Drones são uma tecnologia cada vez mais familiar, encontrando uma ampla gama de usos. Está se tornando normal ter filmagens baseadas em drones de um evento como um casamento ao ar livre ou obter vídeos baseados em drones para a venda de uma casa ou outra propriedade. Do lado mais controverso, os drones estão desempenhando um papel cada vez maior nas guerras modernas ou nas ações antiterroristas.
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Para entender por que essa é uma nova e empolgante opção, é preciso entender quais são as necessidades de um agricultor moderno nos dias atuais. Esses empresários, geralmente, cuidam de milhares de hectares de terra em dezenas de lavouras espalhados por uma área ainda maior, porque grande parte são terras arrendadas (no caso dos EUA, enquanto no Brasil o uso mais intensivo está em grandes fazendas).
Para cada campo, uma longa lista de decisões deve ser tomada a cada temporada. Para genética – qual cultura e variedade/híbrido plantar e se deve trabalhar em rotação/duplo cultivo. Para nutrição de plantas – quais fertilizantes, em que taxas e horários e quais ferramentas de eficiência empregar. Para pragas – quais medidas preventivas empregar e quais produtos de proteção de cultivos usar quando e onde. E para melhorar a saúde do solo, use culturas de cobertura.
Todas essas decisões são influenciadas pela história anterior dessa área de lavoura e por seu perfil físico e químico (por exemplo, declive, tipo de solo, transporte de nutrientes, matéria orgânica…). E ainda mais, todos os melhores planos podem ser interrompidos pelo clima, assim que a safra estiver em andamento. Essas decisões podem ter consequências econômicas reais em termos de custo e seus efeitos na produtividade final e na qualidade da colheita, para venda a um preço futuro desconhecido da commodity. Honestamente, todos devemos agradecer por ainda haver cerca de 1% de nossa sociedade disposta a assumir esse papel complexo, mas indispensável na sociedade.
Frequentemente, esses especialistas trabalham para as cooperativas ou distribuidores agrícolas que também vendem aos agricultores suas sementes, fertilizantes, defensivos agrícolas e outros insumos. Existe um potencial conflito de interesse, em que as recomendações venham do comerciante dos produtos a serem usados, mas a confiança é construída com base em se aquela orientação acaba dando ao agricultor os resultados econômicos que ele precisa ao longo do tempo. Há também consultores independentes.
Agora, de volta aos drones. A empresa de serviços de drones Taranis foi criada em Israel em 2015 e está sediada nos EUA desde 2020, com um escritório regional no Brasil. Seu modelo de negócios é trabalhar com “consultores de confiança” para configurar o monitoramento baseado em drones dos campos de seus clientes a um custo de cerca de US$ 10 a US$ 18 por acre nos EUA (R$ 4 a R$ 8, convertido por hectare). Diferentes consultores elaboram uma variedade de compartilhamento de custos ou outros acordos para cobrir isso.
A maior parte dos parceiros da Taranis cobrem 25-40 mil hectares em fazendas – principalmente cultivando milho, soja ou algodão. Alguns também cobrem cultivos de batatas, beterrabas ou amendoins. Atualmente, o monitoramento da Taranis cobre 1,2 milhão de hectares de terras agrícolas. Há uma rede de centenas de operadores trabalhando com o crescente setor de gig-economy, de operadores independentes de drones com a certificação FAA (Federal Aviation Administration, nos EUA) para pilotagem comercial de drones. No Brasil, a Taranis usa alguns dados de satélite e imagens de aeronaves de asa fixa, mas os drones fazem a maior parte do trabalho globalmente.
Após a safra, o consultor e o agricultor podem sentar e revisar o que foi aprendido naquele ano e usar isso para ajudar a planejar o próximo plantio. É uma forma de documentar exemplos de bons conselhos e uma forma de aprender com os erros. A tecnologia da Taranis também é capaz de fornecer a seus clientes comparações de benchmarking com outras fazendas da região usando resumos de dados anônimos. Cada temporada de dados constrói a base de conhecimento para permitir um uso ainda mais sofisticado da tecnologia no futuro.
Não é à toa que essa tecnologia atrai funcionários jovens e altamente qualificados para as empresas participantes. E isso também melhora a relação de confiança com os agricultores progressistas. É de se esperar que, cada vez mais, essa tecnologia possa ser estendida a outras culturas e regiões do mundo e ajude os agricultores a se adaptarem aos desafios que enfrentarão cada vez mais, trazidos pelas mudanças climáticas.
* Steven Savage é colaborador da Forbes EUA, biólogo pela Universidade de Stanford e doutor em patologia vegetal pela Universidade da Califórnia, Davis. Está envolvido com tecnologias agrícolas há cerca de 40 anos. Desde 1996 é consultor. (traduzido por V.Ondei)