Em anúncio antecipado à Reuters, a trading e processadora de grãos e oleaginosas frisou que a fintech focará critérios socioambientais como ponto central das avaliações de risco, dando mais segurança às revendas de insumos agrícolas parceiras da Bunge para realizar vendas de seus produtos a prazo.
A Bunge não financia produtores, mas participa das chamadas operações de “barter”, pelas quais os produtores vendem uma parte de suas safras antecipadamente em troca de insumos agrícolas obtidos nas revendas, uma forma de os agricultores levantarem recursos para suas operações.
- Por que ricos empresários doam fortunas às universidades agrícolas nos EUA
- Como fica o agro brasileiro diante da nova lei antidesmatamento da Europa
- Safras eleva previsão de colheita de milho do Brasil a 137 milhões de toneladas
“Vislumbramos, em toda a cadeia de valor, uma forte demanda por um produto financeiro que conciliasse risco controlado com o componente ESG comprovável e verificável. Com a Fincrop, reafirmamos nosso compromisso de oferecer soluções inovadoras e eficientes para o agronegócio brasileiro…”, disse a diretora de Finanças da Bunge para o Brasil, Florence Shoshany.
“Damos mais um passo estratégico para aumentar o volume de originação em conformidade com nossos compromissos de sustentabilidade”, acrescentou a executiva.
O lançamento da plataforma acontece em momento em que empresas do agronegócio buscam estreitar suas relações com clientes, fornecedores e prestadores de serviços por meio de plataformas digitais. A Syngenta anunciou em abril o lançamento da Syde, conta digital em formato de aplicativo e internet banking, enquanto tradings como Louis Dreyfus, Amaggi, ADM e Cargill passaram a operar neste ano a Strada, logFintech de frete rodoviário.
A fintech, disse a Bunge, consolida a companhia como elo entre o agronegócio brasileiro e o mercado de crédito, uma vez que a empresa se relaciona com cerca de 12 mil produtores no Brasil e acumula mais de 20 anos de experiência em operações de “barter”.
Os serviços serão oferecidos independentemente de as operações relacionadas a eles estarem atreladas à originação de produtos para a Bunge, uma das maiores compradores de soja, milho e trigo do país.
Segundo a companhia, a Fincrop fará avaliação de crédito com apoio de algoritmos de inteligência artificial que utilizam “machine learning” para coleta de informação de múltiplas fontes, públicas e privadas, incluindo dados de inteligência de mercado da Bunge.
A fintech ainda fará formalização automatizada e digital de todas as etapas do processo, incluindo contratos, CPRs (cédulas de produtos rurais) e documentos relacionados.
“O projeto é uma das múltiplas iniciativas do processo de transformação digital pelo qual nossa companhia vem passando nos últimos anos visando a modernização de processos inerentes ao setor e o avanço da agricultura sustentável para o futuro”, comentou Braian Souto, gerente sênior de Global Digital Office da Bunge.
Segundo a companhia, a Fincrop estará amparada na experiência que a Bunge adquiriu ao longo dos anos na estruturação de seu sistema de avaliação socioambiental de fornecedores, que inclui, entre outros critérios, monitoramento de satélite em escala de fazenda.
Tais ações fazem parte do compromisso global da companhia de atingir cadeias livres de desmatamento em 2025.
A Bunge afirma que sempre incluiu suas avaliações socioambientais nas análises de risco e, a partir do lançamento da Fincrop, “poderá fazer isso de forma digital e muito mais ágil”.
A fintech também tem papel importante no Programa de Agricultura Regenerativa, recentemente anunciado pela Bunge. Caso o produtor opte por executar o plano de ação recomendado, a plataforma poderá viabilizar sua conexão com ofertas diferenciadas do mercado de crédito para apoiá-los.