A Noruega é sede do Banco Mundial de Sementes, que agora passa a ter materiais de forrageiras do país destinadas à pecuária, armazenadas como cópias de segurança, mantidas a -18°C. As sementes saíram do Brasil em junho e foram depositadas no banco no mês passado, informou a Embrapa nesta semana. O banco oferece armazenamento seguro, gratuito e em longo prazo de amostras de sementes, funcionando como um cofre.
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O pesquisador explica que acessos são amostras coletadas em um determinado local e representam uma população específica, com características próprias. Os acessos são registrados com todas as informações de origem, inclusive o nome de quem os coletou.
O Paspalum, por exemplo, que é um dos materiais envidados, é um gênero de gramíneas originário das Américas, com mais de 200 espécies nativas do Brasil. A Embrapa Pecuária Sudeste desenvolve pesquisas com foco nesse gênero. Cavallari, na Embrapa desde 2011, é curador do banco ativo de Germoplasma de Paspalum. Ele é doutor em ciências biológicas, com parte de seu pós-doutorado realizado em Montpellier, França.
A unidade da Embrapa possui um programa de melhoramento genético visando a aumentar a diversidade de forrageiras disponíveis para a pecuária e, dessa forma, oferecer alternativas para situações em que as principais forrageiras do mercado não se adaptam ou, ainda, para o caso do aparecimento de doenças ou condições climáticas adversas no futuro.
Cofre de segurança da humanidade
Inaugurado em 2008, o Banco de Sementes é um imenso cofre no meio do gelo, em uma pequena ilha do arquipélago de Svalbard, situado no paralelo 780 N, próximo do Polo Norte. Em local frio e isolado, se houver uma guerra, um desastre climático ou uma praga nova, pode-se recorrer a ele para recuperar a cópia de segurança. “São recursos à disposição para uma situação futura da humanidade”, afirma Cavallari.
Conhecido como a “Arca de Noé”, a criação do banco foi uma extensão para o mundo do Nordic Gene Bank, que desde 1984 já armazenava em uma mina de carvão abandonada, localizada em Svalbard, o germoplasma de plantas nórdicas por meio de sementes congeladas.
O banco hoje armazena espécies de sementes das principais culturas de alimentos do planeta e funciona como uma salvaguarda da biodiversidade das espécies de vários cultivos, evitando assim a extinção.
O banco está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, especificamente a meta 2.5, que é ” garantir a conservação da diversidade genética de espécies nativas e domesticadas de plantas, animais e microrganismos importantes para a alimentação e agricultura, adotando estratégias de conservação ex situ, in situ e on farm, incluindo bancos de germoplasma, casas ou bancos comunitários de sementes e núcleos de criação e outras formas de conservação adequadamente geridos em nível local, regional e internacional”.