Mercado de cacau entra em pânico com preços em recorde pelo nono dia consecutivo

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9 de fevereiro de 2024
REUTERS/Luc Gnago

“O pânico já está muito presente no mercado, mas, potencialmente, podemos subir ainda mais”, disse analista do Rabobank

Os preços mundiais do cacau atingiram novos recordes pelo nono dia consecutivo nesta sexta-feira, deixando os participantes do mercado em pânico, pois a escassez de oferta está se tornando sistêmica e vai se estender pela quarta temporada consecutiva, se não for além.

O aumento do preço também deve afetar ainda mais os bolsos dos consumidores de chocolate, uma vez que os fabricantes de chocolate já esgotaram seus estoques da matéria-prima comprada a menor custo antes, segundo especialistas do setor.

A Hershey, grande fabricante de chocolates, disse na quinta-feira que espera que os preços históricos do cacau limitem o crescimento de seus lucros este ano, em meio a uma desaceleração ainda maior da demanda por seus produtos mais caros.

“O pânico já está muito presente no mercado, mas, potencialmente, podemos subir ainda mais”, disse o analista do Rabobank Paul Joules.

“Para mim, o risco real é a próxima temporada. Quando tivermos safras no segundo trimestre, se a contagem for baixa, as pessoas vão questionar se isso é sistêmico”, acrescentou.

Joules explicou que as doenças que atualmente afetam os cacaueiros na principal região produtora da África Ocidental são muito piores do que nos últimos anos, e que não há outro tratamento além de cortar as árvores e replantá-las.

Os futuros do cacau da ICE London atingiram um recorde de 4.916 libras por tonelada métrica mais cedo na sexta-feira. Os preços mais do que dobraram desde o início do ano passado.

Em Nova York, os futuros de cacau da ICE atingiram um novo recorde de 6.030 dólares por tonelada na sexta-feira, tendo quase dobrado desde o início do ano passado.

Uma pesquisa da Reuters sobre cacau na semana passada previu um déficit global de 375.000 toneladas na temporada 2023/24, mais do que o dobro do indicado na pesquisa anterior, em agosto, e marcando o terceiro déficit consecutivo do mercado.

Os negociantes disseram que, apesar dos altos preços recordes, os vendedores de cacau físico se retiraram em grande parte do mercado, deixando-o com um problema contínuo de liquidez.