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“Essa iniciativa começou com um grande olhar para o futuro. Como a gente entende as novas gerações e como será a nova agricultura”, dizia Fábio Passos, head da Carbon Venture na Bayer Cropscience, em meados de novembro passado, para uma plateia repleta de jovens ligados a startups e a empresas de inovação aberta presentes em um evento no Learning Village, na capital paulista, hub de inovação e tecnologia criado pela HSM, especializada em educação executiva, que, por sua vez, fundou a SingularityU Brazil, a sua universidade.
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O executivo se referia ao Pro Carbono, programa criado há cerca de três anos pela multinacional alemã de químicos e biotecnológicos Bayer e que começa a entrar em uma fase decisiva devido aos dados que estão ganhando escala graças ao trabalho de pesquisadores. “Acreditamos que, em cerca de três anos, o programa estará suficientemente maduro para respostas ainda mais precisas”, afirma Passos. “E também muito estruturado como um meio que vai além do mercado de carbono.”
Atualmente, a iniciativa conta com 10 parceiros de pesquisa, entre eles a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e universidades como Esalq/USP, Unesp e UFMG. Também integram 70 parceiros de extensão técnica, como cooperativas do porte de Coamo, LAR, Copacol, Coopercitrus, C.Vale, que estão entre as maiores do país, além de startups e instituições e empresas como Itaú BBA, Mosaic, Barenbrug e Raix.
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Esse batalhão integrado ao Pro Carbono busca meios de tirar valor de cultivos anuais, como pode ocorrer com a soja, o milho e demais grãos. Ou seja, procura estudar quais metodologias se adequam e como essas áreas vão estocar carbono mensurável, prestar serviços ambientais e remunerar o produtor. Atualmente, há cerca de 2 mil propriedades rurais brasileiras no programa, que começou em 2021.
Em 2020, foi o lançamento global do projeto, que conta com outros nove países também investigando suas possibilidades para cultivos anuais, entre eles EUA e Argentina. Mas o Brasil tem sua importância estratégica, porque hoje 92% dos negócios da Bayer estão ancorados no agronegócio. Não à toa, todos os anos, são destinados 2,8 bilhões de euros à área de pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Passos diz que 2023 termina com duas etapas cumpridas e que indicam a orientação correta do que vem sendo feito. “A gente construiu o maior ecossistema que claramente trabalha para colocar a conta no azul e que pode interessar ao mercado de carbono, também.” A primeira tarefa cumprida ocorreu em maio, com a chamada Pro Carbono Commodities, quando foi entregue à trading norte-americana ADM a primeira carga de soja brasileira com pegada de carbono mensurada. A soja saiu das lavouras da Bom Futuro Agrícola, com sede em Cuiabá (MT), um dos maiores grupos agrícolas do país. Atualmente, em 10 propriedades rurais, a proposta vem monitorando 159 mil hectares, dos quais 90 mil são de vegetação natural em áreas do Cerrado e da Amazônia Legal.
A segunda tarefa, anunciada em outubro, foi a evolução da calculadora Footprint Pro Carbono, que havia sido apresentada também em maio, mas apenas para a soja. A chamada versão 2.0 foi estendida para o cultivo de milho, ambas utilizando a metodologia global ACV (Avaliação de Ciclo de Vida). “Mas vamos em frente nessa tarefa, que é aumentar e consolidar os parâmetros de medição do carbono no solo”, afirma Passos. “Até agora, trabalhamos medindo e quantificando o carbono estocado nos últimos cinco anos em determinada área.”
Os pesquisadores do programa preparam o chamado Modelo Preditivo Pro Carbono, o qual, com base nos dados já coletados, dará subsídios para simular o que determinada área poderá estocar de carbono, por exemplo, nos próximos 5 ou 10 anos. “Olhando para o agricultor, a gente reconhece o grande trabalho que já foi feito e o impacto dessa reputação e dessa transparência do setor. Mas, para o acesso a novos mercados europeus e asiáticos, cada vez mais daqui para a frente, a demanda de produtos com pegada de carbono vem misturada a incentivos que vão passar por crédito e financiamento. Então, como eu faço, importa também.”
*Reportagem publicada na edição 114 da Revista Forbes (acessada por aplicativo e impressa)