Entre janeiro e novembro de 2022, as exportações de carne bovina cresceram 22% em comparação com o mesmo período ano passado. Foram mais de dois milhões de toneladas comercializadas até novembro, um recorde histórico absoluto.
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O que explica então esse movimento tão descolado das fortes altas observadas no ano passado?
Já o varejo, por incrível que pareça, não conseguiu acompanhar a alta do boi ao longo dessa trajetória recente de alta. Enquanto o boi subiu 66% entre 2020 e 2021, o varejo repassou 54% dessa alta, de modo que a resistência em baixar os preços agora sugere a recomposição das margens com a venda de carne bovina.
Por fim, as exportações são importante parte da composição da demanda pela carne bovina, já que respondem por 30% da produção. Entretanto, o grande direcionador de preços continua sendo a oferta de animais para o abate, que é determinada pelo ciclo pecuário. Dessa forma, qualquer política que mire os preços e não incentive a produção será um grande erro econômico a ser pago pelo menor acesso da população ao produto; vide Argentina, que viu seu consumo per capta de carne cair ao menor nível dos últimos 100 anos, após política de limitação às exportações. Os preços são sempre o sintoma e não a doença.
Lygia Pimentel é médica veterinária, economista e consultora para o mercado de commodities. Atualmente é CEO da AgriFatto. Desde 2007 atua no setor do agronegócio ocupando cargos como analista de mercado na Scot Consultoria, gerente de operação de commodities na XP Investimentos e chefe de análise de mercado de gado de corte na INTL FCStone.