
As recuperações judiciais no agronegócio brasileiro bateram recorde em 2024, com crescimento de 138% na comparação com o ano anterior, totalizando 1.272 solicitações, de acordo com dados da Serasa Experian divulgados nesta terça-feira (1).
O impulso nos pedidos veio principalmente de produtores rurais pessoa física, com alta próxima de 350% na comparação anual, para 566 solicitações.
De acordo com o head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, diversos fatores impactaram a saúde financeira dos produtores e proprietários rurais, principalmente aqueles que estavam mais alavancados.
“A alta da taxa de juros, aliada ao aumento dos custos de produção com insumos agrícolas — que ficaram mais caros devido à inflação e à desvalorização cambial –, foram alguns dos desafios principais e, para além disso, tivemos o agravante das adversidades climáticas”, afirmou Pimenta.
O ano de 2024 foi marcado por um histórica quebra da safra de grãos, que afetou inclusive produtores de Mato Grosso, após uma colheita recorde de soja e milho em 2023.
Por outro lado, instituições como o Banco do Brasil chamaram a atenção em 2024 para a chamada “advocacia predatória”, com produtores sendo levados a pedir RJ antes de avançar em renegociações com os bancos credores.
Apesar do forte aumento, o executivo da Serasa lembrou em nota que o número absoluto de solicitações é pequeno se considerado um universo com cerca de 1,4 milhão de produtores que tomaram crédito rural durante os últimos dois anos no país.
No recorte da pessoa física, o levantamento mostra ainda que 224 pedidos de RJ foram feitos por aqueles que não possuem propriedades no campo, ou seja, possíveis arrendatários de terras ou grupos econômicos ou familiares relacionados ao setor.
Os grandes proprietários foram responsáveis por 132 solicitações, os pequenos por 113 e os médios, 97, de acordo com o estudo.
Já os produtores rurais brasileiros que atuam com perfil de pessoa jurídica acumularam, em 2024, 409 pedidos de recuperação judicial, alta de 152,5%.
No caso dos produtores PJ, aqueles ligados ao cultivo de soja, principal produto do agronegócio, concentraram o maior número de recuperações judiciais (222), seguido pela pecuária bovina (75), cereais (49) e café (16).
A Serasa Experian revelou também que as empresa que atuam de forma relacionada ao setor do agronegócio realizaram 297 pedidos de recuperação judicial no ano passado, alta de 21,22%.