Por “em casa” entende-se a fazenda de 300 hectares em Mafra, município catarinense na divisa com o Paraná, onde ele cultiva soja. “Mas a vida continua, tem de continuar“, afirma Dal Molin, que diz ainda estar no caminho das descobertas dessa realidade. Dal Molin, que é filho de agricultor, pai de três crianças, declara que não saberia fazer outra coisa na vida que não fosse cuidar da terra.
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Irrequieto, na sua jornada de retorno a uma vida normal na fazenda – e antes de conhecer o trator adaptado –, Dal Molin já havia convocado um amigo que é dono de uma oficina de torno mecânico em sua cidade para adaptar às suas necessidades o antigo trator, uma aventura que, segundo ele, está longe da tecnologia concebido pela New Holland.
“Vemos o tema inclusão e acessibilidade como urbano, mas é preciso enfrentar o desafio também no meio rural”, diz Eduardo Kerbauy, VP da New Holland para a América Latina. “É preciso cobrir uma lacuna hoje sem assistência e foi esse nosso objetivo”. No Brasil há cerca de 2,9 milhões de pessoas que possuem alguma deficiência e que residem no campo. No total, há no país 17,3 milhões de pessoas com dois anos ou mais de idade com algum tipo de deficiência (8,4% da população), sendo que 7,8 milhões possuem deficiência física nos membros inferiores, de acordo com a PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) de 2019, realizada pelo Ministério da Saúde em conjunto com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Chamado de TL5 Acessível, o trator destinado a pessoas com deficiência motora nos membros inferiores e que agora entra na linha comercial da New Holland, começou a ser pensado em 2018, quando a marca lançou uma retroescavadeira acessível. Em 2019, o trator foi apresentado como um conceito em duas feiras agropecuárias, e desde então ele era aguardado. O veículo foi desenvolvido em parceria com a empresa de mobilidade inclusiva Elevittá, a Arteprima e o Senai de São Leopoldo (RS), testado e validado entre 2021 e 2023. A New Holland possui cerca de 14 mil patentes no mundo, das quais 1.400 foram criações de sua equipe brasileira.
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Isso porque a marca pretende seguir com investimentos em inovação, o que inclui mais máquinas e equipamentos acessíveis, por exemplo de maior potência. A CNH Industrial faturou no ano passado, em todo o mundo US$ 23,6 bilhões (R$ 117,6 bilhões na cotação atual), dos quais US$ 1,4 bilhão (R$ 7 bilhões) foi em inovação e pesquisa. “Para 2023, a estimativa é US$ 1,6 bilhão (R$ 8 bilhões)”, afirma. No projeto do trator acessível, a marca colocou cerca de R$ 5 milhões. E segundo o executivo, sua venda está aberta ao mundo. “Fizemos o trator para o mercado brasileiro, para as nossas necessidades, mas claro que ele é um produto para todos.”