém uma parceria com a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, também no campus de Ribeirão Preto, para estudos sobre aplicação dos subprodutos de abelhas nativas. “Vários subprodutos das abelhas com ferrão já são muito explorados e reconhecidos como matérias-primas cosméticas e até farmacêuticas. A cera dessas abelhas é utilizada desde o Egito antigo para processos de embalsamamento”, conta Thais. “Nosso diferencial é que temos estudado quimicamente a diferença entre os subprodutos das abelhas com ferrão e sem ferrão.”
“A meliponicultura é algo que pode ser rentável e não é uma atividade excludente”, diz Juliana. “As mulheres, os idosos e os jovens são capazes de desenvolver o trabalho. Ela é bastante generosa com a diversidade de pessoas no ambiente rural.” Cada produtor de abelhas jataí, por exemplo, produz cerca de 20 a 30 quilos de mel por ano. No financiamento coletivo, para cada kit máximo reservado, a startup vai doar um enxame de abelhas entre os produtores dessas comunidades.
Com o início da entrega dos cosméticos no próximo mês, Juliana espera ter capital para expandir sua equipe. Hoje, oito mulheres estão empregadas na fábrica de cosméticos. “Somos como colmeias, queremos formar uma grande rede de colaboradoras para disseminar saúde, inovação, diversidade e conhecimento por meio de abelhas do Brasil”, diz ela.