“Nós já nascemos com a ideia de vir para o Brasil. Começamos testando na Argentina, porque lá o silo bolsa tem maior adoção e a gente já conhecia [o mercado], mas fizemos esse movimento para vir rápido para o Brasil”, diz José Dominguez, cofundador e diretor da SiloReal, hoje abrigada no hub Cubo, do Itaú, na capital paulista. De acordo com o executivo, a startup pretende alcançar uma fatia de 25% deste segmento no país. A estimativa de Dominguez é que hoje haja 150 mil silos no campo, com potencial de crescimento de até 40% ao ano. Na Argentina, são 450 mil unidades no campo.
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Para ganhar mercado, o silo bolsa foi equipado com uma série de tecnologias embarcadas e hoje já não se resume a um tipo de “sacola” de guardar grãos. A startup turbinou o silo bag com IA (inteligência artificial) para monitorar o grão em tempo real. Atualmente, um dos entraves do uso do silo bag é o produtor não saber exatamente quanto tempo o grão pode ficar guardado sem nenhum risco, ou seja, de o grão ficar embalado além do tempo e perder qualidade. Mas, com sensores instalados, é possível controlar a temperatura, umidade e CO2.
“Por exemplo, é super importante saber se está iniciando algum tipo de atividade biológica no silo. Com esses dispositivos, o produtor coleta amostras, hora a hora, e através de dispositivos IoT (internet das coisas) ele tem os dados sobre qualidade do grão”, diz Dominguez. “O produtor pode tirar muito cedo ou muito tarde o grão do silo, perdendo qualidade. Agora, com as novas tecnologias, conseguimos dar certeza em relação a qualquer mudança de temperatura ou umidade. A gente não toma as decisões para o produtor, mas damos a informação para que ele tome uma decisão certa.”
Segundo o dado mais recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) , no segundo semestre do ano passado, a capacidade de armazenamento do país era de exatos 192 milhões de toneladas, entre silos, armazéns convencionais e armazéns graneleiros. A estimativa é que apenas 15% dessas estruturas estejam dentro das fazendas.
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Silo bolsa rastreável e com RG
“A gente começou resolvendo o problema do produtor, mas depois pensamos que ele poderia usar esses dados para contratar um seguro ou crédito rural, através do silo bolsa. O produtor pode dizer ao banco ‘quero tomar um crédito, quero transformar isso em uma CPR (cédula de produto rural)’”, diz Dominguez.
Rodada de startup
Não por acaso, na semana passada ele era um dos donos de startups aguardados para um evento ocorrido em São Paulo e promovido pela AgroVen, grupo de empresas e empresários no qual 85% estão ligados ao agronegócio, e que tem o propósito de acelerar a transformação “biodigital” no setor por meio da inovação.
Na ocasião, a startup argentina passou no teste de apresentação e avançou para a quarta fase, que é uma etapa de avaliação e construção da tese de investimento, com previsão de concretizar-se em dois ou três meses. “É aí que a brincadeira começa. Depois que a gente investiu, temos que acompanhar uma startup para ver como ela está performando, se está indo bem em relação ao plano de negócio que desenhamos durante uma fase de avaliação”, diz Silvio Passos, presidente do conselho do clube.