Já considerando a sazonalidade, a redução dos investimentos nas operações de confinamento para o segundo semestre, a projeção conservadora é de um aumento de quase 7% para a produção de carne bovina brasileira em 2023. Confirmando os números, isso levaria a uma oferta de 9,6 milhões de toneladas a serem absorvidas tanto domesticamente quanto pelos nossos clientes internacionais.
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Assim, um rápido olhar para o número de cestas básicas adquiridas com o salário mínimo, mostra níveis de poder de compra tão baixos quanto em 2005 para a população mais dependente desse salário. Além disso, o arrocho de emprego de renda vivido durante o período de pandemia, elevou sobremaneira o nível de endividamento do brasileiro, que agora se vê às voltas com uma fatia maior do orçamento comprometida com as dívidas, em patamar recorde.
Oferta maior e demanda interna sensível tem feito com que o aumento da disponibilidade doméstica de carne bovina seja acompanhado por quedas de preço no varejo. Ou seja, o consumo de carne bovina está aumentando em reflexo da maior disponibilidade do produto, mas apenas dentro de uma acomodação do preço em níveis mais baixos
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O efeito, portanto, é o de pressão forte sobre a arroba do boi gordo com oferta folgada aos frigoríficos, e isso faz com que o mico fique na mão do pecuarista neste momento. Ou seja, há uma transferência de margem dentro da dinâmica da cadeia em relação ao cenário da temporada de 202o e 2021.
* Lygia Pimentel é médica veterinária, economista e consultora para o mercado de commodities. Atualmente é CEO da AgriFatto. Desde 2007 atua no setor do agronegócio ocupando cargos como analista de mercado na Scot Consultoria, gerente de operação de commodities na XP Investimentos e chefe de análise de mercado de gado de corte na INTL FCStone.
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