Como o biometano pode entrar na conta da descarbonização

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15 de março de 2024
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Pesquisadores querem tornar melhor a calculadora do biometano no RenovaBio

Pesquisadores da Empresas Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), por meio do instituto i17 e a Abiogás (Associação Brasileira do Biogás) estão juntos na missão de melhorar a RenovaCalc, que é uma ferramenta, um tipo de calculadora que vai reunindo as melhores práticas, por exemplo das usinas de cana-de-açúcar, para que elas consigam adquirir os chamados CBIOs (Créditos de Descarbonização). Cada CBIO equivale a uma tonelada de carbono evitada na atmosfera. O crédito foi criado em 2018 e faz parte do RenovaBio, de 2916, uma política de estado que reconhece o papel estratégico de todos os biocombustíveis (etanol, biodiesel, biometano, bioquerosene, segunda geração, entre outros).

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De acordo com os pesquisadores, a primeira versão da RenovaCalc ofereceu uma solução simples e suficiente para o início da sua operacionalização, “mas reconhecidamente com simplificações que mereceriam novos desenvolvimentos”, explica Marília Folegatti, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, unidade localizada em Jaguariúna (SP), e coordenadora do projeto. No caso do biometano, a Embrapa realizou no início março o primeiro encontro nesse sentido, dentro do projeto “Aprimoramento da contabilidade de carbono na RenovaBio”, que é financiado pela Finep, com apoio do Ministério de Minas e Energia.

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Tais simplificações decorreram, principalmente, da escassez de informações técnico-científicas, como no caso da rota do biometano. “O crescimento da participação do biometano na Renovabio, nos últimos anos, é visto com muita satisfação pela ANP”, afirma Maria Auxiliadora Nobre, coordenadora de gestão da RenovaBio na ANP, e justifica o investimento de tempo e recurso para o aprimoramento dessa rota. A ANP enxerga uma tendência de aumento dessa participação no curto prazo, frente aos novos empreendimentos que estão sendo construídos. As melhorias propostas estão sendo analisadas e poderão integrar a versão de uso da RenovaCalc após avaliações mais detalhadas de seus impactos e do alinhamento com outras iniciativas internacionais”, destaca Nobre.

A atualização dos processos e tecnologias envolvidas na produção de biometano está sendo conduzida pela equipe do instituto i17, que iniciou neste mês de março uma série de entrevistas e visitas técnicas às plantas de produção de biometano que se prontificarem a contribuir com essa ação da RenovaBio. No estudo, serão levantadas informações referentes à existência de pré-tratamento de substrato, de lagoas de armazenamento, medições de emissões fugitivas em biodigestores, destinação final anterior do efluente/resíduo e tempo de armazenamento, destino do digestato – material remanescente após a digestão anaeróbica de uma matéria-prima biodegradável, tipologia de flare – eliminação segura e eficaz dos gases não aproveitados ou sua recuperação, volumes de biogás e de biometano, entre muitos outras.

Para a analista Anna Pighinelli, da Embrapa Meio Ambiente, uma outra melhoria que pode ser incrementada à RenovaCalc é a inclusão de uma rota de biometano envolvendo biomassa dedicada, cultura desenvolvida com o objetivo específico de aumentar a disponibilidade de matéria-prima em escala, que também está em estudo e pode incentivar ainda mais o biometano como biocombustível. “Esta foi a primeira de uma série de ações que serão realizadas para que, ao final do projeto, possamos subsidiar o aprimoramento da Renovabio a partir de uma base científica sólida, com inserções factíveis e reconhecidas”, diz Pighinelli. Dez pesquisadores estão envolvidos no processo.