O ano de 2021 é o prazo fixado pela Renner para atingir uma série de compromissos de sustentabilidade assumidos publicamente em 2018. A agenda inclui chegar a 80% de produtos de vestuário feitos com matérias-primas e processos menos impactantes – com todo o algodão certificado –, suprir 75% do consumo corporativo de energia com fontes renováveis de baixo impacto, ter 100% da cadeia nacional e internacional de revenda com certificação socioambiental e reduzir as emissões de CO2 em 20% em relação a 2017 – desde então, elas já são neutralizadas em programas de compensação. Segundo o diretor-presidente Fabio Faccio, apesar do impacto da pandemia no varejo, em 2020 a empresa acelerou o avanço em direção a esses objetivos, além de lançar iniciativas para apoiar a comunidade na crise sanitária. “Vamos atingir ou superar essas metas em 2021, o que vai nos capacitar a lançar novas metas para os próximos anos.”
Alguns números já mostram essa aceleração de práticas ESG. “Chegamos a um total de 130 milhões de peças com alguma matéria-prima menos impactante, 75 milhões delas em 2020”, diz Eduardo Ferlauto, gerente geral de sustentabilidade. Nesse mesmo ano, o consumo corporativo de energia baseada em fontes renováveis de baixo impacto atingiu 65% do total. E as emissões de CO2 caíram 36,75%, ultrapassando a meta – puxadas em parte pela mudança no padrão energético e por reestruturações na cadeia e em parte pela redução das operações. Foram investidos diretamente R$ 5,1 milhões em ações de apoio a pessoas em situação de vulnerabilidade e a profissionais e instituições de saúde na linha de frente do combate à Covid-19. Houve ainda articulações de suporte à cadeia de fornecedores, com doação de R$ 1,5 milhão a pequenas empresas em situação crítica e intermediação de R$ 87 milhões em empréstimos junto ao BNDES.
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Todas as iniciativas ESG são baseadas em quatro pilares: gestão ecoeficiente; produtos e serviços sustentáveis; fornecedores responsáveis; engajamento de colaboradores, comunidades e clientes. Segundo Faccio, há uma consciência e também uma pressão maior dos stakeholders em relação ao tema – e isso é bom. “Os investidores vêm entendendo não só a importância disso para eles como sociedade, mas como investidores, mesmo”, diz. “O pilar financeiro é sustentável se as práticas da empresa são sustentáveis.”
Isso significa, por vezes, abrir mão de resultados imediatos. Como no caso Re Jeans — feito a partir de sobras têxteis, que iriam para aterros sanitários e que agora são desfibradas e voltam para o ciclo de produção. A ideia é aumentar a eficiência, mas primeiro foi necessário investir em pesquisa, equipamentos, formação de fornecedores. “Talvez a decisão mais difícil de uma empresa seja essa”, diz Faccio. “Acreditar no que está fazendo e saber que pode haver perda pontual no curto prazo para fazer investimentos necessários e que tragam ganhos financeiros no médio e longo prazo.”
Para o executivo, o mercado reconhece a atuação da companhia. “Tanto que estamos presentes nos principais índices do mercado, e alguns dos nossos maiores investidores são os que mais valorizam as práticas ESG.” A Renner está em primeiro lugar no índice ESG lançado pela B3 e S&P Dow Jones em 2020. Também figura por sete anos consecutivos no ISE B3 e está pelo sexto ano no Dow Jones Sustainability (DJSI) – neste caso, é uma das seis empresas do mundo do varejo de moda. “Vemos que muitas empresas de moda estão indo nesse sentido. O nível de consciência dos consumidores e dos investidores aumentou, e o dos empresários também.”
Reportagem publicada na edição 87, lançada em maio de 2021.
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