Todos os anos, uma equipe de mais de 50 membros do Whole Foods Market, incluindo distribuidores de alimentos, compradores e especialistas em culinária, compilam previsões de tendências com base na experiência e conhecimento na aquisição de produtos e no estudo das preferências dos consumidores.
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Strange diz que o que algumas pessoas não sabem é que, sim, o Conselho de Tendências é composto por compradores de diferentes categorias, mas também inclui coletores locais, uma equipe de padrões de qualidade, uma equipe de inovação culinária da Whole Foods e de uma marca própria, além da equipe de desenvolvimento de produto.
“É realmente um nível de especialização do qual nem todo varejista pode se orgulhar”, diz Strange. “Como nossas equipes internacionais olham para a indústria alimentícia como um todo quando buscamos tendências, e não apenas os produtos encontrados em nossas prateleiras, nossa lista de inclusão é uma forma de abrirmos a cortina para os clientes e compartilharmos insights sobre o que nossos compradores e especialistas culinários estarão atentos no próximo ano.” E acrescenta: “Desde ingredientes de produtos específicos e tendências de sabores até movimentos crescentes na indústria alimentícia, mal podemos esperar para ver essas tendências ganharem impulso no próximo ano”, diz Strange.
Como a Whole Foods é uma mercearia premium e atrai um grupo demográfico rico, é preciso observar essas tendências com cautela, pois não representarão tendências de mercado de supermercados maiores e mais populares. Mas, dito isto, muitas tendências de alimentos e bebidas não se limitam apenas à premiumização, e mesmo lojas de descontos nos EUA, como Lidl e Aldi, estão aumentando suas ofertas de produtos orgânicos e ecológicos e de alternativas de produtos que se apresentam como mais saudáveis.
1 – Colocar a planta de volta à base do plant based
Com o surgimento das dietas flexitarianas e veganas, muitas alternativas sem carne inundaram o mercado, com o Impossible Foods e o Beyond Meat liderando o movimento. No entanto, parece que os consumidores não estão necessariamente interessados em alternativas animais feitas a partir de uma longa lista de produtos que não compreendem, e preferem comer hambúrgueres vegetarianos e outros produtos feitos de vegetais e ingredientes que possam compreender. A Whole Foods assistindo um aumento de produtos veganos minimalistas com listas de ingredientes mais curtas, como hambúrgueres vegetarianos e outras alternativas à base de “carne” feitas de cogumelos, nozes, tempeh e legumes, em vez de proteínas e produtos químicos cultivados em laboratório.
2 – Utilizando todo o cacau
A utilização de subprodutos, como polpa de cacau, tem sido praticada em outros países há séculos fora dos EUA. Agora, marcas como a Blue Stripes estão destacando todo o cacau, como cacau em pó, por exemplo. Na Universidade Earth, na Costa Rica, onde estudantes pesquisadores estão abordando algumas das maiores questões ambientais sistêmicas, a polpa de cacau normalmente descartada está sendo transformada em geleias e compotas.
3 – Trigo sarraceno ocupa o centro das atenções
O trigo sarraceno ocupa o centro das atenções, ganhando popularidade como uma cultura de cobertura para apoiar a saúde do solo. O trigo sarraceno é um superalimento que contém proteínas, carboidratos e fibras, e é naturalmente isento de glúten. É possível que as pessoas identifiquem esse grão na forma de macarrão soba. Mas, com mais marcas em uma missão para melhorar a agricultura, o trigo sarraceno pode começar a aparecer em tudo, desde alternativas ao leite vegetal até biscoitos e granola.
4 – Peixe falso e chique
Os exemplos incluem cenouras no lugar de salmão defumado, cogumelos trompete para vieiras e a raiz vegetal konjac ganhando destaque em rolos de sushi e poke bowls.
5 – Abraçando a gestão da água
Os produtos com alegações relacionadas a ESG representaram 56% de todo o crescimento das vendas no varejo de produtos alimentares e já representam quase a metade delas, segundo um estudo da McKinsey e NielsenIQ. Os consumidores – mesmo os compradores sensíveis aos preços – procuram produtos fabricados de uma forma mais ambientalmente consciente, o que levou muitas marcas a reverem as suas cadeias de valor.
As marcas expostas nos corredores estão promovendo a conservação da água e os consumidores estão ouvindo. Novas marcas utilizam subprodutos de frutas para vender como água, que de outra forma seriam descartados. Com a tendência crescente da agricultura regenerativa, uma Certificação Orgânica Regenerativa também exige iniciativas de saúde do solo que, em última análise, conservem a água. Além disso, as organizações não governamentais estão demonstrando apoio às ostras cultivadas, aproveitando a aquicultura para filtrar a água e ajudar a restaurar os ecossistemas costeiros.
6 – Adicionando um calor complexo
O calor complexo continua a sua evolução, com pimentas de todo o mundo decolando em todos os corredores – desde petiscos condimentados com pimenta a bebidas picantes e condimentos internacionais. Variedades especiais como Pimenta Escorpião, Guajillo ou Espinheiro Húngaro são encontradas frescas, inteiras, moídas ou em conserva, e uma nova onda de molhos botânicos e óleos de pimenta está surgindo nos corredores de condimentos em todo o país.
7 – Novas opções de macarrão instantâneo
8 – Pequenos luxos e indulgências
As marcas parecem aderir à tendência TikTok de “Little Treat Culture”, onde os criadores de conteúdo compartilham a alegria emocional. Pense em sobremesas pequenas, como macaroons e cheesecakes para uma única mordida, em café com leite gourmet adicionado de manteiga marrom e opções elegantes e sustentáveis de frutos do mar enlatados como um lanche leve e sofisticado.
O autocuidado tem aumentado e se manifestado em todas as categorias, dando às marcas bastante espaço para capitalizar essa tendência. Seguem, por exemplo, o que já fazem lojas como The Kitchn, que regularmente distribuem listas de “Pequenos Luxos” encontrados por US$ 10 (R$ 50) ou menos.
9 – Promoção da saúde da mulher
Mais marcas estão fabricando produtos para apoiar a menstruação, a gravidez, o pós-parto, a menopausa e até mesmo o sono, que abordam fases da vida e sintomas anteriormente varridos para debaixo do tapete.
10 – Obtendo mais e melhor energia
Combinar o aumento de cafeína com benefícios nunca foi tão fácil. Os adaptógenos e probióticos têm aumentado nos últimos anos, embora permaneçam bastante específicos, atraindo principalmente os entusiastas da saúde e do bem-estar. Para se adaptar a um público mais geral, as marcas espaço estão inovando ao incorporar esses ingredientes em bebidas populares, incluindo o café. Principalmente, os consumidores podem agora encontrar café e bebidas energéticas com adição de cogumelos ou probióticos, dando-lhes o impulso energético de que necessitam com os benefícios extras para a saúde, permitindo ofertas elevadas de cafeína, a chamada “cafeína limpa”.
* Claudia Alarcón e Clara Ludmir são colaboradoras da Forbes EUA. Claudia escreve sobre alimentos, restaurantes, bebidas e viagens com foco na sustentabilidade. Clara é consultora e fica baseada entre Paris e Genebra. Escreve sobre consumo e dinâmica de compradores nos canais de mercado. (tradução e edição: ForbesAgro)