As precipitações ainda prejudicam cultivos de trigo que estão em fase de colheita, conforme representantes do setor.
O Departamento de Economia Rural (Rural) reduziu ontem (18) suas avaliações sobre qualidade da safra do Paraná, tanto para as lavouras de soja e milho verão, que estão sendo semeadas, quanto para o trigo que está em fase de colheita, em momento em que partes do Estado são atingidas por chuvas volumosas.
“A condição de lavoura piorou mais especificamente na região sudoeste, que foi castigada com um volume de chuva muito acima do normal e isso causou um desenvolvimento irregular das lavouras, e possivelmente pode gerar até replantio nesta região”, disse à Reuters o analista do Deral Edmar Gervásio.
Ele ponderou, no entanto, que as condições ainda são boas para a maioria das lavouras de soja e milho.
De acordo com o departamento, 95% das áreas cultivadas com a oleaginosa são consideradas boas, contra 98% na semana anterior. As lavouras avaliadas como médias passaram de 2% para 3%, e agora 2% das áreas foram classificadas como ruins.
Neste período, o plantio evoluiu pouco, com trabalhos limitados pelas precipitações.
A semeadura de soja avançou sete pontos percentuais em uma semana, até segunda-feira, para 33% das áreas. No milho, o crescimento foi de apenas 3 pontos, para 78%, mostraram os dados.
Um ano antes, o plantio de soja estava em 38% e o de milho em 88%, de acordo com o Deral.
Levantamento do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR) mostra que no sudoeste do Estado a chuva alcançou a máxima de 275 milímetros. Em regiões mais a oeste, a precipitação ficou entre 150 e 175 milímetros, e nos arredores da cidade de Cascavel, 125 milímetros.
Analistas de mercado têm ressaltado que as condições climáticas paranaenses estão limitando o avanço da média nacional no plantio de soja e milho 2022/23. A expectativa é que o tempo se firme na próxima semana no Estado.
Em Santa Catarina, o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, disse em nota que desde o ano de 2014 não eram registrados tantos dias chuvosos como em setembro e outubro de 2022.
“Com isso, começamos a imaginar que teremos problemas futuros de quebra de safra, pois, afinal de contas, há mais de 30 ou 40 dias tem milho plantado e poucos dias foram de sol”, afirmou Barbieri.
Trigo
Nas regiões de trigo no Paraná, segundo Estado produtor do país atrás do Rio Grande do Sul, a situação causada pela chuva é ainda mais crítica.
A colheita evoluiu 4 pontos na última semana, para 54% das áreas, mas estaria pelo menos 10 pontos percentuais à frente, não fossem as chuvas excessivas, calcula o especialista do Deral para trigo, Carlos Hugo Godinho.
Na avaliação do departamento, as áreas consideradas boas caíram de 69% para 60%, as médias foram de 24% para 28% e 12% passaram a ser classificadas como ruins, contra 7% na semana passada.
A Faesc, por sua vez, alertou sobre a ocorrência de pragas e doenças nas lavouras de trigo de Santa Catarina em função da chuva, com destaque para a volta da doença fúngica chamada giberela que diminui a produtividade do cereal.
“E, infelizmente, a previsão do tempo indica mais chuva para essa semana. Com isso, vamos começar a fazer levantamentos, pois teremos problemas nesta safra, que teve um custo de plantio muito alto e que se não tiver uma boa performance, com certeza, os produtores terão muitos prejuízos”, acrescentou o representante da federação.