O mercado de insumos biológicos é crescente em todo o mundo, com um grande peso do Brasil pela dimensão da produção agrícola do país. Entre os vários tipos, de acordo com a Fortune Business Insights, o mercado global de biopesticidas foi estimado em US$ 6,51 bilhões (R$ 33,6 bilhões na cotação atual) em 2022, com estimativa de US$ 18,15 bilhões (R$ 93,7 bilhões) em 2029, um crescimento de 15,77% no período. Em biofertilizantes, a estimativa feita para 2022 foi de US$ 2,02 bilhões (R$ 10,4 bilhões), chegando a US$ 4,47 bilhões (R$ 23,1 bilhões) em 2029, um crescimento de 12,04%. E para os bioestimulantes (microrganismos, extratos, enzimas, etc) a estimativa era de US$ 3,14 bilhões (R$ 16,2 bilhões) em 2022, indo a US$ 6,69 bilhões (R$ 34,5 bilhões) em 2029, um crescimento de 11,43%.
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No ano passado, ao analisar o cenário de preços em alta para os fertilizantes afetados pela pandemia de Covid-19, Mohamed Eida, oficial de Nutrição Vegetal da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), reforçou que a entidade aposta nos bioinsumos como parte de uma solução para a crise global de alimentos, embora não no curto prazo.
“A médio e longo prazo, esta é uma oportunidade para começar a construir uma cadeia de valor de alternativas como biofertilizantes, que geralmente são mais gentis com o meio ambiente e adicionam uma opção extra de construção de resiliência que pode ajudar a sustentar a segurança alimentar.”
A FAO reconhece que os países já estão desenvolvendo estratégias, políticas e investimentos para acelerar as tecnologias, mas elas precisam acontecer muito mais rápido e em maior escala. Neste ano, um dos palcos de discussões de políticas, estratégias e tecnologias acontecerá nos dias 17 e 18 de agosto, em Istambul, Turquia, no ICBA 2023 (17ª Conferência Internacional de Biofertilizantes e Agricultura), que reúne cientistas, acadêmicos e pesquisadores.
Saiba mais sobre os bioinsumos abaixo:
Qual a definição para os bioinsumos?
Os bioinsumos, também conhecidos como insumos biológicos, são produzidos por meio de processos agroindustriais que utilizam material biológico para a criação dos produtos. Dentre os itens que podem ser utilizados na produção destes insumos estão:
- Enzimas
- Extratos (de microrganismos ou plantas)
- Macroorganismos de invertebrados
- Microorganismos
- Metabólitos secundários (compostos orgânicos produzidos no crescimento de plantas)
A depender do desenvolvimento dos produtos e do material utilizado, os bioinsumos podem ser utilizados para nutrir plantas, acelerar o crescimento, proteger de estresses e substituir antibióticos.
Principais tipos de bioinsumos
Os bioinsumos podem ser divididos em cinco grandes grupos. São eles:
Agentes biológicos de controle: organismos vivos utilizados para controlar pragas de maneira natural
Bioestimulantes: substâncias naturais que, quando aplicadas em sementes, solo ou plantas, podem impulsionar a germinação e o desempenho do crescimento das plantas
Condicionadores de ambientes: são produtos que melhoram a atividade microbiológica no solo e ambientes relacionados à produção de alimentos.
Inoculantes biológicos: são microrganismos utilizados para impulsionar a fixação biológica de nitrogênio e outros elementos que são positivos para o desenvolvimento das plantas.
O que diz, em detalhes, a regulamentação que segue no Senado
Os bioinsumos estão disponíveis no Brasil há alguns anos e sua indústria já movimenta a economia de maneira relevante. Segundo o levantamento mais recente feito pela Kinetec, empresa global de dados e insights sobre o uso de defensivos agrícolas, cerca de 130 empresas de bioinsumos no Brasil movimentaram aproximadamente R$ 1,7 bilhão na safra 2020/2021.
A regulamentação planeja estabelecer regras para a produção, registro, comercialização, uso e destinação final dos bioinsumos. O passo é considerado importante no setor para garantir a segurança da produção de insumos biológicos on farm, termo utilizado para designar propriedades que desenvolvem bioinsumos para uso próprio.
Recomendações para produção On Farm
Para evitar riscos, como a inserção de contaminantes que podem trazer riscos fitossanitários e à saúde humana, a Embrapa publicou em 2021 uma lista com três recomendações que devem ser seguidas por todos os produtores que trabalham com a produção de bioinsumos.
Conheça as regras propostas pela entidade logo abaixo:
2) “Necessidade de cadastro de estabelecimento produtor de bioinsumos junto ao Mapa. O Ministério e outros órgãos públicos devem conhecer a realidade da produção de insumos biológicos dentro das fazendas. Portanto, faz-se necessário um cadastro de operação dos estabelecimentos, de forma que seja possível a rastreabilidade de eventuais problemas sanitários, ambientais, entre outros. Isso trará confiabilidade ao setor, inclusive com a possibilidade de emissão de certificados de qualidade por parte de laboratórios credenciados.”
3) “Necessidade de um responsável técnico habilitado para a produção de bioinsumos nas fazendas. Entende-se que o profissional responsável deva ser capacitado para a função e que tenha registro em órgão de classe que o habilite para tal. Essa exigência já faz parte das normas do Mapa para um profissional atuar como responsável técnico da produção convencional de bioinsumos, mas esse princípio deve ser aplicado para todos os níveis de produção.
Pequenos produtores familiares podem enfrentar dificuldades para ter acesso aos serviços de um responsável técnico. Para esses casos, sugere-se que um profissional possa atender a várias propriedades, por meio de organização em cooperativas ou associações de produtores, ou, que profissionais da assistência técnica e extensão rural também possam ser qualificados para atuar nessa função.”